A informação publicada em O LIBERAL desta
quinta-feira (2) e repercutida aqui no Espaço
Aberto, sobre o caso de servidora da Seduc que teria tomado álcool em gel em garrafa pet não rotulada, pensando que fosse água gelada, levantou uma questão: onde estão todas – ou mesmo
parte – das garrafas pet adquiridas pela Sespa e que ensejou uma ação civil de
improbidade ajuizada pelo promotor de justiça Daniel Azevedo?Daniel Azevedo: investigações exaustivas
não lhe permitiram saber o destino de
1,140 milhão de garrafas pet vazias
A resposta, objetiva, é a seguinte: ninguém
sabe. Nem mesmo o promotor. E ele passou várias semanas instruindo a ação que
pretendia ajuizar. Para tanto, como está dito na própria petição inicial, foram
solicitadas informações formais à Sespa, mas nenhuma resposta foi oferecida na
fase extrajudicial, ou seja, quando o Ministério Público ainda estava
investigando o caso, para decidir se era o caso de ingressar ou não com uma ação
judicial.
Para certificar-se sobre o destino das 1,140
milhão de garrafas pet vazias, adquiridas pela Sespa ao custo de R$ 1,710
milhão, para envasar álcool gel, o Espaço
Aberto consultou diretamente o promotor para saber se ele, no curso das
suas investigações, conseguiu descobrir qual o destino dado aos recipientes.
“Conforme consta na ação interposta, foi
requisitada essa informação para o secretário de Saúde, o qual nunca respondeu,
mesmo passado o prazo de 10 dias concedido para tanto, pelo Ministério Público”,
informou o promotor, por nota, ao Espaço
Aberto.
“Além disso, mesmo após a interposição da ação
de improbidade, também não foi possível ser obtida essa informação, pois o
juízo não se manifestou, deferindo o pedido de busca e apreensão, apresentado
pelo Ministério Público, para ser cumprido na Sespa, no qual poderiam ter sido
localizados documentos que indicassem onde estariam armazenadas tais garrafas
ou mesmo, talvez, fosse possível serem encontradas durante a própria execução
da medida”, acrescentou o promotor.
Como se sabe, o juiz da 1ª da Fazenda Pública de
Belém, Magno Chagas, quebrou os sigilos bancário e fiscal do então secretário de Saúde, Alberto
Beltrame, e de outras seis pessoas e mais duas empresas, mas não deferiu outras
medidas solicitadas pelo MPPA, inclusive busca e apreensão e o bloqueio de bens
dos envolvidos. Por isso, o promotor recorreu da decisão liminar.
É espantoso que até agora ninguém, nem mesmo o
Ministério Público, tenha cravado o feito de descobrir o que foi feito não de
uma, nem de duas ou de 200 mil, mas de 1,140 milhão de garrafas pet vazias
adquiridas pela Sespa.
E diga-se mais: tudo indica que a operação foi
tão fraudulenta que não livrou nem mesmo o então secretário Alberto Beltrame,
que disse ter mandado abrir sindicância para descobrir como escanearam e colaram suas assinaturas,
sem que ele soubesse.
Quem sabe o novo titular da Sespa, Rômulo
Rodovalho, não descobre? Ele é delegado da Polícia Federal. Tem, portanto,
experiência – ou expertise, como se modernamente - suficiente em
investigações. Poderia muito bem começar por aí.
Aliás, o Espaço Aberto também formulou à Sespa a mesma pergunta feita ao Ministério Público. Até o presente momento, a Sespa não respondeu às indagações do blog.
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