sábado, 9 de fevereiro de 2008

O caso Uepa e suas conseqüências

Com a impetração, pela Procuradoria Geral do Estado, de agravo de instrumento que pede a suspensão dos efeitos de liminar que paralisou o processo de escolha de reitor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), volta o debate sobre a competência da PGE para atuar em juízo no caso, sobre inspirações políticas que cercam o assunto e sobre o processo eleitoral da Uepa.
Por isso é que o blog disponibiliza aqui na ribalta as considerações de dois leitores e, em seguida, o posicionamento do Espaço Aberto.

Do leitor Renato:

Meu deus do Céu!!! não acredito nisso: o GOVERNO DO ESTADO é que entrou com recurso para viabilizar a candidatura do Bira...e pior: a própria procuradora que entrou com a ação, rrsrsr esse estado está em boas mãos. Aparelhamento do executivo, do judiciário agora, e por fim, de um espaço do conhecimento:Uepa. Tudo isso por causa de um partidarismo que se mostrou ao longo da história (e agora também)prejudicial e culminou em destruição de sonhos...eu era petista, mas depois disso...acabei como órfão. Lamentável... parabéns ao fingimento de crenças, a incompatibilidade de virtudes, parabéns a hipocrisia!

De um Anônimo:

Desculpe poster mas, o Renato tem razão... diante de todos os fatos e ocorridos no que diz respeito ao processo eleitoral a PGE foi em cima dos interesses partidários sim! Só que mascarados pela ação ser contra o estado. Quanto ao regimento eleitoral tenho que discordar também: ele é simples e de fácil leitura. O princípio da lista tríplice é fato nas IES públicas brasileiras. Chega a ser uma boa oportunidade dos governantes mostrarem-se democráticos (o que nossa governadora pelo jeito não faz questão). Além disso, quanto votada a aprovação do novo estatuto da UEPA, a sra governadora, quando soube que um grupo da estatuinte pretendia derrubar a lista tríplice e enviar ao palácio dos despachos apenas o nome do vencedor do pleito, chamou o atual reitor e pediu-lhe para intervir em favor da lista tríplice para dar-lhe o direito da nomeação. Quem estava lá viu.

Do Espaço Aberto:

Quanto às inspirações e preferências partidárias da PGE, isso fica a juízo de cada um.
Mas é inegável, é inequívoco que a PGE, por imposição processual, precisava ela mesma impetrar o recurso, porque o governo do Estado é que foi demandado, e não o professor Bira Barbosa como pessoa física.
Quanto ao processo eleitoral na Uepa, reafirmo o que já foi dito aqui no blog várias vezes: é torto, é enviesado, não o considero de fácil leitura, quem o aprovou pretendia disseminar a confusão - tem até uma fórmula matemática pelo meio.
É um processo eleitoral que, enfim, não atende aos anseios da comunidade universitária. E tanto é assim que também aqui no blog, em oportunidades anteriores, já se manifestaram tanto os simpatizantes da candidatura do professor Sílvio Gusmão como os simpatizantes da candidatura do professor Bira Rodrigues. E todos concordaram que é preciso simplificar o processo eleitoral.
Quanto ao fato de a lista tríplice ser adotada nas instituições de ensino superior, desculpe, Anônimo, mas isso quer dizer tudo e não quer dizer nada. Quer dizer tudo porque a quase totalidade das instituições adotam a tal lista tríplice. E quer dizer nada porque nada impede que a Uepa se desvie desse erro.
Eleição é eleição, caro Anônimo. Elege-se um, apenas um e pronto. Até em reunião de condomínio é assim.
Mas as universidades, as academias querem ser diferentes. E conseguem sê-lo não apenas diferentes, mas excludentes, ja que mantêm o tal "peso" para o voto, o que é inconcebível.
O próximo reitor, seja quem for, deveria convocar a comunidade universitária no dia seguinte à sua posse e iniciar um grande debate para mudar esse processo. Todos agradeceriam. E o governador, também seja quem for, não seria alvo de pressões para escolher A, B ou C. Seu papel seria apenas homologatório.
As universidades não prezam sua autonomia? Pois seria um exemplo do exercício da autonomia a Uepa remeter à governadora um ofício mais ou menos nos seguintes termos: "Remeto a V. Exa., para homologação, o nome do Professor-Doutor Fulano de Tal, vencedor da eleição para reitor da Universidade do Estado do Pará (Uepa)".
Pronto. Só isso. E PT (ops!) saudações.

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