segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pacientes ficam na calçada

No AMAZÔNIA:

O jovem Jeová Souza Nunes perdeu dois dedos em um acidente em Vigia, tentou atendimento no Pronto-Socorro Municipal (HPSM) do Guamá, mas foi mandado embora para o município de origem sem nenhum atendimento básico. Teve que ir, numa Kombi, apenas sob o efeito do remédio que lhe aplicaram antes de vir para Belém. E esse foi apenas um dos diversos atendimentos recusados pelo HPSM ontem à noite por causa da falta de médicos, anestesia e até álcool, segundo informações repassadas por uma enfermeira aos familiares dos pacientes.
Jeová Nunes, de 20 anos, sofreu um acidente de moto. Dentro de uma Kombi que o trouxe junto com outro cidadão de Vigia, ele mostrou, conformado, as ataduras envolvendo os pés, mãos e joelhos machucados. Sujas de sangue, as ataduras escondiam a perda de um dedo da mão e um do pé. Apenas uma injeção foi aplicada nele antes de vir para Belém. 'Tem que aguentar. Não dá pra ficar. Eles não vão atender', disse em resposta ao questionamento sobre a volta para Viseu naquela situação.
A Kombi também levou de volta Osmarino Monteiro. Ele quebrou a clavícula, tirou uma radiografia em Viseu, mas no PSM ouviu desaforos de funcionários ao tentar saber ao menos o que o exame mostrava. O atendimento foi o mesmo recebido por Hebert Pantoja, ao tentar saber o porquê do tio, Eurico Batista, não ter sido atendido, apesar das dores no corpo provocada pela queda do terceiro andar de um imóvel.
Jeová, Osmarino, Eurico e outros, como a filha de Kátia Dias, de 12 anos de idade, ficaram na calçada do PSM e contaram que outros pacientes foram embora antes da chegada da reportagem. Três macas com pacientes ficaram por alguns momentos na calçada à espera de uma solução.
A informação repetida por todos os pacientes foi de que não havia médico que os atendesse. O tio de Hebert precisava de um neurologista, mas a informação repassada a ele na triagem foi de que o plantonista da tarde não atenderia mais e o da noite, contactado depois de uma hora de atraso, disse que não iria trabalhar.
Hebert se exaltou, reclamou e a única resposta que obteve foi de que deveria ler o artigo 331 de lei que considera crime o desacato ao servidor enquanto ele estiver trabalhando. A cópia do artigo está pregada na porta da sala de triagem. Mais informações no local, ninguém deu.

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