quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Doentes sofrem sem aparelho

No AMAZÔNIA:

Sofrimento, angústia e desespero. São estes os sentimentos de centenas de pacientes que dependem da radioterapia do aparelho 67 do Hospital Ofir Loyola, único das redes pública e privada de Belém a oferecer o serviço e que está 14 dias parado. Desde o dia 18 de setembro, o equipamento não funciona, provocando incertezas e risco de morte para pacientes que precisam do tratamento.
A irmã de Maria de Nazaré Araújo, 53 anos, não agüenta mais a angústia da espera pelo fim do tratamento de um câncer de mama. 'Todos os dias nós telefonamos e as pessoas dizem que não há previsão. Lá no Ofir Loyola não dão nem justificativa', reclamou.
Muito preocupada com a saúde da irmã, Nazaré pretende cobrar explicações da direção do hospital. 'Há milhares de pessoas precisando fazer radioterapia. Minha preocupação não é só por ela (a irmã), mas por todos que estão esperando para completar o tratamento. A radioterapia é fundamental', reiterou.
Ao contrário da quimioterapia, a radioterapia não está disponível em clínicas particulares nem em outra unidade da rede pública estadual.
‘Minha irmã tem 55 anos e descobriu o câncer de mama no ano passado. Ela operou em novembro de 2007 e começou a radioterapia em 5 de agosto. Deveria ter feito 33 sessões, mas até agora só conseguiu efetivar 25 sessões. Só de agosto para cá, esse aparelho 67 já parou três vezes, mas nunca demorou tanto como agora', denunciou.
No telefone 3342-1344, a atendente do Hospital Ofir Loyola informou que 'infelizmente' não há previsão de funcionamento do equipamento e que o engenheiro está tentando, ainda, encontrar o defeito. 'Não temos aparelho de substituição', disse a atendente, ao responder o questionamento da reportagem sobre a necessidade de atendimento dos pacientes.
O diretor do hospital, João de Deus Reis da Silva, confirmou o defeito no aparelho 67, mas não especificou qual é o problema que vem paralisando o atendimento.
Segundo ele, o Ofir Loyola está dependendo da empresa contratada para o conserto. 'Fica difícil fazer qualquer previsão. Assim como pode funcionar amanhã, também pode não funcionar', observou.
O tratamento preconizado para câncer de mama em estágios iniciais inclui cirurgia conservadora seguida de radioterapia pós-operatória de toda a mama. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), dois terços dos pacientes com câncer vão utilizar a radioterapia em alguma fase do tratamento da doença, quer de maneira exclusiva ou associada a outras modalidades de terapia oncológica.
A radioterapia é o emprego de radiação ionizante como recurso terapêutico. O tratamento tem apenas um século e trata-se de uma terapia voltada quase que exclusivamente aos pacientes com câncer - eventualmente pode ser indicada em algumas patologias benignas. O agente terapêutico empregado são as radiações ionizantes (comumente os raios gamma, X, e elétrons).
O objetivo da radioterapia é liberar uma dose precisamente calculada a um volume ou leito tumoral com o mínimo de danos às estruturas vizinhas sadias, resultando em erradicação do tumor, com melhoria da qualidade de vida.

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