Belém vive um novo surto

No AMAZÔNIA:

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) confirmou, ontem, um novo foco da Doença de Chagas em Belém. Trata-se do bairro do Parque Verde, na rodovia Augusto Montenegro, onde doze pessoas de uma mesma rua foram infectadas pela doença. Com estes, sobe para 43 o número de doentes na capital em 2009, dos quais 39 já são monitorados pela Sespa.
Assim como no bairro do Jurunas, onde 14 casos foram registrados em outubro, no Parque Verde há a suspeita de que a infestação tenha sido provocada pelo consumo de açaí contaminado. Todos os doentes, moradores da rua Astronauta, afirmam ter manifestado os sintomas dias depois de terem ingerido o produto vendido por um mesmo batedor. A suspeita coloca em xeque, mais uma vez, a fiscalização sobre a venda de açaí produzido em condições precárias de higiene, alvo do Ministério Público do Estado há pelo menos um ano.
A biofarmacêutica Elenilde Góes, coordenadora estadual do combate à Doença de Chagas pela Sespa, não descarta a possibilidade de que a contaminação no Parque Verde possa ter ocorrido por via oral, com o consumo de alimento contaminado com fezes do barbeiro. 'Quando se tem mais de um caso, em uma mesma área, com os mesmos sintomas, a suspeita imediata é a da transmissão oral. Mas ainda é cedo para afirmar que foi do açaí. Por enquanto, ainda está se investigando'.
Elenildes Góes evita associar a frequência dos casos do Mal de Chagas no segundo semestre de cada ano com o período de safra do produto no Estado. 'Isso não explica sozinho o surto da Doença de Chagas nesses meses. Em outros Estados, fora da região Amazônica, se observa o mesmo comportamento. Não é só no Pará, nem na região Norte, onde há o consumo mais intenso do açaí, que se vê o crescimento dos casos no segundo semestre.'
'A Doença de Chagas tem cura se for diagnosticada cedo', alerta Elenilde Góes. 'Em casos de infecção oral leva de 3 a 22 dias em período de incubação, até que o doente manifeste os primeiros sintomas. O importante é procurar atendimento ainda neste período'. A Sespa registrou, entre 2006 e 2009, 10 óbitos de pacientes contaminados pelo Trypanossoma cruzi.