Úrsula Vidal: independentemente do resultado da consulta ao TSE,
desgastes político-eleitorais são certos. E podem ser também irreversíveis.
Aos poucos, vão-se desanuviando as nuvens do mistério sobre os motivos que levaram a (ainda) secretária de Estado de Cultura, Úrsula Vidal (Podemos), a correr o risco de permanecer no cargo além do dia 4 de junho – quando deveria ter-se desincompatibilizado -, mesmo sabendo que poderá ficar inelegível para o pleito deste ano.
Nesta quinta-feira (9), o Repórter Diário, principal coluna do jornal Diário do Pará, traz a nota ao lado.
Úrsula, como se vê, está fazendo uma consulta
formal ao TSE para saber se o prazo para a desincompatibilização de secretários
que aspiram a uma candidatura de prefeito – caso dela – continua a ser o de 4
de junho ou mudou, após o advento da Emenda Constitucional 107/20, que adiou as
eleições de outubro para os dias 15 e 29 de novembro.
Reitera-se pergunta feita em postagem aqui no
blog: por que a secretária pagou pra ver, arriscando-se a não disputar a eleição para prefeito de Belém?
Por que ela, evitando correr qualquer risco, não
saiu até mesmo antes de 4 de junho, poupando-se assim de quaisquer contratempos
legais?
Quem a orientou para agir da forma que vem
agindo? Foi o seu próprio faro político? Foram os estrategistas políticos que a
assessoram? Foram entendimentos jurídicos consistentes?
Ela ficou para trabalhar pela aprovação da Lei
Aldir Blanc, diz a nota. Mas quando ficou, tinha a mínima certeza de que isso
não lhe acarretaria embaraços legais, no caso de que viesse a disputar as
eleições?
Fonte com livre trânsito nos meios
político-partidários externou há pouco a seguinte análise ao Espaço Aberto: “Ela [Úrsula] só está
fazendo isso pra ganhar espaço na mídia. Está criando um balão de ensaio para
se beneficiar da lembrança do nome na mídia. Em verdade, Úrsula não queria – ou
não quer – ser candidata. Ela abriu mão em favor do Edmilson”.
Edmilson é Edmilson Rodrigues, o pré-candidato do PSOL que fechou uma aliança com o PT.
Enfim, ninguém sabe ao certo as motivações de
Úrsula Vidal.
O que se sabe, agora, é que a secretária
meteu-se num imbróglio plenamente esperado desde 4 de junho, data em que
deveria ter deixado o cargo: sua candidatura à Prefeitura de Belém permanecerá
como algo imprevisível, acarretando-lhe desgastes político-eleitorais
expressivos.
Por quê?
Por vários motivos, entre eles três principais.
Primeiro, há pouquíssima chance de o TSE
pronunciar-se pelo entendimento de que, após a EC 107/2020, o prazo vencido de 4 de junho foi adiado para 14 de julho.
Segundo, já que estamos em recesso nos tribunais
superiores, o TSE só deverá pronunciar-se lá para agosto, quando deverão estar
vigorando novos prazos, inclusive para a escolha definitiva dos candidatos em
convenções partidárias.
Terceiro: os prazos de desincompatibilização são
regulados por lei complementar, e a excepcionalidade é decorrente de emenda
constitucional, fato que reforça a dificuldade em acolher-se tese oposta à de
que candidatos na mesma situação de Úrsula já perderam o prazo para se
desincompatibilizar.
A consulta ao TSE, fique bem entendido, pode ser
feita pelos partidos, entre outros legitimados, cujo rol foi estabelecido em
lei.
As consultas devem ser feitas em caráter sempre
abstrato e geral. Ou em tese, como se
diz tecnicamente. Mesmo assim, a Justiça Eleitoral, quando responde a uma
consulta, de certa forma antecipa o entendimento sobre a questão abordada, uma
vez que as normas eleitorais estão em constante mutação.
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