segunda-feira, 9 de junho de 2014

O que a Copa tem a ver com as eleições para presidente?


Parece coincidência, meus caros.
Mas não é.
Não é tanta coincidência, não.
Nos últimos dez dias, pelo menos quatro pessoas, por telefone, e-mail ou tête-à-tête, têm externado ao poster uma sentença que, guardadas as pequeníssimas variações do linguajar de cada um, significa o seguinte, em resumo resumidíssimo:
- Vou te dizer uma coisa: na Copa, eu vou torcer contra o Brasil, só para o PT perder as eleições.
O último que disse isso foi um leitor do blog, ontem à noite, pelo Zapzap.
- Vou torcer contra o Brasil para o PT se ferrar - afirmou.
Logo depois, amenizou um pouco a, digamos assim, vingança eleitoral-futebolística:
- É só brincadeira. Não tenho coragem de torcer contra o Brasil, mas lamento, e muito, que a petelhada se beneficie de uma eventual conquista.
São antipetistas empedernidos que dizem isso?
São. Em regra, são.
Mas mesmo entre os que não são antipetistas empedernidos, a percepção geral, a expectativa mais corrente é a de que a performance da seleção brasileira na Copa do Mundo vai influenciar na hora de voto.
Aos fatos, pois.
Nas últimas duas décadas, desde que as eleições presidenciais voltaram a coincidir com a realização da Copa, os resultados desmentem a ideia de que o desempenho da seleção brasileira se reflita diretamente nas uras.
Em cinco mundiais, apenas e tão somente em 1994 houve a coincidência de resultados. Naquele ano, o Brasil conquistou o tetracampeonato e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que representava a continuidade do governo Itamar, venceu a eleição.
Depois, nas quatro disputas que se sucederam, FHC conseguiu a reeleição, apesar do fiasco do Brasil na França, em 1998; Luiz Inácio Lula da Silva (PT), oposicionista ao governo tucano, foi eleito no ano em que a seleção faturou o penta;  o mesmo Lula se reelegeu em 2006, muito embora a seleção tenha levado o farelo; e o mesmo Lula fez a sucessora, Dilma Rousseff (PT), em 2010, quando o Brasil novamente foi derrotado.
Uma coisa, portanto, nada tem a ver com a outra.
Mas há cientista político sustentando que a aprovação ou a reprovação do governo pode aumentar ou cair em função da Copa do Mundo, muito embora essas variações não sejam significativas.
É melhor, portanto, que petistas, antipetistas, tucanos e antitucanos não se escudem nessas vinculações enganosas ente a Copa e as urnas.
Daí que é melhor torcerem mesmo pela seleção do Felipão.
Mas sem ufanismo, meus caros.
Sem qualquer ufanismo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Por óbvio, nobre Pôster, que está Copa em tudo se distingue das anteriores. A pouca empolgação da população em geral, comparada com a fervilhante ansiedade que se viu nas vésperas dos mundiais passados, é reflexo disso.

Essa Copa foi o expoente maior da corrupção, incompetência e má aplicação do dinheiro público no Brasil em muitos anos. O brasileiro, que aos poucos vem se insurgindo e se revoltando cada vez mais com o modo arcaico e anti-republicano de se fazer política nesse país, de tão cansado de tudo isso, até a seleção, paixão nacional, está deixando de lado.

Se há um mérito a ser reconhecido no PT foi conseguir o inimaginável: reduzir a paixão do brasileiro pela seleção e pela Copa do Mundo e minimizar os efeitos da nefasta política do pão e circo, a despeito de o objetivo petista ter sido o exato oposto do resultado alcançado.

O reflexo do desempenho da seleção nas urnas, acredito, será direto e decisivo. Enquanto a seleção avança na competição, o povo, entorpecido pela disputa e pela paixão futebolística, deixa de lado os malfeitos desse governo na Copa; perdendo, porém, a seleção, toda a cólera popular retornará ainda mais forte, com o acréscimo da frustração com a derrota.

Serei mais um dos muitos a torcer fervorosamente pela derrota do Brasil na Copa. E que seja logo no começo, no intergrupos, pelo bem do futuro desse país.

Anônimo disse...

Desde 82 perdi aquela antiga disposição de torcer. O motivo é óbvio. Com o decorrer dos anos foi diminuindo e hoje torço apenas por ser brasileiro. Os esquemas são horríveis e prevalece o preparo físico. O esquema do Guardiola é irritante e sem criatividade. É 90% de posse de bola e nem chutam a gol de longa distância. Dribles, improviso? Só quando Messi estava inspirado e no Bayern, Robben. O futebol está triste. O medo de perder de Bearzot em 82 venceu. Talvez o velho técnico italiano não saiba, mas ele revolucionou o futebol ao contrário. Se houvesse mais Telês e Rinus nMichels, a história seria diferente. Quanto à política, derrota não ganha eleição e nem vence. Mas milhões de votos do bolsa não-sei-das-quantas (criado aliás por FHC) sim.

Anônimo disse...

Eu vou torcer pelos dois: para Seleção ganhar e pra Dilma perder!