terça-feira, 17 de março de 2009

Kit escolar: “Folha” põe Double M em campo

Reportagem da “Folha de S.Paulo”, assinada pelo correspondente da Agência Folha em Belém, João Carlos Magalhães, dá destaque à contratação da Double M para produzir kits escolares. A matéria, intitulada “Pará compra livros de agência publicitária” reproduz um velho e insustentável argumento já muitas vezes discutido aqui: o de que a empresa poderia fazer isso porque venceu licitação para prestar serviços de publicidade ao governo do Estado.
Abaixo, a matéria:

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Pará compra livros de agência publicitária

Empresa Double M alega que cumpre o contrato e que os manuais pedagógicos são itens promocionais

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Apesar de ter vencido licitação para prestar serviços de publicidade para o governo do Pará, a agência Double M também foi paga pela gestão de Ana Júlia Carepa (PT) para produzir kits escolares (com uniformes, agendas e mochilas) e manuais pedagógicos para professores.
Dois especialistas em direito administrativo e um promotor afirmaram à Folha que essas compras podem indicar um desvio do objeto de um contrato de publicidade, cujo foco deve ser específico, como manda a Lei das Licitações, de 1993.
A agência alega que o contrato prevê serviços de "publicidade, propaganda, ações promocionais [e] ações de marketing" para a administração estadual, e afirmou que cumpre fielmente suas cláusulas. Ela diz que os bens comprados para o governo, como os manuais pedagógicos, são itens promocionais.
Até a conclusão desta edição, o governo paraense não divulgou sua versão sobre o caso.
Em relação aos manuais, a Secretaria da Educação diz que eles são livros que contêm uma "normatização da educação". Seu objetivo, segundo a pasta, é dar ao corpo docente estadual "orientação para saber como formular o projeto pedagógico" executado nas aulas. Segundo documentos fiscais obtidos pela reportagem, foram feitas ao menos 45 mil unidades, ao custo total de R$ 106,4 mil.
Em relação aos kits, foram feitos 1 milhão deles para os alunos da rede estadual, ao custo total declarado pelo governo de R$ 47,8 milhões. Nos dois casos, as impressões foram feitas em uma gráfica da Paraíba.
A Double M é a mesma empresa que atuou na campanha que elegeu Ana Júlia ao governo em 2006, pela qual recebeu R$ 67 mil, segundo o TSE.
Para Carlos Ari Sundfeld, fundador da Sociedade Brasileira de Direito Público e professor da FGV-SP, o problema não é a confecção dos manuais e dos kits, mas supor que eles são peças promocionais: "Aí os objetos não têm nada a ver com publicidade. Realmente é uma extrapolação".
"Se é assim, então o governo pode comprar laptops para os professores e dizer que é publicidade. Isso fere o princípio [constitucional] da moralidade pública. Não é razoável", afirmou Elival da Silva Ramos, professor da USP. Um promotor que já investigou supostas irregularidades em contratos publicitários em outros Estados disse que a situação do Pará é "irregular". Ele preferiu ter sua identidade preservada.
Os três afirmaram que tanto os kits quanto os manuais deveriam ter sido adquiridos por meio de uma licitação.
Se alguma irregularidade for de fato constatada, o Ministério Público Estadual ou o Federal poderão pedir a anulação do contrato com a agência e a suspensão das entregas dos materiais, assim como a apreensão do que já foi distribuído.
Em relação aos kits, os dois órgãos já abriram procedimentos investigativos preliminares. A ideia é saber se houve superfaturamento e promoção pessoal da administração -o que pode gerar uma ação por improbidade administrativa. Segundo versão da Secretaria da Educação, esse material escolar foi chancelado por um parecer de sua assessoria jurídica.

6 comentários:

Anônimo disse...

Se valer este alibi da DOUBLE M é so avisar para o Oftalmologista Dulciomar e AnaKits, dar o problema da saude para a agencia de publicidade resolver. Seus dirigentes usariam seus conhecimentos em engenharia e passariam a dar consultas, receitar medicamentos e tambem fazer cirurgias. Com estes nossos governantes é possivel que seja plausivel que estes absurdos aconteçam. A sorte de voces é que quem deveria fiscalizar estas obcenidades estão cegos é sudos. Eta governo de direitos.

Anônimo disse...

A assessoria juridica da GALLO pensa que todos somos imbecis, isto é o mesmo que a Sra. GALLO querer comprar absorvente feminino na DOUBLE M. São coisas que não entendemos. Talvez as unicas pessoas são o pessoal do Ministério Publico. O que este pessoal está fazendo? Estão vendo a banda passar com o nosso pobre dinheirinho. Reajam .......

Anônimo disse...

Alguém já "avisou" ao Ministério Público do Estado que isso tem a ver com ele?!!
Vai ver, ele nem sabe....hehehehehe
Acorda, sumano!!!

Anônimo disse...

Parabéns por sua cobertura do caso. Está dando um show: didático, texto preciso, informação apurada. Vê-se que é um blog de jornalista mesmo, daqueles que hoje são raros.
Certamente suas denúncias não vão dar em nada, mas pode estar certo de que está certo.
E isso não é pouca coisa...

Poster disse...

Olá, Anônimo.
Muito obrigado.
Mas vamos acreditar no Ministério Público.
Tenho certeza de que o PM, como sempre, cumprirá bem o seu papel.
Aliás, já está cumprindo.
Abs.

Anônimo disse...

bom sua materia esta otima e so n entendo por que a ana julia quer acabar com a tradicao das escolas par de carvalho e ieep pois sao as unicas escolas do estado do para a ter o uniforme tradicional e o emblema do gorverno nas camisas pra que isso ela quer se amostrar pois e o que dar a entender espero que o ministerio estadual ou federal fa;a algo os alunos nao querem quebrar a tradicao nem ter um kits escolar inrregular por favor ne o que que ela tem na cabeca.