No AMAZÔNIA:
Em menos de uma semana, duas pessoas morreram com meningite no bairro do Guamá. O Departamento de Vigilância e Saúde da Sesma (Secretaria Municipal de Saúde) não fala em um surto da doença, mas confirma os mais de 100 casos de internação de janeiro a julho, que resultaram na morte de 17 pessoas.
A diretora interina da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Sesma, Ana Marciel Rico, descarta a possibilidade de que uma epidemia de meningite esteja acontecendo em Belém. Ela diz que o número de casos de contaminação está dentro da margem considerada 'esperada' para a doença na capital. Segundo ela, os dois últimos casos de meningite registrados no bairro do Guamá não possuem relação, já que o tipo de contaminação em cada deles foi diferente.
Entre os 17 óbitos provocados pela meningite em 2008, estão quatro do tipo criptocócicas, causados pelo contato com o fungo encontrado nas excretas de aves, quatro do tipo bacterianas transmissíveis (meningocócicas, provocadas pelo contato com pessoas contaminadas), uma com causa não identificada e outras oito não transmissíveis provocadas por bactérias. No último levantamento da Sesma, divulgado nos primeiros dias de julho, 105 doentes foram contabilizados. De março a julho, nove casos do tipo meningocócico da doença, transmitida pelo contato com pessoas contaminadas pela bactéria neisseria meningtides foram registrados. Três delas entre os bairros da Terra Firme e Guamá. Os outros casos foram registrados nos bairros do Tenoné, Tapanã, Canudos e Umarizal e nos distritos de Outeiro e Icoaraci.
O primeiro óbito por meningite no mês de julho foi registrado no bairro do Guamá. O adolescente Rosivan da Silva, de 15 anos faleceu no dia 19, após vinte dias de internação no Hospital Universitário Barros Barreto. O diagnóstico mostrou que o rapaz foi contaminado pela bactéria criptococos, encontrada principalmente nas fezes de aves.
Com apenas 3 anos de idade, o pequeno Lucas Rian dos Santos foi a segunda vítima no bairro. Ele não resistiu à meningite do tipo menigocócica e também faleceu no Hospital Universitário João Barros Barreto. O óbito de Lucas antecedeu o falecimento do adolescente Rosivan em dois dias, mas não foi divulgado à imprensa.
A mãe de criação de Rafael, Maria José Viana, coloca a culpa do falecimento do neto no atendimento do posto de saúde em que ele foi atendido, a unidade de saúde do Guamá. 'Quando nós chegamos lá, eles disseram que o menino estava com dengue, e nos mandaram para uma clínica. Só três dias depois, quando o estágio da doença já era grave, eles descobriram que o Lucas estava com meningite. Aí mandaram para o Barros Barreto, mas já era tarde', lamenta.
De acordo com o relato da avó do garoto, quando ele foi levado para a clínica, já havia perdido a visão. 'Todo mundo estava desesperado. A gente sabia que não era dengue, pois ele estava muito debilitado e não estava mais enxergando', lembra. 'Eles erraram. Se tivessem visto que era meningite logo, poderiam ter salvado o meu neto'.
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