quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Belém também virou fona. Por quê?

O Pará sempre foi conhecido por ser o último em totalizar a apuração de eleições. Sempre despontou como o fona.
O que se alega? O que sempre se alegou?
Que o Estado é de dimensões continentais e tem “peculiaridades” que o distinguem dos demais.
São duas verdades. Ambas, indesmentíveis.
O Estado é enorme. E o acesso a muitas regiões é muito difícil. A muitos locais só se chega de barco. A outros, só de mula. E a alguns mais, quase não se consegue chegar nem de barco, nem de mula.
Tais peculiaridades, inclusive, fazem a alegria de coleguinhas que, entra eleição, sai eleição, vêm pra cá trazendo no bolso – ou nos notebooks – a pauta específica para que mostrem, pelo menos, uma urna sendo transportada de barco.
E eis que, de dois em dois anos, nos grandes jornais do País, em época de eleição, lá está a urna sendo transportada.
Mas se é verdade que extensão e dificuldades de acesso tornam o Pará um Estado peculiaríssimo a cada apuração de votos, é verdade que alguns fatos não se justificam.
Como agora, por exemplo, quando Belém – a cidade, a capital – foi a última a totalizar seu votos entre todas as capitais do País. A última, a fona.
Por quê?
Na Zona Eleitoral que compreende a cidade, é preciso usar barco para transportar urnas apenas a algumas ilhas próximas. Bem próximas.
Não é preciso usar mula. Nem cavalo. Nem é preciso avião, nem hidroavião. Na zona urbana de Belém mesmo, não.
Mesmo assim, a cidade foi a última a encerrar a apuração.
Ah, sim. Houve problemas nas urnas.
É mesmo. Houve. E muitos problemas.
Mas isso não pode ser debitado entre as anormalidades, não.
Quem o diz é diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). “Segundo Paulo Reis, a avaliação geral que o TRE faz de todo o pleito é a de uma eleição tranqüila”, diz trecho de notícia disponível no site do Tribunal.
Não foi tranqüila, não, dr. Paulo.
Não foi tranqüila.
Houve atropelos em dezenas de seções. Mais de 100 pifaram. Eleitores houve que começaram a votar depois das 16 horas. E revoltaram com isso. Havia idosos – e muitos – à espera. O voto é obrigatório. Estavam lá, portanto, obrigados, e não porque queriam.
E além de não ter sido tranqüila, a apuração, como sempre, foi problemática. Foi demorada, lenta.
Inclusive em Belém.
A fona.

6 comentários:

Anônimo disse...

É por isso que os cargos de desembargadores desse tribunal não deveriam ser de desembargadores estaduais!

J.BOSCO disse...

Além de chegar de mula, o sujeito é obrigado a votar em certas MULAS!!
abs

Poster disse...

Boscão,
É a frase do dia.
É a frase!
Abs.

Anônimo disse...

O voto facultativo melhoraria a qualidade das eleições. Isso é matemático:

- A grande maioria só vota porque é obrigatório;

- A grande maioria é responsável pelos (maus) políticos que estão no poder.

Logo, se a grande maioria não votasse, restariam somente os votos dos que realmente fazem uso do voto consciente.

Os candidatos teriam que fazer muito mais para nos convencer de suas capacitações do que distribuir santinhos e cestas básicas para o povão.

Teríamos uma política completamente diferente. Penso que o voto nulo, ao legitimar a insatisfação do eleitor com as péssimas opções oferecidas, pode abrir caminho para que o voto facultativo seja colocado em debate.

Aliás, nunca na história deste país o tema do voto facultativo mereceu o devido destaque. Por que será?

Anônimo disse...

todos nós achamos um absurdo isso que aconteceu.
foi uma das piores eleições já feitas em toda a história das eleições no Pará.

Poster disse...

Anônimo das 12:39,
Seu comentário vale uma ribalta. Vou postá-lo no final da manhã.
Abs.