Júlio César defende pênalti contra o Chile. E agora, quem dirá que ele não deveria ser o titular da seleção? (foto de Manu Fernandes/AP) |
Fosse o repórter aqui o técnico Felipão, abriria mais ou menos a coletiva do último sábado, após a classificação do Brasil, nos pênaltis, para as oitavas de final da Copa do Mundo.
Diria assim:
"Boa tarde a todos. Antes que vocês me façam perguntas, eu faço uma para ser respondida por qualquer um dos jornalistas aqui presentes: eu errei ou acertei ao convocar o Júlio César e mantê-lo como titular da seleção brasileira?"
Seria uma dilícia, convenhamos, ver coleguinhas cheio de tartamudeios, gaguejando, enrolando em meio a tantos erres e efes, expelindo explicações e justificativas para dizerem, em tradução, que eles estava errados quando criticaram Felipão por ter convocado Júlio César, injustamente acusado de ser um jogador em fim de carreira e que, por isso, não deveria mais ser convocado e muito menos ser o titular.
Está aí.
Júlio César salvou a seleção brasileira da eliminação.
Defendeu dois pênaltis magistralmente.
Antes, na segunda etapa do tempo normal, já defendera, também de forma magistral, uma finalização de Aranguiz.
Como todo bom goleiro precisa ter sorte, a sorte o acompanhou duas - e decisivas - vezes.
A primeira, aos 13 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Pinilla acertou o travessão, naquele que poderia ser o lance fatal para o Brasil, se a bola entrasse.
A segunda, no pênalti desperdiçado por Jara, que acertou a trave esquerda de Júlio César e acabou garantindo o Brasil nas quartas de final.
E vejam só.
Quanto terminou a prorrogação e definiu-se que a decisão da vaga seria nos pênaltis, Júlio César caiu no choro.
Mas longe de imaginar-se que ele estava se acovardando.
Longe de imaginar-se que estava apenas entrando na onda do chororô que domina a seleção brasileira (vejam a postagem abaixo).
Longe disso.
O choro do goleiro, parece, era apenas o combustível que faltava para torcê-lo naquele momento capital da partida.
E ele fez o seu papel.
Depois, aos prantos - e aqui sim, um choro dos mais justificados - disse assim ao repórter Tino Marcos:
Quatro anos atrás, eu dei uma entrevista, muito triste, muito chateado, emocionado. Estou repetindo hoje com você. Mas com felicidade. Só Deus sabe, e a minha família, o que eu passei e o que eu passo até hoje. Mas eu sei que a minha história na Seleção não acabou. Meus companheiros estão me dando muita força, pra chegar dentro de campo e dar o meu melhor. Faltam três degraus. Eu espero dar outra entrevista, de felicidade e com o Brasil todo em festa. Esse é meu grande sonho.
Grande Júlio César!
E então, Felipão errou ou acertou ao convocar Júlio César e mantê-lo como titular, hein?
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