No AMAZÔNIA:
Pelas ruas de Belém sente-se um cheiro característico no mês de outubro: o de maniva cozinhando. Caminhando por uma rua é fácil identificar em qual casa a família irá se reunir para o almoço do Círio, basta seguir o que indica o olfato. Mas antes de chegar à panela, a maniva passa por várias etapas. Uma das mais importantes, o desbulho, pode ser conferido na praça do Relógio, no Centro de Belém. Desbulhar a maniva é separar as folhas do caule. O trabalho é feito pelos peladores ou catadores de maniva.
Luciane Gomes, 30 anos, há oito é peladora. É com o dinheiro que recebe na atividade que ela ajuda o marido a sustentar os três filhos do casal. Os talos de maniva chegam às mãos de Luciane amarrados em pacotes. Por pacote que desbulha ela recebe R$ 0,30. 'Esse valor é o mais alto do ano. Quando passa o Círio o pelador recebe entre R$ 0,20 e R$ 0,25 por pacote', conta. Para garantir o sustento, Luciane pela, em média, 200 pacotes por dia, o que equivale a R$ 60. Depois de separadas do caule, as folhas são moídas e vendidas cruas, com preços que variam entre R$ 1 e R$ 2,50 o quilo. Também é possível encontrar na feira a maniva pré-cozida, custando entre R$ 2 e R$ 3,50 o quilo.
O desbulho também emprega trabalhadores temporários nas épocas de maior procura. 'São os donos das barracas que vendem a maniva na feira que nos contratam. Ele já tem uma equipe fixa que trabalha o ano inteiro, mas sempre contrata mais pessoas nos meses de maio e outubro', revelou Luciane.
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