quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os três grandes erros da campanha de Ana Júlia

Petistas – os militantes, os verdadeiros, os históricos, os genuínos – estão preocupados, para não dizer preocupadíssimos, com a performance de campanha da governadora Ana Júlia (na foto) nesta reta final que leva até 3 de outubro.
O blog conversou com alguns deles.
Todos confiáveis.
Todos ponderados.
Todos torcendo para que Sua Excelência reverta a situação em que se encontra e passe para o segundo turno.
Mas todos convictos de que, para evitar uma derrota para o tucano Simão Jatene já no primeiro turno, é preciso que muita coisa mude.
E mude já.
E mude da água para o vinho.
O blog pediu a esse punhado de petistas para apontar quais têm sido os principais erros, os mais notáveis e decisivos erros, os crassos erros na área de comunicação da campanha petista para o governo do Estado.
Do que o blog ouviu, os erros podem ser resumidos em três:
1 – Erro de conceito – Ana Júlia teria errado porque insistiu na tese da campanha desenvolvimento, insistiu em bater na tecla do desenvolvimento. O mesmo erro de Oziel Carneiro (“O Pará vai disparar”), quando disputou e perdeu para Jader Barbalho em 1982; o mesmo erra de Sahid Xerfan, quando perdeu para Jader; o mesmo erro de Jarbas Passarinho, quando perdeu para Almir Gabriel; o mesmo erro de Almir Gabriel, quando perdeu para Ana Júlia; e o mesmo erro agora de Ana Júlia. Num Estado como o Pará, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em níveis africanos, falar em desenvolvimento soa ora como escárnio, ora como discurso desprovido de sentido. Não tem outra saída: a campanha de Ana Júlia teria que insistir no social.
2 – Erro de imagem – A imagem da governadora que é mostrada na televisão é muito diferente da guerreira, da lutadora, da mulher destemida, da mulher sintonizada com o povo, da mulher que fez sua trajetória a partir dos movimentos estudantis e sindicais. Ana Júlia, segundo a avaliação ouvida pelo blog, é mostrada quase com uma rainha da Inglaterra, muito produzida, muito arrumada, uma dondoca, praticamente. Entre os que a veem na telinha dessa forma, a tendência é não votarem mesmo nela. Ao contrário, os petistas reconhecem que, na campanha tucana, Simão Jatene vem sendo mostrado como alguém que tem uma grande intimidade com o eleitor, com o telespectador. “Ele passa aquela imagem do teu antigo professor de matemática, do cara bom, do cara que trava logo uma enorme intimidade, uma enorme sintonia contigo”, compara um dos petistas.
3 – Erro de não aceitar o confronto – A campanha de Ana Júlia teria errado por se mostrar passiva, lerda, lenta, tardia demais para reagir aos ataques à imagem da governadora. Um dos petistas lembrou que, em alguns círculos, chamam a isso, jocosamente, de síndrome do corno. É como o sujeito que de manhã passa na casa do vizinho e grita: “Cornoooo”. O vizinho não reage. No segundo dia, a mesma coisa; no terceiro, idem; e no quarto, no quinto... Até que o vizinho corno começa a reagir. Quando reage, além de corno, acham que ele também é agressivo. No caso de Ana Júlia, a avaliação é de que a reação reflexa aos ataques praticamente não houve. E seus adversários conseguiram consolidar uma imagem negativa da governadora.
Os petistas ouvidos pelo blog não concordam, em hipótese alguma, que as poucas obras creditadas à gestão de Ana Júlia representam empecilho de monta para sua baixa performance eleitoral.
Em reforço a essa convicção, lembram Duciomar, o Costa, o huno, Duciomar Costa, o prefeito de Belém, que tinha uma rejeição acima de 70%, não podia nem sair na rua, mas mesmo assim ganhou a eleição do peemedebista José Priante.
Os petistas revelam até a convicção de que os números do governo Ana Júlia seriam muito mais positivos, mais favoráveis do que os relacionados ao governo Jatene, ainda que essa mesma comparação não se sustente quando considerados os 12 anos seguidos de tucanato no Pará.
Mas acham que, independentemente de acharem que Ana Júlia fez um governo melhor que o de Jatene, essa realidade não está chegando ao eleitor.
E o eleitor passa a preferir outros, que não Ana Júlia.

11 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

eu tenho uma avaliação diferente: o problema não é de concepção de campanha. É a concepção de governo e de poder. Por isto, é difícil a campanha tomar jeito.

Abração.

Anônimo disse...

Essa comparação com a história do corno foi engraçada ahahahahaha

Anônimo disse...

Coluna do CLÁUDIO HUMBERTO, publicada no Caderno "PODER" pág. 2, edição de ontem (21/09 - terça-feira), do Jornal O LIBERAL:

"Segunda Chance

A Governadora do Pará, ANA JÚLIA CAREPA (PT-PA), agora pede na TV "uma segunda chance", como uma admissão do fracasso do primeiro governo. Segundo as pesquisas, sua rejeição no eleitorado é de 40%."

Anônimo disse...

Veja no link abaixo o que saiu no jornal Estadão de São Paulo:

Petista em apuros apela a lula:

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=25651184

Anônimo disse...

Tá tudo dito e bem dito. Mas o PT terá tempo para fazer a mudança da água para o vinho em tão pouco tempo?
Ao que parece, a teimosia é persistente.

Anônimo disse...

Eu não sei em que lugar o PT enfiou a grana que gastou em propaganda. Em que lugar estavam os profissionais que trabalham na área de comunicação do governo que não observaram detalhes importantíssimos de comunicação. No governo do Jatene tinhamos a certeza que moravamos na Suiça. Era tudo tão lindo maravilhoso e tudo funcionava direitinho. É lógico que eles também erraram a mão. O povo sente na pele que Educação, Saúde e Segurança, são "o calcanhar de Aquiles" de todos os governos no Brasil. Eu concordo com o post, mas, tenho convicção de que a governadora não se antenou pra isso e os adversários criaram o mantra "ela não fez nada, ela não fez nada..."

Anônimo disse...

Com essa campanha o professor Maurílio Monteiro, ex-cunhado de Ana Júlia e principal nome em sua campanha, passa a ser conhecido como "o huno vermelho". Explica-se: é a segunda eleiçao majoritária de Ana Júlia que Maurílio comanda. E perde. A primeira foi em 2004, quando partiu dele a brilhante idéia de proibir o então prefeito Edmilson Rodrigues, com administração bem avaliada naquele momento, de aparecer na campanha de TV da candidata a prefeita pelo PT. Dele também a idéia de despejar todas as denúncias contra Duciomar "de uma vez", gerando descrença já que as peripécias do personagem pareciam "exageradas" para a população. Com a campanha atual Maurilio, definitivamente, ganha o título incontestável de huno mor: aonde ele anda não nasce grama.

Anônimo disse...

Bia tem razão parcial em seu comentário. De fato há concepção de governo e de poder. Mas o problema é de concepção de campanha. Por isto, é difícil a campanha tomar jeito. O exemplo dado aqui da campanha de Duciomar é lapidar. Nunca houve uma administraçao tão ruim. Dudu trocou seis vezes de secretário de saúde, só para ficar em uma área. Não cumpriu nenhuma de suas promessas de campanha e a única obra de sua administração foi repavimentar a Duque de Caxias e plantar grama nos canteiros daquela via. A rejeição do filhote de tucano era a maior já vista, cerca de 70%. Mas ganhou a eleição NA CAMPANHA. Sem mudar de conceoçao de poder ou de governo. É para isso que existe campanha: para que os argumentos se apresentem. E as pessoas estão dispostas a ouvir e a mudar de opinião. A campanha não volta o tempo para trás, não melhora governos ruins como o de Duciomar, mas apresenta argumentos ATRAVES DA COMUNICAÇÃO que podem ser persuasivos. Dizer que Ana Júlia perdeu a eleição porque fez um governo ruim é simplória e ajuda os incompetentes que fizeram a campanha dela a tirarem o corpo fora. À Ana Júlia o que é de Ana Júlia. E aos baianos as baianadas deles.

Anônimo disse...

Na vida se colhe o que se planta, o que foi feito por este governo foi um desastre administrativo e um desenfreado loteamento de cargos entre petistas e seus aliados com gente totalmente inconpetentes para a gestão pública. Então o caos na saúde, educação e segurança alem de total desordem nas secretarias. O povo e os servidores públicos não serão novamente vítimas de estelionato eleitoral.

Anônimo disse...

Quero dizer duas coisas sobre a postagem, querido PB:

1. A análise padece de alguns erros e o mais grave deles é que Jatene não é o Priante, daí a comparação equivocada entre a campanha passada e a atual; e

2. Os petistas já começaram a arrumar as gavetas nas repartições públicas e, à semelhança de Hitler ao final da II Guerra Mundial, decidiram fazer um último esforço de guerra, isto é, estão convocando todos os DAS e temporários a comparecer nos comitês para que se engajem na campanha eleitoral.
Se tivessem o povo ao seu lado, não fariam tais convocações, pois seriam desnecessárias.
Assim como Hitler ao final da guerra, não conseguirão evitar o desastre iminente.

Anônimo disse...

Caro PB,

Dizem, os que entendem de campanha,que todas elas começam com cerca de 30% , aqui no Pará, votando no PT, 30% votando no PSDB e os outros 30% sem pré-definição de voto, além dos 10% do contra (branco, nulo, ausentes, protesto,..).

Não dá para comparar a campanha do DuDu com a da Ana. Dudu era rejeitado por 70% e foi baixando esse índice no decorrer do ano eleitoral, até o início do pleito quando ainda tinha um percentual elevado próximo de 40%, igual ao da Ana.

Ana também já teve 65% de rejeição, diminuindo-a a 42% atuais. Assim, poderíamos achar que realmente a campanha seria a responsável por tudo. Entretanto, não há como comparar.

Dudu, todos esquecem de dizer, ganhou de Priante, quando sua campanha colou o adversário ao Jáder, seu primo. Em todos os atos de campanha, lá na ponta, os formiguinhas, os panfletos que não são divulgados na tv e rádio, mostravam que o Jáder iria governar e não o Priante, que Jáder era aquele que muitos conheciam por atos graves de corrução. Foi assim que ganhou a eleição, não por ter uma campanha que diminuisse sua rejeição. Teve a sorte de ter um adversário totalmente identificado com alguém que tinha uma elevadíssima rejeição, maior que a sua. Dudu podia ter 40%, mas Jáder tinha 70%

Para infelicidade de Ana, Jatene tem baixa rejeição e é tido como bom administrador.

Então não há campanha que dê jeito quando o candidato é ruim e o adversário é bom.