Por AVELINA CASTRO, do Amazônia Jornal
Maltratar crianças é crime. Silenciar diante de um caso de maus-tratos também. Porém, embora os dois casos estejam enquadrados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), muitos pais e mães extrapolam o limite da 'repreensão' em relação aos filhos. E sob a argumentação de 'dar um limite', acabam causando lesões graves nas crianças. Por outro lado, a falta de provas ou certeza da violência ainda é um obstáculo para a denúncia.
No dia 17 de fevereiro deste ano a vendedora ambulante Odicéia da Silva Afonso, de 32 anos, foi acusada pelo sogro de ter queimado o filho, de 9 anos, com óleo quente. O caso ocorreu no bairro do Tapanã e ganhou repercussão na imprensa local. Na última quinta-feira, 26, ela foi detida por policiais militares e apresentada na Seccional de Icoaraci, onde prestou depoimento à delegada Yone Coelho, e foi liberada em seguida. A delegada explicou que não havia mais o estado flagrancial e nem prisão preventiva decretada pela justiça contra a mãe.
Em entrevista à reportagem, Odicéia negou a acusação de que tenha queimado o filho com o óleo intencionalmente. Ela conta que estava fritando um frango, quando jogou o óleo na direção do atual companheiro, durante uma briga. Porém, o óleo acabou atingindo a criança. 'Não sou esse monstro que estão dizendo por aí', disse a mãe, acrescentando que é vítima de agressão do companheiro atual e que, inclusive, já o denunciou à polícia.
Preocupação - A delegada Yone Coelho, que é diretora da Seccional de Icoaraci, diz que já dirigiu várias seccionais na Região Metropolitana de Belém e que chama a atenção dela a quantidade de casos de violência praticada contra crianças e adolescentes no distrito. 'De todas as seccionais por onde passei essa foi a que eu mais vi casos de maus-tratos de pai, mãe e madrasta contra crianças', disse a delegada. 'Isso nos preocupa não só como policiais, mas como cidadãos porque sabemos que isso é resultado de desestrutura familiar', argumentou. 'Na maioria dos casos, as mulheres vivem vários relacionamentos afetivos conflituosos e acabam descarregando suas frustrações - e estresses - nas crianças. É uma situação que requer uma atenção especial', completou.
Segundo a delegada, Odicéia poderá responder pelo crime de lesão corporal de natureza grave. O filho dela ficou internado na unidade de queimados do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, com cerca de 15% do corpo queimado. Odicéia disse que o filho já havia recebido alta do hospital, mas não deu detalhes sobre o local onde ele estava. Porém, na casa do sogro dela, foi repassada a informação de que o menino estaria na casa de uma irmã da ambulante, no bairro do Jurunas.
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