domingo, 30 de março de 2008

Tailândia convive com desemprego e abandono

Em O ESTADO DE S.PAULO:

Nas ruas e vielas dos bairros mais pobres de Tailândia (235 km ao sul de Belém) as placas de “vende-se” aparecem com freqüência. São resultado direto da crise que se instalou na cidade com a chegada da Operação Arco de Fogo, em que a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciaram, há um mês, o desmonte das ações ilegais de desmatamento e da venda dessa madeira.
Com a economia dependendo em mais de 70% da atividade ilegal, Tailândia tem hoje uma fila de desempregados de mais de 8 mil pessoas, a maioria irregular e sem benefícios. Representam 12,4% dos 64.281 moradores do município.
Mas, nas ruas da cidade, as queixas contra a operação não vêm somente de quem perdeu o emprego. “Era para ter começado há muito tempo atrás, ia ser muito melhor para nós”, defende Raimundo Silva, de 37 anos, ex-carregador de madeira em uma serraria, hoje desempregado e dono de uma casa de três cômodos que tenta vender por R$ 5 mil, a metade do que diz valer.
Raimundo, que sustentava a mulher e três filhos com R$ 500 que ganhava na serraria, não tinha carteira assinada, por isso ficou sem direito de receber o seguro-desemprego. Também não está incluído no Bolsa-Família. Diz estar sendo expulso, pela segunda vez, da cidade em que vive. “Vim de Dom Eliseu (PA) porque lá a madeira acabou e as madeireiras mudaram. Aqui ia ser a mesma coisa. A madeira está acabando”, afirma.
A conta que se faz hoje em Tailândia é que o desmatamento descontrolado tirou 80% da madeira que existia na região. As maiores madeireiras já estavam trazendo material de outros municípios. Os salários haviam diminuído, assim como o número de empregos. A operação federal só teria acelerado o processo.
Já a queixa de quem perdeu o emprego, mesmo que fosse precário, é não ter chegado com os policiais uma alternativa, seja ela a reforma agrária - complicada, numa área em que ninguém sabe quem é o dono real de mais da metade das terras -, instalação de empresas ou mais benefícios por meio do Bolsa-Família, já que o programa hoje atende menos de 30% das famílias pobres da cidade. Das mais de 30 pessoas desempregadas entrevistadas pelo Estado nenhuma está no programa.

Registro
Até agora, o governo federal não mandou equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho ao município, apesar dos pedidos dos delegados da PF que coordenam a Arco de Fogo. A operação é a maior investida policial na Amazônia Legal destinada a reprimir o desmatamento, com previsão de durar mais de um ano. No período, os policiais devem passar pelos Estados da Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão (oeste do Estado), Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins -, principalmente nos 36 municípios que mais desmataram em 2007.

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