sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"Leviatã", a liberdade e a corrupção. Muita corrupção.



Nestes tempos em que o obscurantismo e a liberdade plena - para não dizer ilimitada de expressão - podem ser tão contrastantes como a vida e a morte, não deixa de ser curioso quando a palavra, o verbo, a linguagem são amplamente utilizados para camuflar posicionamentos políticos que podem ser comprometedores e, digamos assim, meio perigosos.
Olhem o caso de Andrei Zvyagintsev, que dirigiu Leviatã, apontado como o favorito para ganhar o título de melhor filme estrangeiro na festa do Oscar, em 22 de fevereiro.
O filme - que provavelmente não chegará a Belém, esta terra terra em que bons filmes nunca chegam ou, quando chegam, só são exibidos durante dois ou três dias - é ótimo. E tem tudo a ver com este Brasil de petrolões, mensalões e corrupções desbragadas, com dinheiro enfiado cuecas adentro.
Leviatã conta a história da roubalheira que dominou o sistema político na Rússia pós-comunista, sobretudo e principalmente na era desta autocracia implantada por aquilo a que se convencionou chamar de era Putin.
Corrupção na era Putin?
Digam isso para Zvyagintsev e vocês vão ver um homem jogando com suas próprias palavras e com as circunstância que o cercam.
“Você acha? Por quê?”, tem perguntado Zvyagintsev, quando confrontado com a pergunta sobre se o filme que ele dirigiu é uma contestação ao poder.
Mas as cenas que mostram burocratas corruptos sempre exibem ao fundo o retrato do czar Vladimir Putin. Espiem só no trailer acima e assistam a alguns minutos de um filme que a crítica tem classificado como o maior ataque ao regime já feito na Rússia.
“Ah, isso? Mas se a história é contemporânea e ele é o governante, o retrato de quem você queria que eu colocasse? Ainda não mostrei o filme para ele, mas duvido que Putin pense que o estou confrontando. Além do quê seria absurdo.”
Hehehe.
Nestes tempos em que o obscurantismo e a liberdade plena - para não dizer ilimitada de expressão - podem ser tão contrastantes como a vida e a morte... Vocês já sabem.
Ah, sim.
Neste final de semana, está estreando em Belém A teoria de tudo, também concorrente ao Oscar e baseado na biografia de Stephen Hawkin.
Espiem só: no Cinépolis, do Boulevard Shopping, na Doca, estão programadas apenas e tão somente duas sessões hoje, amanhã e domingo, uma às 17h15, outras às 22h30. Outros filmes estão sendo exibidos em 350.525 sessões.
Hehehe.
Em Belém, bons filmes nunca chegam ou, quando chegam... Vocês já sabem.

Nenhum comentário: