Você mesmo leu a nota do governo do Estado para explicar a aquisição de kits escolares, objeto de postagens diárias neste blog desde a última segunda-feira.
Você mesmo tem acompanhado aqui as manifestações de estranheza – para alguns até mesmo de estupefação – não apenas do poster, mas de leitores, vários deles reconhecidamente petistas, mas lúcidos e não imunes, portanto, à vergonha e à repulsa que a falta de transparência sempre causa.
Você mesmo, por tudo isso, haverá de convir: depois dessa nota que está na postagem acima, o governo de Sua Excelência a governadora Ana Júlia Carepa mais uma vez faz História.
Ana Júlia entronizou-se honrosamente na História do Pará ao tornar-se a primeira mulher a chegar ao governo do Estado.
E o governo Ana Júlia, com essa nota, inscreve-se definitivamente na História do Pará como um primor de irretocável transparência.
A transparência que o governo Ana Júlia escandalosamente demonstra com essa nota está em que nunca antes, na História deste Estado e talvez deste País, um governo legítimo, constitucional e democraticamente eleito, fez uma confissão tão explícita.
É bem provável que nunca antes, na História deste Estado e talvez deste País, um governo legítimo, constitucional e democraticamente eleito, fez uma confissão tão explícita de culpa.
Uma confissão de culpa por escrito – preto no branco, letra por letra, vírgula por vírgula, ponto por ponto, acento por acento.
O governo Ana Júlia Carepa pode agora dividir-se entre antes e depois de 5 de março de 2009. Antes, as confissões de culpa do governo Ana Júlia ou não eram feitas ou eram feitas de forma enviesada. Agora, esta nota marca uma nova fase em que confissões de culpa são feitas por meio de uma nota.
Émile Zola notabilizou-se com seu célebre artigo “Eu Acuso” (J’Accuse...”), em que se manifestou sobre o famoso Caso Dreyfus, que envolveu o capitão francês Alfred Dreyfus, no final do Século XIX.
Enquanto Zola escreveu “Eu Acuso”, o governo Ana Júlia Carepa, com essa nota divulgada pela Secretaria de Estado de Educação, proclama para os céus e para o mundo todo ouvir e ler: “Eu fiz”.
O governo confessa com essa nota que atropelou as leis, que atropelou princípios caros ao governo petista, que se debateu em dilema internos – até agora não removidos e não superados – para oferecer uma explicação plausível.
Até que veio a explicação.
Mas, em vez de ser um explicação plausível, fomos apresentados a uma explicação risível.
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