sábado, 12 de setembro de 2009

Na OAB, uma “campanha epistolar” de muitos megatons

Continua quente, quentíssima a campanha – ou pré-campanha, uma vez que ainda não foram abertos oficialmente os prazos para a inscrição de chapas – dos nobres causídicos do Pará, que em novembro elegerão o novo conselho seccional da Ordem Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O quente está na comunicação epistolar.
Está nas cartas.
Cartas que são mandadas de norte a sul, de leste a oeste do Estado, pelos integrantes das duas chapas até aqui lançadas, a OAB Independente, encabeçada por Sérgio Couto, e a “Juntos para Avançar”, de Jarbas Vasconcelos.
A última, digamos, explosão epistolar pôr frente a frente Ophir Cavalcante Jr. e Avelina Hesketh, o primeiro candidato à presidente nacional da OAB apoiado pela chapa de Jarbas, a segunda vice na chapa de Sérgio Couto.
Ophir mandou uma carta respondendo a uma anterior de Avelina, que veio em seguida e foi à réplica.
Acompanhem abaixo – primeiro a de Ophir Jr., depois a de Avelina.
São nitroglicerinas puras.
Puríssimas.

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RESPOSTA À CARTA ABERTA DA DRA. AVELINA HESKETH

Belém, 15 de agosto de 2009
Cara Avelina,

Somente ontem tomei conhecimento da carta aberta que me endereçaste em 5 de julho do ano em curso e, em homenagem à nossa trajetória de lutas, sinto-me no dever de responder, não sem antes lamentar o desfecho da nossa união em torno da OAB-Pa.
Bem sabes do meu carinho e gratidão por teres me convidado para ser Vice-Presidente de tua chapa em 1997, o que me permitiu, nessa condição, trabalhar em favor da advocacia paraense e, com isso, viabilizar o meu nome para a tua sucessão. Quando compus contigo, não tratamos da sucessão. Correto ?
O grupo que meu pai integrou na OAB-Pa foi vitorioso sim, tendo comandado nossa instituição de 1983 até 1991, quando se elegeu Edilson Silva, pela oposição. Graças ao trabalho dos abnegados que o integraram, como Milton Nobre, Paulo Klautau, Francisco Brasil Monteiro, todos ex-presidentes, Haroldo Guilherme Pinheiro da Silva, Francisco Miléo, Reynaldo Silveira, Jorge Alex Athias, Paula Frassinetti, Pedro Bentes Filho, dentre tantos outros, o Pará e a Região Norte fizeram o único presidente nacional da OAB egresso da nossa Região e do nosso Estado.
Como mencionas no início da tua carta, eu pertencia a outro grupo e compus contigo dentro de princípios e propósitos, o que é perfeitamente normal na política da Ordem, sobretudo quando não se objetiva nenhuma vantagem pessoal, não é verdade?
Qualquer grupo político chega a um momento de necessária renovação; precisa de oxigênio novo para poder continuar trabalhando, voluntariamente, para a advocacia. Tu foste Presidente durante 3 anos e Conselheira Federal por 9 anos. O Sérgio Couto idem. Por que não dar a vez para outros colegas que tem a OAB como uma religião, como eu e tantos outros que dirigimos a Ordem nesses quase 12 anos ininterruptos?
Será que a perpetuação no poder é salutar ? A OAB, minha cara Avelina, não pertence a nenhum de nós. Repito: não é propriedade minha, tua ou do Sérgio. Todos precisamos ter a dignidade de saber a hora de sair e dar lugar a novas lideranças. Demos uma contribuição voluntária por amor a uma causa e isso nos engrandece, mas não nos torna donos. A OAB é dos advogados.
Por outro lado, a que princípios te referes ? Pluralismo de idéias através da opção pelo voto ? Certamente ao vetares a aliança com o Jarbas não estás permitindo isso; justamente impedes o mais salutar princípio numa democracia, que é a alternância de poder.

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“A OAB, minha cara Avelina, não pertence a nenhum de nós. Repito: não é propriedade minha, tua ou do Sérgio. Todos precisamos ter a dignidade de saber a hora de sair e dar lugar a novas lideranças. Demos uma contribuição voluntária por amor a uma causa e isso nos engrandece, mas não nos torna donos. A OAB é dos advogados.”
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Qual a diferença da composição que nós fizemos em 1997 da que agora foi feita com o Jarbas Vasconcelos ? A única que vejo é que, mesmo sendo da oposição, será o candidato a presidente. Qual o pecado disso? Ele poderia ser vice na composição que o Sérgio Couto (para quem sempre renunciaste, inclusive a possibilidade de participar de uma Diretoria do Conselho Federal e de te candidatares ao CNMP, só para citar esses dois exemplos) pretendia fazer, mas não pode ser Presidente na composição que fizemos? Vocês podiam compor com ele. Isso seria normal. Angela e eu não podemos. Por que este preconceito, esta discriminação?
A aliança feita com o Jarbas não foi para impedir que houvesse uma disputa ou mesmo para evitar uma derrota nossa. A aliança buscou dar o verdadeiro sentido de uma composição e não como vinha sendo conduzida por quem negociava com o Jarbas: em troca de cargos que garantissem uma aposentadoria ou um lugar na administração pública estadual. Sabes muito bem – e isso o Sérgio Couto não esconde – que se ele fosse Conselheiro Federal na composição com o Jarbas, mesmo depois da aliança que celebramos, estava tudo resolvido e a ti caberia NADA. Ele decretaria a tua saída da Ordem e ponto final. Portanto, caríssima Avelina, é lamentável que tentes passar aos colegas que Angela e eu fizemos um acordo espúrio ou em prejuízo da OAB. Demos um sentido ético ao acordo e, ao mesmo tempo, defendemos a melhor candidatura à Presidência da OAB-PA. Isso não é concessão, mas sim grandeza de propósitos; compromisso com a advocacia, e não com projetos pessoais.
Eu não temo a influência política na OAB. A OAB não esteve e não estará a serviço de nenhum partido político. Selar a partidarização da Ordem é ser financiado por Deputados Federais ligados a partidos políticos e isso, minha cara Avelina, eu jamais fiz ou farei. Aliás, gostaria de te lembrar a tua candidatura a vice-prefeita de Belém numa composição em que a candidata era a atual Governadora do Estado, integrante histórica do PT, enquanto eras Conselheira Federal e isso não foi, pelo menos para mim, interpretado como uma partidarização da Ordem embora houvesse um engajamento direto teu.
Não me envergonho de nada que fiz na vida e também não tenho medo de derrotas (já perdi duas eleições na OAB antes de ser vice-presidente e, mesmo perdendo, tive dignidade e postura, e foi isso que te motivou a me convidar para compor contigo). Sempre procurei me postar dentro de princípios de retidão e ética que recebi de meus pais. O acordo que inaugura um novo momento na OAB-PA quer uma OAB voltada para o futuro e não para o passado, mas uma OAB compromissada com a advocacia e com a sociedade.
Por fim, a postura de vocês é, sim, de impedir, por motivos pessoais, que um colega paraense que serviu – e continua servindo a OAB – possa alcançar a Presidência Nacional da entidade e isso, caríssima Avelina, vocês terão que arcar junto aos advogados do Pará.
Cordialmente,

Ophir Cavalcante Junior
Advogado


A reposta de Avelina Hesketh

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Belém, 02 de setembro de 2009

OPHIR,

Sobre tua resposta à minha carta, faço algumas observações:
A primeira diz respeito ao acordo com o Jarbas.
Existe diferença entre a composição que eu e tu fizemos em 1997 e a atual que fizestes com o Jarbas.
Ontem, não houve acordo com a oposição. Eu e o Sérgio Couto, a quem tantas vezes agradeceste, acreditando em ti, te demos a chance de, mesmo perdendo eleições, voltares à OAB-PA, como vice-presidente.
Quanto engano! Quanta decepção!
Defendia a pluralidade de idéia e a renovação, tanto que não fui à reeleição. Tu foste!
Não visava e nem buscava apoios para cargos mais altos, tanto que ao abdicar um cargo na diretoria nacional da OAB, o fiz como agradecimento ao Sérgio, pelo muito que ele fez por mim, por ti e pela advocacia paraense, inaugurando uma nova era na OAB-PA.
Gratidão é sentimento que não conheces!
Hoje, o acordo com a oposição visa apenas promover trocas de cargos na OAB em busca de apoios políticos para tentares ser presidente da OAB Nacional.
O ponto convergente é um só: satisfazer o teu interesse pessoal.
Ontem, abandonastes os "abnegados", como o Reinaldo Silveira, que fizeram teu pai presidente do Conselho Federal, e te juntastes a nós, porque venceríamos as eleições.
Assim, poderias projetar a tua ascensão à presidência da OAB-PA, possibilidade remotíssima junto ao teu grupo. Então a tua migração, como sempre, visou vantagem pessoal.
Hoje, a história se repete. Visando apenas o teu projeto pessoal de ser presidente nacional da OAB, à revelia dos advogados e de teus fiéis e leais companheiros, que te fizeram vice e presidente da OAB-PA e que te acompanharam até o momento em que assinastes o acordo de capitulação, resolvestes, pedindo a intermediação do Cezar Britto, entregar a presidência da OAB-PA ao adversário, em troca do conforto do não combate.

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“Na verdade, tu criaste teu próprio impedimento para alcançares a presidência da OAB Nacional, quando fizeste esse acordo repudiado pela classe. Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.”
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Somente tu temias a derrota!
Falas de renovação...
Mas a renovação legítima deve ser consagrada pela disputa eleitoral autêntica. Jamais por imposição de chapa única aconchavada, como queres impor. Inclusive nas Subseções, amordaçando a vontade eleitoral da advocacia paraense.
Falas, maldosamente, em tom de intriga, que se o Sérgio fizesse acordo com o Jarbas ele decretaria minha saída da Ordem.
Impossível!
Como ex-presidente da OAB-PA, tenho cadeira cativa e não reivindico cargos.
Nunca negociei com o Jarbas e não preciso de cargos públicos. Já os tenho, conquistados por concurso público. Legal, ética e moralmente correto!
Na verdade, tu criaste teu próprio impedimento para alcançares a presidência da OAB Nacional, quando fizeste esse acordo repudiado pela classe.
Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.
A transferência dessa responsabilidade para mim e para o Sérgio não passa de chantagem emocional da tua parte. Visa fazer aceitar teu acordo vergonhoso, a tua mordaça eleitoral e o teu achatamento da democrática disputa eleitoral.
Só faz isso quem se sente dono da OAB-PA.
O segundo ponto diz respeito à partidarização da OAB.
Em tua carta, fazes a grave acusação de que "selar a partidarização da Ordem é ser financiado por Deputados Federais ligados a partidos políticos.".
Se tens conhecimento desse fato, denuncia-o já, nominando os envolvidos, sob pena de cometeres leviandade ou prevaricação sobre a ética na política.
Entrei para a OAB com o apoio apenas dos advogados. A minha participação no processo político-partidário ativo, que muito me orgulhou, não envolveu a OAB. Ela foi construída longe, bem longe, da OAB-PA nos domínios da cidadania comum, que me permite votar e ser votada.
O teu conchavo, não!
Foi feito nas entranhas da OAB. Na surdina! Sem qualquer consulta aos seus destinatários: a classe! Visando, tão somente, "lotear" os cargos dentro da instituição, exatamente como declarado na nota oficial que a Ângela publicou. Isso sim, no modelo político partidário.
Só faz isso quem se sente dono da OAB-PA.
Estou e continuarei lutando por uma OAB Independente.

AVELINA HESKETH

9 comentários:

Anônimo disse...

ELES SÃO CONTRA O PARÁ E CONTRA O ADVOGADO PARAENSE...
Fica evidente que tem gente que é contra o Pará e ter um paraense na presidência da OAB nacional. O mais grave disso, é que também são paraenses: Avalina e S. Coiuto. Mas felizmente são só eles,pois mesmo os pouquíssimos que nutrem alguma simpatia pela dupla, já se sabe e eles têm dito nos corredores e escadarias dos fóruns,DISCORDAM do posicionamento da dupla e, dizem mais, não se responsabilizam pelos pronuciamentos da dupla. Por tudo isso, torna-se profundamente lastimável, E ISTO, SIM, É UMA GRANDE DECEPÇÃO, que aquela dupla ENCABECE TENTE ENCABEÇAR A TORCIDA contra o Pará, contra termos um representante do nosso querido Pará a presidir o Conselho Federal da OAB. Presidir para todos os advogados...

Anônimo disse...

"A OAB é dos advogados." Mas quanta
balela, meu Deus! A maioria dos advogados sempre foi tangida feito manada de boi manso para o estreito brete dos interesses corporativos dos grandes escritório de advocacia que tratam há séculos a OAB como propriedade privada.

Olhem para trás: os caras são sempre os mesmos, seja de um lado, seja de outro. Nunca se mudou nada e nem se avançou coisa nenhuma. Para essa gente, renovação é sinônimo de mesmice: o Sérgio é o mesmo senhor feudal de sempre; o Jarbas não passa de outro Lula que implementará a mesma política "neoliberal" do FHC.

Estamos longe, muito longe de uma verdadeira (r)evolução na OAB que, "para ficar pior, ainda tem que melhorar muito", como diria o Gilmar Mendes.

Anônimo disse...

Se tivesse estas cartas para decidir o voto, votaria na chapa do Ofir.Á carta do Ofir não ofende e leva a reflexão, enquanto que a da Aveleina é ofensiva e so queixas. Também, importante para a minha decisão Dra Avelina é a expressão: Terás que responder aos advogados por esta página negra da tua história.
Solicite que façam revisão de sua escrita, assim, caso não seja, não correrá o risco de parecer preconceituosa.

Anônimo disse...

Não entendo quando a Avelina diz que o ofhir envergonha a classe. Ela pode falar apenas em nome dela e de seu aliado Sergio Couto. Até agora não vimos outros nomes que concordem com as balelas de D. Avelina. Voces terão a resposta na eleição

Anônimo disse...

Gente,pai do céu, a carta dela está cheia de preconceito. Eu como afro descente - como advogado,meu filho e minha filha também são advogados - nos sentimos profundamente ofendidos com a expressão usada por aquela senhora, que nesta oportunidade e futura, me recuso e me recusarei a citar sequer, pois ficou evidente que o preconceito contra nós e o nome dela rimam no consciente e inconsciente desses independentes.

Anônimo disse...

Bobagem, Anônimo das 22h19. A expressão "página negra" não tem nada de racismo nem de preconceito. É apenas um lugar comum, como outro qualquer, dos muitos que pupulam nas arrazoados dos advogados. Você e seus filhos, por acaso, nunca utilizaram a expressão "de uma clareza solar" ou "tão claro como sol do meio dia"? Há preconceito nisso? Claro que não. O problema da propaganda eleitoral na OAB, assim como a propaganda eleitoral em geral, é a manipulação dos conceitos para enganar os trouxas. É por isso que eu não acredito em renovação e nem em avanços conchavistas apregoados. De lado a lado. Ao fim e ao cabo, "est tout la même chose".

Anônimo disse...

O texto e o contexto da carta da Sra. Avalina,pelo seu conteúdo, as pessoas contra as quais dirige, direta e indiretamente, a missiva e ao modo como o faz demonstram-se,por si só e com CLAREZA SOLAR,que a referida carta, cuja subscrição não foi negada, tem a cor do preconceito tanto na forma quanto no conteúdo.
Quanto ao anônimo das 10:05,tenho a dizer que se é bobagem para ele(a), para os ofendidos não é bobagem.É fato muito sério que ofende o sentimento, a memória e a consciência, coletiva e individual, dos afro descendentes. O fato, em questão, está previsto no artigo 5º, inciso XLII, da Constituição de 1988,que reza COM CLAREZA SOLAR que "A PRÁTICA DO RACISMO CONSTITUI CRIME INAFIANÇÃVEL E IMPRESCRITÍVEL, SUJEITO A PENA DE RECLUSÃO,NOS TERMOS DA LEI".

Anônimo disse...

O anônimo, das 10:57 da mensagem postada no dia 12 de setembro de2009, OFENDE A DIGNIDADE DA ADVOCACIA COMO UM TODO AO AFIRMAR QUE "A MAIORIA DOS ADVOGADOS SEMPRE FOI TANGIDA FEITO MANADA DE BOI MANSO...". Espero que o autor(a) anônimo, ora referido, não seja advogado(a). Pois, só de alguém que desconhece a classe no seu dia a dia será capaz de fazer tal afirmação totalmente oposta a realidade dos fatos. Mas, se foi um ou uma advogado(a) tanto pior. Muito grave.

Anônimo disse...

O que me impressiona na carta da dra. Avelina, além do repulsivo preconceito revelado, que vive no inconsciente de muitos brasileiros, para infelidade de todos, é o inaceitável massacre da língua portuguesa: (tu) fizestes(?) (tu) abandonastes(?) te juntastes(?) assinastes(?) resolvestes(?)... O que é isso, pelo amor de Deus? Que diabos de concursos são esses em que foi aprovada. Valha-nos quem? Depois ainda criticam o ensino jurídico de hoje. Essa não passaria no exame de ordem. Com certeza não!