sábado, 25 de julho de 2020

Simão Jatene bate o martelo e anuncia que não será candidato a prefeito de Belém em novembro


O ex-governador Simão Jatene (PSDB) anunciou na última terça-feira (21), em reunião realizada no escritório do PSB, que não será candidato a prefeito de Belém nas eleições de novembro. O prefeito tucano Zenaldo Coutinho esteve presente ao encontro, juntamente com o deputado federal Cássio Andrade (PSB), o deputado estadual Thiago Araújo (Cidadania) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Mauro Freitas (PSDB), apontados como os três nomes que poderão concorrer à prefeitura numa composição que deve envolver em torno de dez legendas.
No encontro, Jatene, que vinha sendo alvo das pressões de alguns segmentos para ser candidato, justificou sua desistência alegando que, além de sua longa trajetória política - na qual desponta o fato de ter sido o único político paraense eleito governador do estado por três vezes, pelo voto direto -, ele mesmo deixou o governo do Pará há apenas um ano e meio, daí achar que a hora é de renovação.
O ex-governador reforçou que uma candidatura jovem é muito mais relevante na atual conjuntura e tem melhores condições de disputar a Prefeitura de Belém. Mas adiantou que vai ter presença ativa no apoio ao candidato que vier a ser escolhido, comprometendo-se, inclusive, a participar da elaboração do programa de governo. Para tanto, Jatene deverá debruçar-se inicialmente no levantamento de números que forneçam um panorama da situação em que a Capital se encontra em vários setores, para alicerçar as propostas que deverão ser defendidas pelo candidato durante a campanha eleitoral.
O Espaço Aberto apurou que, na reunião, não chegou a se definir quem será o candidato. Mas é quase certo que essa escolha recairá entre Cássio Andrade ou Thiago Araújo, uma vez que o vereador Mauro Freitas deverá mesmo disputar a reeleição para a Câmara Municipal.

Decisão de Jatene reforça muitas dúvidas e poucas certezas


A decisão de Jatene representa novas perspectivas eleitorais que se esboçam daqui para a frente, ao mesmo tempo em que começa a expor com mais clareza várias alternativas e possibilidades sobre as forças políticas que aos poucos haverão de se amoldar às conveniências, interesses e circunstâncias inerentes e naturais em qualquer processo eleitoral.
Uma das questões que a decisão de Jatene suscita é bem clara: além do deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), definido e proclamado como pré-candidato, numa aliança que inclui o PT, PDT, PCdoB e outras legendas, que outros nomes estarão nos palanques pleiteando o cargo de prefeito da Capital? Para que essa conjunção de forças se exiba claramente, ainda estão em curso negociações de bastidores que por enquanto oferecem muitas dúvidas e poucas certezas.
No momento, por exemplo, é certo que o PSD terá um candidato a prefeito. Mas ninguém sabe se será o deputado federal Éder Mauro ou o estadual Gustavo Sefer. Interlocutor qualificado garantiu ao Espaço Aberto que Éder Mauro fez gestões pessoalmente, junto ao presidente Jair Bolsonaro, em busca de apoio para ser confirmado candidato.
Bolsonaro falou com o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab. Mas a conversa teria resultado em pouca coisa - ou mesmo em nada - de proveitoso em favor de Éder Mauro, porque Kassab lembrou que até mesmo já fez publicamente o anúncio de seu apoio à candidatura de Gustavo Seffer, durante visita do deputado a São Paulo, em outubro do ano passado, na companhia do presidente do PSD no Pará, Helenilson Pontes (veja o vídeo abaixo).

 

Outra quase certeza: o deputado federal Vavá Martins será candidato a prefeito de Belém, mas também não se sabe até que ponto o partido dele, o Republicanos, será capaz de aglutinar apoios de substância para torná-lo competitivo. No exercício de seu primeiro mandato legislativo, o deputado, gaúcho de Pelotas, é pastor da Igreja Universal e elegeu-se na onda do bolsonarismo.

Helder é o quarterback que está com a bola na mão para fazer o passe

E o MDB? E o governador Helder Barbalho, um grande eleitor no pleito de novembro, até mesmo pela relevância do cargo que ocupa, o que fará? Não é sempre, mas às vezes o repórter assiste às partidas da NFL. E quem as assiste pode lembrar-se de Helder. Nesse cenário pré-eleitoral, ele é uma espécie de quarterback, aquele jogador que, no seu time, desempenha a função mais importante: cabe-lhe fazer o passe decisivo que pode descobrir um companheiro em posição mais privilegiada para marcar um ponto.
Helder, como o quarterback, está com a bola na mão e pronto para fazer o passe. Para tanto, espera os adversários se movimentarem mais, até que se ofereça uma oportunidade para definir o lance. Enquanto não o faz, o governador acaba numa situação em que até seus silêncios soam como um grito.
Esse silêncio, como já mostrou o Espaço Aberto em postagem nesta sexta-feira (25), tem incomodado segmentos majoritários do MDB, que não apenas defendem cada vez mais intensamente a candidatura do deputado federal José Priante, em detrimento da candidatura do vice-prefeito Orlando Reis, como acham que esperar muito por essa definição é arriscado, porque poderia comprometer a mobilização das bases partidárias para trabalhar em favor do nome eventualmente escolhido.
Mas, independentemente do nome que o governador escolher como candidato de seu próprio partido, convém avaliar sua interferência - ou reflexos dela - na correlação das forças que vão se enfrentar em novembro. E aí surge a indagação: mesmo quando o candidato do MDB for conhecido, será esse o nome que Helder, in pectore - intimamente, lá no fundo do coração, da alma e dos seus mais recônditos pensamentos -, gostará de ver eleito prefeito de Belém? Pode até ser. Mas pode também não ser. Algumas evidências demonstram isso.
O governador, por exemplo, pode ter o maior interesse em que Edmilson Rodrigues seja o sucessor de Zenaldo Coutinho. Por quê? Por várias razões.
Primeiro: partidos que integram a base de apoio de Helder - como o PDT, o PT e o PCdoB - estão fechados com Edmilson. Segundo: a petista Ivanise Gasparim será vice na chapa de Edmilson. Terceiro: Beto Faro, o presidente estadual do PT, é apontado hoje como o mais barbalhista entre os petistas. "Tu acreditas que todas essas negociações para a indicação da vice do Edmilson se processaram e foram definidas sem que o Helder fosse ouvido?", perguntou há pouco um interlocutor com quem o blog conversou.
Temos ainda a já mencionada disputa no PSD, entre Éder Mauro e Gustavo Sefer. O partido também integra a base de apoio do governador. Rogério Barra, um filho de Éder Mauro, chegou a ocupar a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do governo Helder até maio deste ano. Mas quando ele pediu exoneração da Sejudh e depois que a secretaria foi alvo de uma busca e apreensão inédita - com aparato policial e tudo - ordenada administrativamente pela própria Auditoria Geral do Estado, a coisa desandou. E Éder Mauro passou a figurar como um dos mais estrepitosos, vociferantes e radicalmete empedernidos inimigos políticos de Helder.
O governador ficará à margem dessa disputa interna no PSD, correndo o risco de ver confirmada a candidatura de Éder Mauro, seu novo inimigo político? Ou fará, por baixo dos panos, gestões para que Gustavo Sefer concorra e atue como uma espécie de candidatura auxiliar do governador nas eleições de novembro? Eis outra questão que apenas o tempo dirá. E esse tempo urge, vale ressaltar.

Pesquisas mostravam Úrsula como quase imbatível para ser a primeira prefeita de Belém

E o caso Úrsula Vidal, aquela que desistiu de ser candidata a prefeita de Belém ao convencer-se, depois de todo mundo, que o prazo para desincompatibilizar-se do cargo de secretária de Estado de Cultura era 4 de junho, e não 14 de julho, conforme explícito e expresso nas regras eleitorais?
Um fonte ouvida neste sábado, pelo Espaço Aberto, confirma ter visto pesquisas qualitativas - as mais profundas e abrangentes, que aferem opiniões, impressões, expectativas e avaliações mais subjetivas do eleitor em relação a determinado candidato - indicando que Úrsula Vidal, até anunciar sua desistência, era a melhor colocada, a mais competitiva para disputar a Prefeitura de Belém. E seus números apontavam que a secretária ostentava uma grande, para não dizer uma enorme chance de tornar-se a primeira prefeita de Belém em quatro séculos de história da cidade.
Esse fato, conforme a fonte do Espaço Aberto, torna ainda mais intrigante a desistência da secretária. "Tudo indica que ela deixou passar o dia 4 de junho e esperou um movimento mais concreto, mais percptível do governador no sentido de apoiar sua eventual candidatura a prefeita. Mas isso acabou não acontecendo. E a secretária, parece, preferiu não trocar o certo pelo duvidoso, ou seja, preferiu ficar na Secult a aventurar-se numa candidatura que poderia ser impugnada legalmente, por estar em desacordo com as regras eleitorais", especulou a fonte.
E quem Helder escolherá no MDB, já que irreversivelmente terá de escolher alguém? Observadores com quem o blog conversou neste sábado apostam que, muito embora seja evidente a preferência dos próprios emedebistas por Priante, não se descarta que o escolhido seja Orlando Reis.
Por esse raciocínio, a candidatura de Priante poderia não ser a preferida do governador em decorrência de laços familiares, uma vez o deputado é primo do senador Jader Barbalho, pai de Helder. Com isso, o governador estaria adotando excessivas cautelas para evitar que seu apoio venha a ser confundido como uma estratégia para ampliar a influência política de sua família nos destinos do estado, tendo em vista o peso político representado pela figura do prefeito de Belém. Caberia, então, o nome de Orlando Reis. Mas há quem diga que, da mesma forma que ocorreu com Úrsula, Helder até agora não deu demonstrações explícitas de que vai apoiá-lo.
Como se vê, esse jogo preliminar, que antecede a definição das candidaturas para novembro à Prefeitura de Belém, só vai mesmo acabar quando terminar.
E tudo que indica que só terminará à undécima hora.

Um comentário:

Marcos Souza disse...

Queridos, o prazo de desincompatibilizacao de ordenadores de despesa não se encerrou em 4 de junho, se encerrou em 4 de abril!