segunda-feira, 9 de março de 2009

Postos ficam sem médicos

No AMAZÔNIA:

Mais um fim de semana sem médicos na rede municipal de saúde em Belém. No domingo, nas unidades de saúde que funcionam 24 horas, apenas a Unidade de Saúde Estadual, localizada na avenida Pedreira Miranda, bairro da Pedreira, atendeu à população que precisou dos serviços de urgência e emergência. Nas Unidades dos bairros do Telégrafo, Marambaia e Sacramenta, os médicos de plantão não compareceram para atender nos plantões nem da manhã nem da tarde do domingo. O resultado não poderia ser diferente: doentes superlotando a unidade da Pedreira, único local onde uma médica clínica geral atendia desde o bebê de colo ao idoso.
A situação pior ocorreu na Unidade Municipal de Saúde da Sacramenta, localizada na avenida Senador Lemos, esquina da Doutor Freitas. Na porta do local um guarda municipal avisava a todos que chegavam em busca de atendimento que não havia médico. As pessoas sequer podiam entrar na unidade, que permaneceu com as grades fechadas. Nenhuma enfermeira ou outro funcionário do posto prestava informações sobre o atendimento, apenas que os dois médicos não apareceram para trabalhar.
Durante todo o dia, inúmeras pessoas buscaram atendimento em vão. Com fortes dores, uma moça de 22 anos chegou à unidade levada pelo namorado em uma moto, mas o casal soube logo na porta que não havia médico. Ela estava grávida de dois meses e havia tomado medicamento na quinta-feira para abortar. Na sexta-feira, o feto foi expelido, mas no domingo pela manhã começou a sentir dores. Já no começo da tarde, passando muito mal, ela resolveu procurar socorro, mas sequer recebeu os primeiros socorros nem na unidade da rede estadual, que funciona na Pedreira. 'Me mandaram procurar a Santa Casa porque aqui não tem ginecologista', contou, após ser informada na recepção que naquela unidade só atendia clínica geral.
A dona-de-casa Guajarina Pacheco lamentou o descaso com a saúde pública no município. Ela também só conseguiu atendimento na Pedreira, após ter levado o marido passando mal ao posto do Telégrafo e da Sacramenta. Já idoso, o marido sofre de hipertensão e por volta das 14 horas sofreu uma forte crise. 'Eu não tenho dinheiro pra gastar com táxi. Só encontramos médico aqui na Pedreira. Isso é um absurdo', contou Guajarina.
Da mesma forma, a aposentada Margarida Viana, se desesperou em busca de atendimento para a neta, uma bebê de colo, que tinha febre muito alta, mas não conseguiu nem entrar na unidade de saúde da Sacramenta. 'Eu moro na Senador Lemos, fomos ao posto perto de casa, mas nem médico tem. Quando eu ameacei chamar a imprensa, eles disseram que iam providenciar uma ambulância para transferir para a Pedreira. Aqui ela foi logo atendida, mas lá a gente é maltratado, não pode nem entrar. Sequer mediram a febre da criança. Isso é um descaso e ninguém faz nada', denunciou a avó.

Nenhum comentário: