sexta-feira, 27 de março de 2009

Belém merece




Decorridos 20 anos de omissões dos agentes públicos, o projeto Via Metrópole finalmente vai sair do papel. Elaborado pelos técnicos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), na década de 80, o projeto será atualizado com base em dados da nova realidade de Belém, hoje uma cidade à beira do colapso, em função da obstrução de seus principais corredores de tráfego.
Com o ingresso diário, em média, de 60 novos veículos, circulando pelas mesmas obstruídas ruas, a cidade está quase parando, confirmando, aliás, a previsão dos próprios técnicos da Jica, que projetaram uma Belém totalmente "engessada" por volta de 2010, caso aquele projeto não fosse implementado.
Ninguém mais duvida de que isso pode acontecer. Ou iria acontecer, porque, felizmente, o bom senso parece ter "baixado" no Palácio dos Despachos , inspirando a nossa simpática governadora a mandar "ressuscitar" o projeto Via Metrópole.
O governo do Estado determinou estudos preliminares para redefinir a estrutura do tráfego na Região Metropolitana de Belém , abrangendo, além da capital, os municípios de Ananindeua., Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. Os consultores da Jica já foram convocados e estão chegando no dia 6 de abril para trabalhar inicialmente na atualização dos dados do projeto, defasados certamente, após 20 longos anos de gaveta.
Sejam bem-vindos! Herdeiros de uma sabedoria milenar, os jovens técnicos da Jica, alguns hoje grisalhos, souberam esperar. Paciência , além da competência técnica, é com eles mesmo. Antes tarde do que nunca.
O projeto será desenvolvido em duas fases, consistindo a primeira na recuperação e reforma das principais vias da região metropolitana, quase todas em precário estado de conservação. Na segunda fase, será implantado o sistema integrado de transporte na Grande Belém. A boa nova é que já estão disponíveis R$ 131 milhões, liberados pelo Banco do Brasil, para execução das primeiras obras, entre as quais a abertura da avenida Independência e de novas vias alternativas de tráfego, além da construção de um viaduto de quatro pétalas na confluência das avenidas Júlio César e Pedro Álvares Cabral, eliminando de vez aquele semáforo de quatro tempos, um verdadeiro símbolo do atraso, da insegurança e do medo, pois ali é, atualmente, o principal point de assaltos em Belém.
O governo do Estado busca também recursos da Caixa Econômica Federal, da ordem de R$ 190 milhões, para tocar a segunda fase do Via Metrópole, que inclui a duplicação da Perimetral (já iniciada) , além da construção de um túnel na Doutor Freitas com Almirante Barroso (por baixo do viaduto meia-sola) e a duplicação da Avenida João Paulo II até o viaduto do Coqueiro, com acesso à Rodovia Mário Covas.

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“Pelo bem de Belém, senhor prefeito Duciomar, baixe sua guarda. Caso não possa ajudar, pelo menos não atrapalhe, por favor. O mesmo apelo vale para suas excelências, os senhores vereadores, notadamente aqueles que não querem a CPI da Saúde e que costumam fazer gol contra a cidade e sua população.”
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Outras obras viárias importantes constam dessa fase , como a abertura de novos corredores de transporte e de tráfego, além da implantação de oito terminais de integração em pontos estratégicos da cidade. Com prioridade para o transporte coletivo, o projeto também prevê a construção de vias expressas , exclusivas para ônibus, em toda a extensão da Avenida Almirante Barroso e nas rodovias Augusto Montenegro e BR-316. Os terminais de integração irão possibilitar aos usuários de ônibus o deslocamento para qualquer bairro da Região Metropolitana de Belém pagando apenas uma passagem.
Além do assessoramento técnico, a Jica também entrará como parceira no financiamento do projeto com recursos da ordem de US$ 240 milhões. O coordenador técnico de Planejamento e Gestão do projeto Via Metrópole, Paulo Ribeiro, garante que até 2013 , com a "repaginação" de seu sistema viário e eliminação dos "gargalos" que provocam os estressantes engarrafamentos , Belém será uma nova cidade, uma moderna metrópole, que terá plenas condições de ser uma das subsedes da Copa do Mundo 2014.
Sem ser técnico no assunto, mas como observador atento do crescimento desordenado da cidade, ousaríamos oferecer duas sugestões aos competentes coordenadores do Via Metrópole, em benefício do conjunto da obra e da cidade. A primeira: que fossem construídos os viadutos do projeto Alcyr Meira, por cima dos túneis que alagam quando chove, eliminando aquele terrível "gargalo" do Complexo do Caos, aliás, do Entroncamento. A segunda: que a Estação Rodoviária de São Brás fosse deslocada para uma área no entorno da Avenida Independência, próxima ao Aeroporto, permitindo maior integração dos meios de transporte e desobstruindo ainda mais o tráfego na Almirante Barroso.
De resto, saudamos nossa simpática governadora pela iniciativa de "desenterrar" tão importante projeto para nossa cidade e formulamos votos de que as "questões paroquiais" e as "ciumadas" administrativas, heranças malditas da cultura do atraso, não prejudiquem desta feita a execução das obras. Pelo bem de Belém, senhor prefeito Duciomar, baixe sua guarda. Caso não possa ajudar, pelo menos não atrapalhe, por favor. O mesmo apelo vale para suas excelências, os senhores vereadores, notadamente aqueles que não querem a CPI da Saúde e que costumam fazer gol contra a cidade e sua população. Esqueçam suas diferenças partidárias e se unam pelo progresso da cidade. Já chega de atraso. Belém merece o melhor.

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br

4 comentários:

Anônimo disse...

Não é viaduto meia-sola e sim pista de autorama. AHAHAHAHAH.

Anônimo disse...

Essa história rola há mais de 20 anos. Por que devemos acreditar que ela sairá do papel agora?

Belém merece, de fato. Mas eu não acredito que será feito. Quem está no poder, só tem UMA preocupação: conquistar MAIS poder.

O povo que se exploda. Como sempre. Como sempre foi.

maria josé vieira disse...

Maria José , de Brasília , comenta:
" Que aconteçam realmente essas melhorias, e paremos de ouvir sobre Belém apenas notícias que entristecem, tipo " a capital paraense cresce, mas não se desenvolve ".

Madison Paz disse...

Primeiramente, APLAUSOS para o ESPAÇO ABERTO. Publicando matérias dessa envergadura, o blog se qualifica, dia após dia, como veículo informativo por excelência, na era digital que ora vivenciamos.

Com certeza, BELÉM MERECE buscar alternativas para resgatar a condição de Metrópole da Amazônia, de há muito perdida por entre os caprichos de políticos pouco ou quase nada comprometidos com o interesse da massa.

Sacar das gavetas do tempo o Via Metrópole é, no mínimo, acordar, já quase ao apagar das luzes, para desmontar a “bomba relógio”, prontinha para explodir e transformar as ruas da cidade (já um verdadeiro “caldeirão dos seiscentos diabos”), em campo minado onde irmãos conta irmãos passarão a travar batalhas de conseqüências imprevisíveis. Pior que tudo: sem que, nesses tempos DUDUvidosos, possam contar com um e somente um Pronto Socorro (funcionando, que tal?) onde os desafetos sobreviventes possam curar seus “arranhões”, seus “hematomas”.

Além de uma sacada politicamente genial, sacar da gaveta o engenho japonês, é, de parte da nossa simpática Governadora (como diz o articulista), militar com responsabilidade na gestão da coisa pública, ciente de que, FAZER ou FAZER é tudo o que resta na busca de solução para o caos já instalado no sistema viário da Cidade.

É certo que: Governo (estadual) é Governo, Prefeito (municipal) é Prefeito. Mas diante de uma catástrofe anunciada há mais de 20 anos e da indolência do Poder Municipal, evitar o pior passa a ser responsabilidade do Poder maior (no Estado). O importante é que, quem não pode ou não quer ajudar, pelo menos, não atrapalhe.

Ah! Antes de encerrar “essas mal traçadas linhas” (“psicografando” Adoniran Barbosa) quero humildemente prescrever uma injeção de ânimos aos comentaristas que me antecederam, em especial o das 11h23minh. Fé em Deus, moçada. Quem sabe? Mesmo com “o leite já derramado”, a “jarra não pode quebrar”. Vale a pena esperar prá ver. Afinal, estamos diante de informação de um dos mais respeitados jornalistas da terra. Francisco Sidou, um estudioso dos problemas do trânsito urbano desta Belém, é, ainda, membro da Academia Paraense de Jornalismo (onde ocupa a cadeira de nº 3). Certamente sabe o que diz, quando cita até a data em que o pessoal da Java estará chegando à Terrinha.
A notícia parece quente. Mais ainda quando aponta o aporte de recursos cooperativos - procedentes do Japão, para tocar a obra. Somente com os recursos papa-chibé a coisa ficará preta.

Vamos levantar às mãos aos Céus e, ecumenicamente, rezar para que o “milagre aconteça”. Do contrário, muito em breve, viveremos na Belém de hoje as Sodoma e Gomorra do passado.