terça-feira, 14 de outubro de 2008

Promessas são curiosas

No AMAZÔNIA:

Corações, seios, um cachorro, uma geladeira de isopor e até um pênis de cera. A seleção dos objetos deixados pelos pagadores de promessas durante o Círio promete ser, este ano, recheada de surpresas. Pelo menos para o Irmão José Ananias, da Administração das Obras Sociais de Nazaré, que há quatro anos cuida dos itens deixados pelos devotos. Os objetos em cera, papelão e miriti que representam os pedidos atendidos, lotam cinco dos treze carros de promessa que participaram da romaria do domingo. Alguns, cheios de criatividade, chamam a atenção pelo tom excêntrico.
'A gente vê de tudo, mas tenta não pensar na estranheza das coisas. É mais importante notar a fé daquele devoto, que alcançou a promessa e veio para o Círio agradecer', lembra José Ananias, antes de subir em um dos carros para garimpar itens considerados por ele curiosos.
Dos carros que participaram da procissão, a berlinda foi o único que não serviu de depósito para os pagadores de promessa. Os outros doze chegaram à Praça Santuário abarrotados de objetos. Até o carro do caboclo Plácido, que não tem estrutura para receber as peças, terminou a procissão com algumas delas, aninhadas onde era possível colocar.
O volume de objetos recolhidos no Círio deste ano, apesar dos carros cheios enfileirados em frente ao Centro Social de Nazaré na manhã de ontem, foi considerado inferior em relação ao ano passado pelos funcionários do Santuário. 'Talvez, por causa do tempo curto que teve a procissão deste ano', diz Ananias. Como acontece todos os anos, os objetos trazidos pelos pagadores de promessa continuam sendo recebidos na Basílica Santuário.
Por conta das obras de construção da Casa de Plácido, o espaço construído para receber peregrinos, ao lado do Centro Social de Nazaré, os objetos foram armazenados, provisoriamente, no Salão dos Carros, também no Centro Social de Nazaré. O trabalho de seleção das peças por funcionários e voluntários do Santuário será iniciado hoje.
Os de cera são vendidos para fábricas de velas, onde são derretidos e reaproveitados em outras formas. Cartas, pedidos de oração e bênção feitos em papel são guardados, para ser queimados na chamada solenidade de Incineração das Súplicas, que acontece antes da Missa do Recírio, no dia 27.
As peças consideradas mais interessantes são doadas ao Museu do Círio, ao lado da Igreja de Santo Alexandre. Lá, elas enriquecem o acervo de promessas, que a cada ano se torna mais variado.
Partes do corpo humano em cera e casas feitas em isopor, papelão ou miriti ainda são a maioria entre os objetos deixados. Tijolos e velas de promessa, além de eletrodomésticos em escala reduzida também estiveram entre os itens mais comuns.

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