Jornalistas brasileiros, entre eles vários paraenses, que foram cobrir a visita a Belém, na última quinta-feira (27), do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tiveram uma pálida idéia – e ponham pálida nisso - de como os coleguinhas que não são chapas brancas e se opõem à ditadura chavista são tratados em seu próprio País.
Jornalistas brasileiros foram acomodados – muitos até preferem o termo “acondicionados” – num cercadinho. Tudo bem que o ambiente era o do confortável Hangar – Centro de Convenções. Mas cercadinho é cercadinho. E não inspira boas sensações. Decididamente, não inspira.
Mas a questão essencial não é esta. Se o cercadinho abrigasse democraticamente todos os profissionais de Imprensa, nada demais. E se todos os profissionais de Imprensa abrigados no cercadinho desfrutassem das mesmas regalias e encontrassem como obstáculos as mesmas restrições impostas pelo esquema de segurança, também nada demais.
A questão foi o tratamento discriminatório. Flagrantemente discriminatório. Aos jornalistas brasileiros franqueou-se, de início, apenas um canto do auditório, atrás de uns pilares. Depois, negocia daqui, negocia dali, o cercadinho foi ampliado, mas os brasileiros continuaram com uma grande pedra no meio do caminho: o extremo rigor do esquema de segurança do ditador venezuelano.
E os jornalistas venezuelanos – evidentemente que todos chapas brancas? Circularam à vontade pela Hangar. Vieram flanando (licença aí, Francisco) à frente de Chávez e ainda estrilaram – vejam só -, ainda cantaram de galo no terreiro alheio quando tiveram, por momentos, que dividir o mesmo espaço com os brasileiros. Achavam que no espaço só eles poderiam flanar. Ficaram achando.
E como terminou a exibição explícita de tratamento discriminatório? Terminou assim: apenas os jornalistas venezuelanos tiveram acesso à reunião fechada entre Chávez e a governadora Ana Júlia Carepa.
Quanto aos brasileiros, foram cantar – ou escrever – em outra freguesia, para constrangimento dos assessores de Imprensa Edir Gilet e Esperança Bessa, respectivamente do governo do Estado e do Hangar, que se desdobraram ao máximo para minimizar a discriminação escancarada.
É uma pena que o Cerimonial, a Segurança e outras instâncias quaisquer do governo do Estado que participaram da organização da visita do ditador venezuelano ao Pará não tenham oferecido um bafejo sequer de bom senso para evitar barreiras além da conta ao trabalho da Imprensa.
A discriminação demonstrou uma total rendição do governo do Estado ao esquema de segurança imposto pelo governo venezuelano. O que é inconcebível. A governadora Ana Júlia Carepa, independentemente das eventuais afinidades que possa ter com o estilo e os pendores ideológicos de Hugo Chávez, não poderia ter concordado com isso. A questão é saber se foi informada e aceitou tudo ou se nem chegou a ser informada por quem deveria informá-la. Nas duas hipóteses, houve falhas graves e cerceadoras ao trabalho da Imprensa.
Em seu país, Chávez trata a liberdade de informação a pedrada. Trata a pluralidade aos pontapés. E trata na bicuda os jornalistas que são jornalistas, ou seja, os que não são estipendiados pelo poder e não brigam com fatos, como tantos são os fatos que revelam o estilo autoritário, ditatorial de Hugo Chávez, a quem repugnam os valores democráticos e da livre Imprensa e das liberdades.
E ninguém venha com essa história de que Chávez venceu por “esmagadoras maiorias” e está chancelado e legitimado pelo apoio popular. Quem acha assim deve lembrar-se de experiências tantas, entre elas as de Hitler e Mussolini, que magnetizavam as massas, também tiveram apoio popular incontestável e nem por isso deixaram de perpetrar muitas das maiores atrocidades que a humanidade já conheceu.
No caso de Hugo Chávez, vários jornalistas já foram agredidos por partidários do ditador em manifestações. E dezenas vivem sob constantes ameaças e pressões quase irresistíveis. Só se tornam resistíveis porque as aspirações à liberdade e ao retorno da Venezuela à via democrática continuam presentes entre boa parte da sociedade venezuelana.
Ao contrário, o tratamento a pão-de-ló dispensado ao jornalismo chapa branca na Venezuela não tem fronteiras. A visita de Chávez ao Pará confirmou isso.
Jornalistas brasileiros foram acomodados – muitos até preferem o termo “acondicionados” – num cercadinho. Tudo bem que o ambiente era o do confortável Hangar – Centro de Convenções. Mas cercadinho é cercadinho. E não inspira boas sensações. Decididamente, não inspira.
Mas a questão essencial não é esta. Se o cercadinho abrigasse democraticamente todos os profissionais de Imprensa, nada demais. E se todos os profissionais de Imprensa abrigados no cercadinho desfrutassem das mesmas regalias e encontrassem como obstáculos as mesmas restrições impostas pelo esquema de segurança, também nada demais.
A questão foi o tratamento discriminatório. Flagrantemente discriminatório. Aos jornalistas brasileiros franqueou-se, de início, apenas um canto do auditório, atrás de uns pilares. Depois, negocia daqui, negocia dali, o cercadinho foi ampliado, mas os brasileiros continuaram com uma grande pedra no meio do caminho: o extremo rigor do esquema de segurança do ditador venezuelano.
E os jornalistas venezuelanos – evidentemente que todos chapas brancas? Circularam à vontade pela Hangar. Vieram flanando (licença aí, Francisco) à frente de Chávez e ainda estrilaram – vejam só -, ainda cantaram de galo no terreiro alheio quando tiveram, por momentos, que dividir o mesmo espaço com os brasileiros. Achavam que no espaço só eles poderiam flanar. Ficaram achando.
E como terminou a exibição explícita de tratamento discriminatório? Terminou assim: apenas os jornalistas venezuelanos tiveram acesso à reunião fechada entre Chávez e a governadora Ana Júlia Carepa.
Quanto aos brasileiros, foram cantar – ou escrever – em outra freguesia, para constrangimento dos assessores de Imprensa Edir Gilet e Esperança Bessa, respectivamente do governo do Estado e do Hangar, que se desdobraram ao máximo para minimizar a discriminação escancarada.
É uma pena que o Cerimonial, a Segurança e outras instâncias quaisquer do governo do Estado que participaram da organização da visita do ditador venezuelano ao Pará não tenham oferecido um bafejo sequer de bom senso para evitar barreiras além da conta ao trabalho da Imprensa.
A discriminação demonstrou uma total rendição do governo do Estado ao esquema de segurança imposto pelo governo venezuelano. O que é inconcebível. A governadora Ana Júlia Carepa, independentemente das eventuais afinidades que possa ter com o estilo e os pendores ideológicos de Hugo Chávez, não poderia ter concordado com isso. A questão é saber se foi informada e aceitou tudo ou se nem chegou a ser informada por quem deveria informá-la. Nas duas hipóteses, houve falhas graves e cerceadoras ao trabalho da Imprensa.
Em seu país, Chávez trata a liberdade de informação a pedrada. Trata a pluralidade aos pontapés. E trata na bicuda os jornalistas que são jornalistas, ou seja, os que não são estipendiados pelo poder e não brigam com fatos, como tantos são os fatos que revelam o estilo autoritário, ditatorial de Hugo Chávez, a quem repugnam os valores democráticos e da livre Imprensa e das liberdades.
E ninguém venha com essa história de que Chávez venceu por “esmagadoras maiorias” e está chancelado e legitimado pelo apoio popular. Quem acha assim deve lembrar-se de experiências tantas, entre elas as de Hitler e Mussolini, que magnetizavam as massas, também tiveram apoio popular incontestável e nem por isso deixaram de perpetrar muitas das maiores atrocidades que a humanidade já conheceu.
No caso de Hugo Chávez, vários jornalistas já foram agredidos por partidários do ditador em manifestações. E dezenas vivem sob constantes ameaças e pressões quase irresistíveis. Só se tornam resistíveis porque as aspirações à liberdade e ao retorno da Venezuela à via democrática continuam presentes entre boa parte da sociedade venezuelana.
Ao contrário, o tratamento a pão-de-ló dispensado ao jornalismo chapa branca na Venezuela não tem fronteiras. A visita de Chávez ao Pará confirmou isso.
6 comentários:
Paulo, linkei este post lá no Flanar.
Quanto à licença, fique à vontade!
Abração.
PB,
parabéns. É claro que sempre haverá jornalistas defendo Chávez, Fidel e outros congêneres, mas o seu post ajuda a mostrar o nível de ridículo que há nesta posição. Danem-se os ditadores, seja lá qual for a sua matriz ideológica. O material também improtante na hora de aprofundar a reflexão sobre as tentativas de grupos ligados ao PT em transformar o Brasil num estado policial, servindo-se da estrutura do governo para montar dossiês, aparelhar a máquina duma maneira assombrosa e praticar caça a bruxas em todos os setores o que põe a mão.
Mussolini, Hitler e Chávez foram resultado da leniência no trato deste tipo de coisa em seus países de origem. Aqui ainda estamos longe disso, mas não é por falta de vontade de muitos.
abs
Marcelo Vieira
Francisco,
Ousei postar antes de ser concedida a licença. Ainda bem que o "nihil obstat" veio logo. Obrigado pela distinção lá no Flanar.
Abs.
Grande Marcelo,
Você tocou no ponto certo, amigo. Tocou no Ponto G (rsssss): em termos de ditadores, não importa a matriz ideológica, todos são repulsivos e devem ser excluídos de quaisquer contemplações.
Mas muitos, inclusive na nossa "catiguria", não compreendem isso.
Seu comentário vai pra ribalta mais tarde.
Abs.
Sem querer defender Chavez, que é mesmo um caudilho da pior qualidade, pergunto aos coleguinhas anti-Chavez: quando voces investiram com igual virulência contra o capitalismo mais predador que dominou a Venezuela durante séculos? Quantos defenderam a liberdade de imprensa quando a imprensa venezuelana só dizia amém aos desígnios estipulados pelo poder dos petrodólares? Com essa posição, fica difícil acreditar em defesa dos verdadeiros direitos democráticos.
Anônimo das 13:42,
O melhor do seu comentário é considerar o Chávez um "caudilho da pior qualidade".
Ótimo que vc. é uma voz meio dissonante só por aqui.
Só por isso, por você discordar, vou postá-lo na ribalta, neste domingo, para discutirmos lá.
Volte sempre. Sobretudo quando for para discordar.
Abs.
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