sexta-feira, 28 de março de 2008

Passageiros de ônibus viram reféns


No AMAZÔNIA:

O trânsito na rodovia BR 316, principal via de acesso entre Belém e os demais municípios da região metropolitana, parou completamente por cerca de duas horas, no início da tarde de ontem. Às 12h30 um ônibus da linha Jibóia Branca, da Viação Forte, foi dominado por dois homens armados, em uma parada do quilômetro 2, quase em frente a um supermercado 24 horas. Os dois homens, identificados como Bruno da Silva Araújo, 18 anos, e Danilo Odilardo Borges, 21, fugiam de um assalto ocorrido momentos antes em uma empresa localizada no bairro da Guanabara.
O motorista, o cobrador e cerca de 15 passageiros foram impedidos de sair do coletivo. Duas pessoas foram mantidas com armas apontadas para suas cabeças. Uma delas era uma menina de apenas 12 anos. O outro era um cobrador da mesma empresa que estava de folga e pegou carona. O crime gerou quilômetros de engarrafamento nos dois sentidos da rodovia federal e atraiu milhares de curiosos, o que agravou ainda mais o clima de tensão no local.
Segundo informações preliminares repassadas pela polícia, um grupo de quatro homens assaltou, no final da manhã, um estabelecimento comercial localizado próximo à rodovia BR 316. A primeira informação era a de que uma loja do Grupo Esplanada havia sido o alvo dos bandidos. No entanto, um homem que não quis se identificar informou à imprensa ser ele um dos responsáveis pela empresa assaltada, a Tabajara. 'Levaram R$ 4 mil', informou.
Após o assalto os quatro elementos saíram em fuga em duas motocicletas pela BR, em direção a Ananindeua. Porém, na esquina da rua Jardim Esmeralda, pouco antes do supermercado 24 horas, onde há uma parada de ônibus e um posto fiscal da Viação Forte, o grupo se dividiu. Dois deles desceram das motos, com o dinheiro do assalto, e entraram no ônibus Jibóia Branca. Os outros dois foram embora nas motos. Acredita-se que eles tenham entrado no ônibus para despistar uma possível perseguição policial.
O motorista Carlos Valente, de 51 anos, viu quando os dois homens saltaram de duas motos e entraram no coletivo, mas não desconfiou deles até o momento em que um Corolla cor prata 'fechou' a frente do ônibus, impedindo-o de dar a partida. 'Era exatamente 12h34 quando paramos aqui nesse posto fiscal. Eu fiquei assustado quando vi aquele carro ‘trancar’ a minha frente e pensei que os homens do Corolla é que eram assaltantes. Mas, na verdade, eram policiais que vinham logo atrás e desconfiaram que o ônibus ia ser assaltado pelos dois suspeitos', contou Valente.
Ao ver os agentes federais apresentarem seus distintivos, os dois, que até então fingiam ser passageiros comuns, sacaram as armas que traziam e fizeram as duas pessoas mais próximas como reféns. Jamile Silva Barbosa, de 12 anos, estudante da Escola Estadual Costa e Silva, retornava para casa após um dia de aula. Ela viajava bem ao lado do cobrador e foi a primeira a ser mantida refém. 'Um deles me puxou pela blusa e mandou eu ficar quieta. Daí botou a arma encostada na minha cabeça e começou toda essa confusão', contou a menina.
O agente federal Fernando Rayol foi quem iniciou as negociações com os assaltantes. Ele era um dos que estavam no Corolla. Logo em seguida, o delegado Daniel Castro, que retornava de Belém para Santa Izabel, onde é lotado, também passou pelo local e resolveu dar apoio a Rayol. 'Nós, assim como os policiais federais, estávamos numa viatura descaracterizada (carro sem emblema da polícia), pois viemos a Belém apenas para resolver alguns assuntos profissionais. Quando vimos a movimentação, paramos para ajudar nas negociações', contou o delegado de Santa Izabel. A partir desse momento, várias outras viaturas das polícias Civil, Militar, Rodoviária Federal e Federal deslocaram-se para o local, além de várias ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192). As duas pistas da BR foram interditadas para garantir a segurança e a integridade física de todos os envolvidos.

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