Joaquim Barbosa: a impressão - só a impressão - é a de que todos são salafrários e só ele é a vestal |
Joaquim Barbosa, o ministro de excelsas qualidades, menos a da temperança, voltou a dizer o que mais ou menos quis, para logo em seguida ouvir o que, muito provavelmente, não quis.
Foi na sessão de ontem, da Corte Suprema de Justiça.
O clima esquentou depois que o presidente do STF, ministro Ayres Britto, sugeriu a Marco Aurélio Mello que ele e a ministra Cármen Lúcia votassem após o intervalo da sessão sobre a pena a ser imposta a Ramon Hollerbach, um dos réus do mensalão condenado por crime de lavagem de dinheiro.
Marco Aurélio passou a fazer críticas ao sistema de votação da corte, principalmente, na última sessão em que ele e a ministra Cármen Lúcia não estavam presentes.
Enquanto Marco Aurélio falava, Barbosa fez uma intervenção, inaudível para quem acompanha pela TV, provocando a ira do interlocutor:
Travou-se então o seguinte, sucinto e nada excelso diálogo entre Suas Excelências:
- Vossa Excelência cuide das palavras quando eu estiver falando - diz Marco Aurélio.
- Eu cuido muito bem do vernáculo, ministro!
- Não suponha que todos nesse tribunal sejam salafrários, ministro, e só Vossa Excelência seja uma vestal - devolveu Marco Aurélio.
Diante dessa sentenciosa avaliação, Barbosa resolveu reduzir a marcha de quarta - ou quinta - para uma segunda, digamos assim:
"Vamos dar prosseguimento ao julgamento, que é isso que a nação espera de nós", propôs Barbosa.
Como será Joaquim Barbosa mediando uma parada dessas quando estiver na presidência do Supremo?
Na presidência do Supremo, Joaquim Barbosa servirá como ponto de equilíbrio, como o algodão entre cristais, como o cara que, diante das exasperação dos colegas ou da possibilidade dele mesmo exasperar-se, procura tirar por menos?
Ou Joaquim Barbosa, como presidente do Supremo, será simplesmente Joaquim Barbosa?
2 comentários:
Nooooossa quanto raivinha do Barbosa. Os outros podem se indignar e o Joaquim não?
O ministro é preparado, ele saberá se comportar, sim. É normal que a popularização de seu nome e imagem tenha tocado em sua vaidade. Mas, uma vez presidente, ele perceberá que precisa agir com equilíbrio.
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