No AMAZÔNIA:
A mãe do soldador Geraldo José Gomes de Almeida, 32, morto na cela da Seccional da Pedreira no último sábado, disse que o filho não agrediu seus netos e que os policiais que o prenderam espancaram bastante o operário antes de entregá-lo aos policiais civis. O caso ocorreu na manhã de sábado passado. Geraldo foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e morreu na mesma tarde, oficialmente agredido pelos presos que lhe faziam companhia.
Geraldo foi acusado de - durante uma briga em família - ter esfaqueado os filhos, duas crianças de 9 e 7 anos. Segundo a mãe de Geraldo, Dolores Gomes de Almeida, nada do que a polícia declarou é verdade. Ela diz que o filho foi morto antes de ser colocado na cela. E afirma que as crianças não precisaram passar por cirurgia e que já estão bem.
Dolores disse que tudo não passou de acidente: 'Geraldo iniciou uma briga com o irmão. Eles começaram a se embolar no quintal de casa e Geraldo pegou um saco plástico com umas lâminas de aço para jogar no irmão, uma dessas lâminas atingiu o nariz da filha dele. Foi sem querer, não era essa a intenção'.
Geraldo ficou mais nervoso e correu com uma faca para pegar o irmão. 'Ele pensava que a filha tivesse sido atingida pelo irmão', disse a mãe. Com a faca, ele começou a esfaquear uma porta, que estava sendo segurada por trás pelo irmão e pelo filho de Geraldo, de 9 anos. Ao empurrar a porta, Geraldo feriu o garoto na altura da axila direita. O menino levou três pontos no local.
Segundo ela, tudo já estava resolvido. 'Algum vizinho ouviu a gritaria e chamou a polícia. Quando os policiais apareceram, Geraldo estava na frente de casa com a menina no colo, ia levá-la ao Pronto-Socorro. Vieram vários policiais e deram voz de prisão. Eles começaram a bater nele sem motivos. O meu filho dizia, ‘Vocês não já me prenderam? Então me levem pra delegacia, não precisa me bater’. Mas eles não paravam e quando o Geraldo disse que na segunda-feira ia procurar os direitos dele, os policiais começaram a bater ainda mais', disse. A mãe disse ainda que não foi à delegacia prestar depoimento contra o filho e que nunca disse que ele era drogado. Ela afirmou: 'as outras mães (de presos) me disseram que meu filho foi jogado lá muito mal já. Minutos depois começou a ter uma convulsão e os detentos chamaram os policiais, mas quando eles viram o estado do meu filho só fizeram falar assim: ‘Esse é mais um para vocês responderem’'.
A mãe de Geraldo já foi à Corregedoria registrar queixa contra os policiais e pedir providências no caso. Para Dolores, o sentimento agora é de revolta com o que fizeram com o filho dela. 'Eu espero que façam justiça, pois meu filho era trabalhador e criava os cinco filhos sozinho', afirmou Dolores, que mostrou as fotos do corpo do filho muito machucado devido ao espancamento.
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