Na VEJA:
Durante muito tempo os brasileiros conviveram com uma ameaça nascida nos boletins dos censos demográficos. O rápido crescimento da população do país, que aumentou dez vezes entre o início e o fim do século XX, apontava para um futuro em que faltariam alimentos, moradia e infra-estrutura para tanta gente. A bomba populacional foi um risco real para o Brasil. Foi ela que sustentou uma infinidade de apostas sombrias sobre o país. Sem que se prestasse muita atenção, porém, a bomba foi perdendo força à medida que um número cada vez maior de mulheres escolheu ter menos filhos. Essa tendência começou nos anos 70. Agora, quase quarenta anos depois, a bomba populacional acaba de ser oficialmente desativada. É uma grande notícia para os brasileiros. Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que a taxa de fecundidade do país, ou seja, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em média, chegou a 1,8 – contra 6,3 nos anos 60. A taxa de fecundidade é o fator que mais influencia a taxa de crescimento populacional de um país, juntamente com a taxa de mortalidade e a migração. Quando a taxa de fecundidade de um país cai abaixo do patamar de 2,1, a população cresce em ritmo cada vez mais lento e, depois de duas ou três décadas, passa a diminuir de tamanho. É o que vai ocorrer com o Brasil. Todos os países desenvolvidos, em algum ponto de sua trajetória, tiveram quedas expressivas em seus índices de natalidade. Na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e nos países ricos da Ásia, as taxas de fecundidade são hoje iguais ou menores do que 2,1. A taxa de fertilidade brasileira é agora igual à da China, que há tempos limita o número de filhos a um por família. A quantidade de crianças que as mulheres dão à luz tem impacto direto na economia e na sociedade de uma nação. São muitas as razões que levam os casais de países ricos a ser mais propensos a formar famílias pequenas. A adesão das mulheres à competitividade no trabalho ou na vida acadêmica é certamente uma delas. O certo é que, hoje, só as nações muito pobres, como as da África Subsaariana e o Afeganistão, com renda per capita miserável, apresentam altas taxas de fecundidade e de crescimento populacional.
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Durante muito tempo os brasileiros conviveram com uma ameaça nascida nos boletins dos censos demográficos. O rápido crescimento da população do país, que aumentou dez vezes entre o início e o fim do século XX, apontava para um futuro em que faltariam alimentos, moradia e infra-estrutura para tanta gente. A bomba populacional foi um risco real para o Brasil. Foi ela que sustentou uma infinidade de apostas sombrias sobre o país. Sem que se prestasse muita atenção, porém, a bomba foi perdendo força à medida que um número cada vez maior de mulheres escolheu ter menos filhos. Essa tendência começou nos anos 70. Agora, quase quarenta anos depois, a bomba populacional acaba de ser oficialmente desativada. É uma grande notícia para os brasileiros. Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que a taxa de fecundidade do país, ou seja, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em média, chegou a 1,8 – contra 6,3 nos anos 60. A taxa de fecundidade é o fator que mais influencia a taxa de crescimento populacional de um país, juntamente com a taxa de mortalidade e a migração. Quando a taxa de fecundidade de um país cai abaixo do patamar de 2,1, a população cresce em ritmo cada vez mais lento e, depois de duas ou três décadas, passa a diminuir de tamanho. É o que vai ocorrer com o Brasil. Todos os países desenvolvidos, em algum ponto de sua trajetória, tiveram quedas expressivas em seus índices de natalidade. Na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e nos países ricos da Ásia, as taxas de fecundidade são hoje iguais ou menores do que 2,1. A taxa de fertilidade brasileira é agora igual à da China, que há tempos limita o número de filhos a um por família. A quantidade de crianças que as mulheres dão à luz tem impacto direto na economia e na sociedade de uma nação. São muitas as razões que levam os casais de países ricos a ser mais propensos a formar famílias pequenas. A adesão das mulheres à competitividade no trabalho ou na vida acadêmica é certamente uma delas. O certo é que, hoje, só as nações muito pobres, como as da África Subsaariana e o Afeganistão, com renda per capita miserável, apresentam altas taxas de fecundidade e de crescimento populacional.
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