No AMAZÔNIA:
A morte de um vendedor de camarão, por atropelamento, na noite de ontem, provocou a revolta de dezenas de moradores do Furo da Marinha, em Mosqueiro. Os manifestantes interditaram a PA-391, poucos metros depois da ponte principal, tocaram fogo em paus e pneus e, em questão de minutos, construíram uma lombada improvisada.
O motivo da revolta popular foi a morte do vendedor de camarão Edinaldo Pereira dos Santos, de 28 anos, conhecido como 'Boca'. Ele foi atropelado por um Palio Fire, placas APU-5126, conduzido por Milton Ronaldo do Espírito Santo Furtado. O motorista do Palio trafegava no sentido Santa Bárbara-Mosqueiro e só parou poucos metros à frente, na barreira da Polícia Militar. Milton disse ao cabo PM Roque que não parou no local por medo de ser linchado. Ele comentou ainda que voltava do trabalho e se dirigia para Mosqueiro e que não viu quando a vítima cruzou a rodovia. Milton foi conduzido pela polícia para a Seccional de Mosqueiro.
O também vendedor de camarão José Roberto Nascimento da Silva, amigo da vítima, disse que a população já protocolou diversos ofícios na agência distrital de Mosqueiro, solicitando uma lombada para aquele trecho da via, no qual o acidente ocorreu na noite de ontem, mas nunca foram atendidos. 'Os carros saem da ponte e aceleram, passando por aqui em altíssima velocidade', desabafou José Roberto.
Os moradores denunciaram ainda que depois da construção do pórtico de entrada de Mosqueiro, os moradores do Furo da Marinha ficaram abandonados. 'A gente não sabe mais se mora em Mosqueiro ou Santa Bárbara. A única certeza que estamos abandonados', disse a ambulante Martinha Barata da Silva. Ela enfatizou que a área é conhecida agora como 'Furo dos Esquecidos'. Martinha revela que o problema no Furo da Marinha não apenas de falta de lombadas, mas também de polícia, mesmo estando tão próximos de um posto da PM. Ela contou que a filha dela, Danuzia Nascimento, de 24 anos, foi esfaqueada no domingo e está internada em estado grave, em Belém. 'Pedimos a ajuda da polícia e ninguém apareceu', reclamou.
O atropelamento de 'Boca' foi a gota d’água. Os moradores se uniram, interditaram a via e atearam fogo. Dezenas de carros foram proibidos de passar por cerca de um hora. Nesse período, em mutirão, os moradores cavaram o asfalto, prepararam massa e cimento e construíram uma lombada improvisada. Por volta das 22h30, um outro grupo de moradores interditou outro trecho da rodovia, distante cerca de um quilômetro da ponte, também exigindo lombadas e melhorias para o local.
Até fechamento desta edição, a polícia continuava no local, negociando com os manifestantes.
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