segunda-feira, 31 de março de 2008

“Na Venezuela há total liberdade de expressão”, diz Chávez

Em O ESTADO DE S.PAULO:

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, pelas iniciais em espanhol) encerrou ontem sua reunião de meio de ano, em Caracas, denunciando uma série de violações aos princípios de liberdade de expressão por parte governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Em sua declaração final, a SIP, entidade que reúne representantes de jornais e revistas de todo o continente, conclamou Chávez a levantar normas que restringem o exercício da livre imprensa e condenou a manutenção do fechamento da emissora RCTV - cuja concessão de emissão em sinal aberto deixou de ser renovada em maio - e o confisco de seus equipamentos. Também exortou o Estado a parar com a política de concentração dos meios de comunicação para fins de doutrinamento social e denunciou o assédio governamental contra os meios independentes.
Chávez, em seu programa dominical Alô, Presidente!, destacou a presença de alguns dos jornalistas que participaram de encontro paralelo de mídia pró-governo - incluindo o cubano Ernesto Vera - e rejeitou as críticas de falta de liberdade de imprensa no país. Sem fazer referência direta à SIP, ele qualificou de “um sucesso” a reunião chavista. “Aqui há plena liberdade de expressão”, disse. “Parece-me que uma das grandes batalhas da atualidade é a batalha midiática. Mais do que isso, é a batalha das idéias.”
O documento da SIP também apontou para os riscos à liberdade de imprensa em vários outros países, incluindo Cuba, EUA, México, Colômbia e Brasil. “Quando viemos à Venezuela, em novembro, para preparar essa reunião, fomos advertidos de que não éramos bem-vindos”, declarou ao Estado o presidente da entidade, Earl Maucker. “O fato de estarmos aqui demonstra nossa disposição de nunca retroceder nessa causa da livre expressão.”
A reunião da SIP, aberta na sexta-feira, ocorreu em meio a um clima de ameaças veladas e provocações por parte do governo de Chávez e seus partidários. De acordo com o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, o guatemalteco Gonzalo Marroquín, vários hotéis de Caracas recusaram-se a abrigar o encontro por temor de represálias. O governo venezuelano - que há anos acusa os meios privados de promoverem uma “campanha bestial” contra Chávez - organizou às pressas uma reunião paralela, a duas quadras do encontro da SIP, para denunciar o “terrorismo midiático”. No sábado, um grupo de chavistas realizou um protesto na frente do hotel onde estavam os representantes da SIP - sem ocorrências graves.
O evento chavista, o Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, também se encerrou ontem, com pesadas acusações à SIP, a qual definiu como entidade “a serviço do grande capital e da CIA (a agência de inteligência dos EUA)”.

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