Do Comunique-se
O jornalista Gustavo Krieger, do Correio Braziliense, disse que o governo do Estado de São Paulo não era a fonte mais qualificada para anunciar a morte da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, morta no resgate do seqüestro promovido pelo ex-namorado Lindembergue Alves. Para Krieger, a nota de imprensa do governo afirmando erroneamente que ela teria morrido na noite de sexta deveria ter sido questionada pelos veículos de comunicação.
“Um questionamento fundamental a ser feito era se o governo do Estado era a fonte mais qualificada para dar a notícia. O governo poderia ser a mais importante, mas a fonte mais qualificada era o hospital (que acabou noticiando a morte de Eloá na noite de sábado para domingo)”, disse o jornalista.
O caso de Santo André foi tema discutido sábado (18/10) por Krieger, no 2° Encontro de Professores de Jornalismo do Distrito Federal, Goiás e Tocantins, na UnB. Na ocasião, participaram, entre outros, a professora da UnB Zélia Leal e André Deak, vencedor do Prêmio Vladimir Herzog deste ano na categoria Internet.
Gustavo Krieger afirma que acredita ter sido muito difícil a decisão de ter posto ou não a notícia dada pelo governo do Estado no ar, por parte das redações. “Essa informação é tão ou mais difícil que a polícia ter decidido por invadir o apartamento ou não”, disse Krieger.
Em vez de criticar os veículos de comunicação que decidiram por dar a notícia da morte antecipada de Eloá, o jornalista do Correio Braziliense afirma que o episódio deve servir de lição. “Devemos apreender com os episódios, entender que fonte é a mais lógica para dar a informação”, disse o jornalista.
Krieger disse que não gostaria de estar na situação dos jornalistas de São Paulo. “Agradeço por não ter sido colocado na situação”, disse o repórter da editoria de Política do Correio Braziliense.
Para Krieger, a opção de dar a notícia anunciada pelo governo do Estado foi potencializada pela “corrida do tempo real” do jornalismo. “É a obsessão de colocar a notícia antes”, disse.
Governo do Estado
A assessoria de imprensa do governo do Estado confirma o erro. Diz que a Secretaria de Segurança Pública havia informado que Eloá havia morrido e repassou este dado para a imprensa. Esta informação errada vazou para a Rede Globo e “para alguns outros veículos que ligaram para a assessoria”, afirmou. Poucos minutos depois, diz a assessoria, passava-se para os veículos que transmitiram a informação uma nota corrigindo a notícia e pedindo desculpas à família de Eloá.
Globo
O primeiro veículo a noticiar a morte da jovem, pela fonte do governo do Estado, foi a Rede Globo, no SPTV. A assessoria de imprensa da emissora não retornou até a publicação desta reportagem.
A Record afirmou que a jovem teria morrido, pelas informações do governo, mas não confirmou a notícia até sábado. A Band recebeu a informação, mas como “a fonte primária”, segundo a assessoria, que é o hospital, não confirmou, decidiu por não dar a notícia. “Aplicamos uma prática normal do jornalismo, que é a checagem”, afirmou o diretor-executivo de jornalismo da Band, Fernando Vieira de Mello.
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