quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Qual é mesmo a realidade da Feira do Livro?

Da jornalista Márcia Carvalho, em seu Twitter, sobre o rasga-seda em relação à 14ª Feira do Livro, encerrada no último domingo, no Hangar – Centro de Convenções:

Uma Festa do Livro só teria sentido se fosse para comemorar bons índices de leitura e bibliotecas equipadas nas escolas públicas do Estado.
Mas a realidade é bem diferente. A Biblioteca do Centur, a única biblioteca pública de Belém, está caindo aos pedaços.
Sem intimidade com a leitura, muitos jovens vão à Feira do Livro para passear, ver os shows, estrear uma roupa nova.
E não entendi como a Feira do Livro pode homenagear a África sem trazer sequer um autor africano. #failmaster


O comentário é irrepreensível.
Mostra a distância do bem-bom da realidade.
Aliás, não é de hoje que a Feira vem batendo recordes de público.
E desde a sua primeira versão, no governo tucano de Almir Gabriel, divulga-se à farta que uma Feira do Livro sempre supera, em público, a anterior.
Afinal, quantos vão à Feira do Livro movidos realmente pelo interesse que o livro desperta?
E quantos vão lá para apenas passear, sem sequer saber nem o que está dentro dos estandes?
A Feira do Livro é ótima.
Merece o apoio de todos.
Sem dúvida, incentiva a leitura.
Mas convém separar as coisas.
Convém separar o bem-bom da realidade.
Sobre o bem-bom, todos sabem.
Mas, e a realidade?
Qual é mesmo a realidade da Feira do Livro?
Alguém aí já se preocupou em saber?

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho que o Luís Fernando Veríssimo respondeu a essa pergunta:


Poções

Quem teme pelo futuro do livro e lamenta a falta de leitores no Brasil deveria dar um jeito de conhecer a Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém do Pará. Garanto que sairia com as esperanças recauchutadas e nova fé no brasileiro. A Feira, que estava na sua décima quarta edição quando a visitamos com o Zuenir e a Mary , há dias, não para de crescer e já é uma das principais no continente.

Claro que só uma pequena parte daquela multidão estava lá para comprar livros, mas o livro e seus entornos eram a principal atração do evento e a maior parte da multidão era de jovens leitores em potencial. No famoso mercado Ver-o-Peso, de Belém, vendem poções para fazer crescer cabelo em careca enquanto levantam seu libido e curam sua lerdeza, mas aposto que nenhum líquido engarrafado entusiasmaria mais do que a visão da garotada enchendo todos os espaços da enorme feira, levada pelo livro.

Como le gusta

Na parte externa da Feira, que ocupa uma grande estrutura remodelada que foi hangar dos aviões "Catalina" durante a Segunda Guerra Mundial, havia shows todas as noites, e não era pouca coisa. Gilberto Gil cantando só xote, xaxado e baião, Lenine, "Funk como le gusta", Emilio Santiago.

E por que ninguém tinha me dito que a Luíza Possi não é só filha da Zizi e um rosto bonito, mas uma belíssima cantora e música, com uma presença em cena, de gente grande? Foi outra poção entusiasmante.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/09/09/crimes-livros-322858.asp