Há um acordo costurado – costuradíssimo - para as eleições do conselho seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará.
O acordo – se as costuras estiverem bem feitas – quebrará uma tradição na Ordem: a disputa.
Se as disputas foram saudáveis ou não, se descambaram ou não para o passionalismo - que normalmente conduz a excessos -, se as disputas transpuseram ou não para dentro dos umbrais da OAB práticas que a própria Ordem tanto condenou e condena em contendas político-eleitorais, enfim, se as disputas foram desta ou daquela forma não vem muito ao caso.
O essencial - e certo - é que sempre houve disputas.
Costura-se uma chapa única, que teria na cabeça o candidato de oposição, Jarbas Vasconcelos, com o compromisso, em contrapartida, de que todas as forças da OAB estarão unidas para reforçar a candidatura de Ophir Cavalcante Júnior para a presidente do Conselho Federal.
O acordo não é bem visto por um segmento da Ordem que tem à frente o advogado Sérgio Couto, ex-presidente da OAB-PA por duas vezes.
Não são poucos os que têm, aberta e legitimamente, defendido a chapa única para a eleição da OAB.
Além de Jarbas Vasconcelos e Ophir, defendem-no a presidente da Ordem, Angela Sales, e outros advogados que se identificam nominalmente.
E assim é que deve ser.
Mas quem é contra o acordo, além de Sérgio Couto?
Quem é contra a chapa única, além de Sérgio Couto?
Quem se identifica, além de Sérgio Couto, abertamente contra a tentativa de unanimizar a Ordem, evitando disputas que sempre foram tradicionais na entidade?
Até agora, advogados contrários ao acordo só expressam sua opinião – acidamente, muitas vezes – apenas em off, ou seja, sob o compromisso de que não terão seus nomes revelados.
Um deles, por exemplo, liga para o poster.
Também não quer ser identificado.
Considera que o acordo é uma excrescência.
Queixa-se que a Ordem agora pratica o que sempre condenou na política-partidária tradicional: os arranjos de cúpula, os acertos pelo topo, esquecendo-se das bases, excluindo o baixo clero.
É a queixa do advogado, que protesta, mas prefere não aparecer.
A OAB, data vênia, precisa cultivar o debate, como sempre o fez.
Pelo bem do pluralismo, que ele sempre cultivou e que a tornou tão respeitada.
4 comentários:
Caro Paulo, o acordo está sendo elaborado com base nas propostas históricas dos advogados para ordem como defesa intransigente das prerrogativas e atuação institucional consequente e propositiva, nós da oposição temos clareza do momento político e não nos furtamos ao debate. Em breve estaremos chamado os advogados para estebelecer nossa carta de princípios que dará sustentação programática à aliança.
jader kahwage
Teria "aroma" de panelinha essa unanimidade?...
Oi Paulo,
Passei por aqui e não poderia deixar de manifestar-me informando que outorguei, juntamente com vários colegas, ao Ophir Júnior a condução do processo negocial com vista à composição para as eleições da OAB/PA. Tenho plena convicção que a condução está sendo feita dentro dos princípios éticos e do respeito aos ideais da nossa Ordem, pois conheço Ophir Júnior e sei do seu compromisso com a classe e com a defesa da cidadania.
Grande abraço.
Mary Cohen
Essa história de "defesa intransigente" da categoria, que sempre se vê nos famosos desagravos, é mera retórica. Balela mesmo. Bah!
Todo mundo quer cargo, poder e influência.
Tem coisa que fala mais alto.
Alguém duvida?
A parte mais sensível do ser humano.
Começa com "b". E lá não cabe só lenço ou documento...
(Oh... Ah... Bah...)
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