domingo, 7 de dezembro de 2008

As dívidas odiosas contraídas por ditaduras

O jornalista Aldenor Jr., sempre e necessariamente crítica, manda pra cá o seguinte manifesto, a propósito da postagem A assessora do Equador.
Este é mesmo um tema palpitante. Proponho que você abra espaço para o "outro lado" da polêmica. Transcrevo, a seguir, um importante manifesto de entidades e personalidades, do Brasil e do exterior, sobre a postura soberana do Equador em questionar a ilegitimidade de parte de sua dívida externa”, diz Aldenor.

Leia abaixo:

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MANIFESTO PELO EQUADOR E PELA CONSTITUIÇÃO DE UMA REDE MUNDIAL CONTRA A DÍVIDA ILEGÍTIMA

A América latina e o Caribe continuam pagando tributos coloniais. As dívidas externas, contraídas em condições ilegítimas, enganosas, ilegais ou corruptas minam a soberania dos povos e os obrigam a entregar todas as suas riquezas. Dívidas odiosas contraídas pelas ditaduras, feitas para subjugar e reprimir, se combinam com dívidas expansivas que paradoxalmente quanto mais se pagam, mais crescem. As dívidas não foram contraídas pelos povos, mas sim contra eles.
Os barcos armados dos poderosos que impunham os empréstimos, ávidos por se tornarem credores para poder manter as condições de controle e saqueio sobre os territórios da América Latina e do Caribe depois das guerras de Independência, reaparecem hoje sob as figuras da IV Frota, o Plano Colômbia, a Iniciativa Mérida e os comandos Sul e Norte, embora encobertos por sutis mecanismos financeiros.
Dívidas contraídas desta maneira são ilegítimas e já foram pagas várias vezes. Obrigam a privilegiar a obtenção de divisas e a adiar eternamente a busca do bem-estar dos povos. Justificam e propiciam a impunidade e a corrupção.
Em 20 de novembro de 2008, o Equador, depois de realizar uma exaustiva auditoria do caso, desconheceu seu compromisso com uma volumosa e lesiva dívida ilegítima, exercendo sua soberania e seu direito a autogovernar-se. Em um ato de maior transcendência histórica, se propôs a julgar os responsáveis por contraí-la e usá-la em nome do povo.
Diante da crise financeira e da recessão econômica provocada pela voracidade das corporações transnacionais, que agora querem exigir de nossos povos que a paguem, é indispensável estender a nível mundial a recusa definitiva de pagamento da dívida ilegítima.
Nós, intelectuais, artistas e lutadores sociais, comprometidos com a democracia, a liberdade e os processos de emancipação dos povos do mundo, apoiamos a decisão do governo equatoriano de não honrar uma dívida que não lhe corresponde e acordamos em sermos promotores da criação de uma rede mundial contra a dívida ilegítima e os tributos coloniais, em coordenação com todas as iniciativas existentes contra o pagamento da dívida.
Basta de tributos coloniais. Queremos e lutaremos por um Equador e uma América Latina livres e soberanos.

Clique aqui para ler a lista dos signatários do Manifesto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse é um discurso semelhante àquele que o PT e outros esquerdistas de antigamente apregoavam a três por dois.
Bonito no discurso, irreal na prática e inconsequente na formatação.
Deve.... tem que pagar mesmo.
E PT saudações !

Marcelo disse...

No "contraditório" sobra frase feita e falta argumento. Assim é fácil demais ser "revolucionário", aliás uma das desculpas mais usadas do mundo para se abrir mão do direito de pensar. A quem isso agrada, boa sorte...