domingo, 5 de outubro de 2008

Em Santarém, um “falso” boato temperado por R$ 4 milhões

Eleições produzem boatos engraçadíssimos.
Se fosse a Village, dir-se-ia que é um falso boato, uma catiguria nova criada pela construtora, que acredita haver boato verdadeiro e boato falso.
Pois Santarém foi varrida, no início da manhã deste domingo, por um falso boato.
Informava-se que no comitê eleitoral do PT, situado na Avenida Tapajós – orla da cidade -, nos altos do prédio onde funciona a agência da Caixa Econômica Federal, a prefeita Maria do Carmo (PT), ela mesma, em pessoa, e seu irmão, o secretário de Planejamento, Everaldo Martins Filho, estariam lá com R$ 4 milhões em espécie para distribuir a eleitores.
Vejam só: a prefeita do segundo maior município do Estado e terceiro maior colégio eleitoral do Pará estaria pessoalmente com uma maleta de dinheiro – dinheiro vivo, vivíssimo – para distribuir aos eleitores com a recomendação expressa: “Toma lá quatro tostões e crava um voto pra mim”.
Vejam só: a prefeita do segundo maior município do Pará dormiu, acordou, espreguiçou-se, tomou café, despediu-se da família e deixou a seguinte recomendação:
- Agora, vou votar e depois vou para o meu comitê - eu e o mano. Vamos distribuir R$ 4 milhões para os eleitores de Santarém votarem em mim. Se ligarem perguntando por mim, digam que eu estou lá. Estarei lá coordenando a distribuição de R$ 4 milhões para ganhar esta eleição.
Vejam só: a prefeita do segundo maior município do Pará resolve, da maneira mais transparente possível, sem qualquer ânimo de esconder fatos, de camuflar situações, resolve aploprar: vai para seu comitê, situado numa das avenida mais movimentadas de Santarém, senta-se em frente a uma mesa, abre uma mala de dinheiro e diz aos circunstantes:
- Vamos? Vamos distribuir os R$ 4 milhões? Tem que se rápido. Vamos logo. Ninguém vai perceber. Cada um fica com uma parte. Mas tem que ser rápido. São R$ 4 milhões. Vamos?
Foi assim. O falso boato dizia que era mais ou menos isso.
Disseminado o falso boato, chegaram ao local carros da polícia – ou das polícias – para procederam, digamos, às “averiguações de praxe”.
Enquanto tal ocorria, cabos eleitorais, aos montes, concentravam-se em frente ao prédio. E até chamavam alguns caminhantes para testemunharem, com os próprios olhos, um crime eleitoral em curso.
E aí?
E aí que não teve aí.
A prefeita Maria do Carmo, enquanto se concentravam em frente a seu comitê, à espera de vê-la saindo com a mala entupida de R$ 4 milhões, assistia naquele momento a uma missa.
E o delegado regional Jardel Guimarães acabou de dar uma entrevista a emissoras de rádio de Santarém, informando que a “denúncia” não tem a menor procedência.
Há boatos e boatos.
O da Village, vocês sabem, foi um falso boato, segundo disse a própria construtora.
Esse agora, dos R$ 4 milhões, é um falso boato engraçadíssimo.
Quem sabe não haverá outro, mais engraçado ainda?
A eleição está rolando.
Estamos ao meio-dia. Quem sabe não haverá tempo ainda de, até 17h, inventarem-se outros mais picantes?

Um comentário:

Anônimo disse...

É muito bonito ver um petista defendendo seus pares... mas boatos são quando não existem fatos! Para quem viu não foi boato... pena que nessa hora a imprensa nunca se faz presente! porque será? E os 2 milhões do "mano" no domingo à tarde prestando esclarecimentos à Policia Federal? Tudo boato não é? rsrsrsrs... se você e o povo soubessem de tantos detalhes, talvez você seria mais imparcial e menos petista!