segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Frida por inteiro. Com dores e amores.

Frida de todos as cores.
Frida de todas as dores.
Frida de todos os amores.
Frida que enfrentou horrores.
Que viveu terrores.
Que mesmo assim não se quedou e nem emudeceu.
E nem deixou de amar.
Apesar das dores.
E apesar dos seus amores.
Frida usou suas dores para expressar em cores um mundo que pode ter sido até só seu, mas também expressou um México orgulhoso de suas tradições, de seus mitos, de suas crenças, de sua cultura, de sua gente.
Frida - A Biografia (Editora Globo, 624 páginas) não é, de fato, uma biografia.
É A Biografia.
Hayden Herrera, a autora, não disseca apenas a vida da pintora mexicana Frida Khalo e sua relação intensa, tumultuada, extremada, extática (com x mesmo), catártica com seu marido Diego Rivera, o ícone do muralismo.
O texto se estrutura com comentários estéticos que, muito embora atendam ao rigor que se espera de quem se propõe a oferecer juízos técnicos sobre obras de arte, situam perfeitamente o leitor sobre a vinculação - íntima, uterina, carnal - entre as telas de Frida Khalo e os momentos terrivelmente dramáticos que ela enfrentou na vida.
Frida sofreu um acidente num fim de tarde, em 17 de setembro de 1925. O ônibus - de madeira - em que ela ia colidiu com um bonde no trajeto entre a Cidade do México e a cidadezinha de Couyoacán, onde a pintora nasceu e então residia.

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"Frida teve a coluna quebrada em três lugares na região lombar. Quebrou a clavícula, fraturou a terceira e a quarta vértebras, teve onze fraturas no pé direito (o atrofiado), que foi esmagado; sofreu luxação do cotovelo esquerdo; a pélvis se quebrou em três lugares. A barra de aço [do ônibus] tinha literalmente entrado pelo quadril esquerdo e saído pela vagina, rasgando o lábio esquerdo. 'Perdi minha virgindade'. ela disse", conta o livro.
A partir daí, Frida submeteu-se a pelo menos 15 cirurgias, para corrigir ou amenizar os efeitos desse acidente.
Se somados, os meses em que passou de cama ascendem a anos. Foi numa cama, aliás, que a pintora foi a uma de suas últimas exposições na Cidade do México, pouco antes de morrer.
Era na cama que ela assustava amigos que a visitavam. Eles iam à sua casa ou as hospitais para instilar-lhe otimismo, mas acabam não tendo forças para isso, quando se deparavam com os padecimentos que a pintora enfrentava. Frida é que, ao contrário, transmitia otimismo, bom humor e fortaleza - sempre irreverente, sempre sem medo de se mostrar por inteira, muito embora estropiada pelas dores.
Frida - A Biografia é um passeio por uma vida que revelou, nas suas tragédias, os caminhos que conduzem à glorificação do talento e à persistência de viver.
Apesar das dores.

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