Petistas – dos mais lúcidos e ponderados aos mais passionais – têm-se revelado nos últimos dias extremamente constrangidos com as suspeitas, com os fatos nebulosos que envolvem a aquisição de milhares de kits escolares que vêm sendo distribuídos em escolas da rede estadual de ensino, em Belém e no interior do Estado, pelo governo Ana Júlia Carepa.
A avaliação é de que o governo petista do Pará, que ainda está à procura de uma ação que verdadeiramente o marque positivamente, teve uma grande, uma magistral idéia que acabou resultando num desastre. Um verdadeiro desastre.
A grande idéia – ou a grande sacada, como dizem alguns petistas – foi distribuir os kits escolares, uma ação de alcance social indiscutível por vários motivos.
1. Não requer custos tão altos – ou presume-se que não requer;
2. Tem larga repercussão social, por se destinar a alunos que em sua quase totalidade, tanto na Capital como no interior, integram famílias baixa renda;
3. Tem o foco centrado na educação, uma área que vende bem em termos de marketing, sobretudo num ano como este, quando as turbinas começam a ser azeitadas para que funcionem a todo o valor durante os embates eleitorais que ocorrerão em 2009;
4. E não tem o viés de um assistencialismo tão agudo e despropositado, porque, ao contrário do Bolsa Família, que dá o peixe mas não ensina a pescar, a distribuição de um kit escolar, mesmo simples, oferece ao estudante os meios mínimos necessário para fazer sua pesca: a aprendizagem com dignidade. Aliás, na capa das agendadas está estampada uma frase que poderia ser um dístico do governo Ana Júlia: “Dignidade com ensino público de qualidade”.
Por tudo isso, não são poucos os petistas com quem o poster tem conversado desde domingo último e que concordam: a distribuição dos kits escolares poderia consagrar o governo Ana Júlia, eis que compreende uma ação em tudo e por tudo condizente com o presumido espírito das gestões petistas, mais preocupadas em intervenções concretas na área social.
Mas não são poucos os petistas que, igualmente, deploram que o governo, para realizar uma ação tão simples, que não demandaria procedimentos de grande complexidade, incorreu em supostos açodamentos que o levaram a cometer erros imperdoáveis, como mandar confeccionar agendas fora do Estado, ignorar a necessidade de instaurar procedimento licitatório para adquirir os produtos, sonegar à opinião pública informações sobre os valores envolvidos na operação e, por último mas não menos importante, convocar uma das empresas que lhe prestam serviços na área da comunicação, no caso a Double M, para intermediar pagamentos estimados em R$ 15 milhões e supostamente escolher um gráfica situada em João Pessoa, a capital da Paraíba.
Além de deplorarem todos esses erros, não são poucos os petistas que lamentam mais ainda a demora do governo em se pronunciar sobre o assunto. Uma demora, segundo dizem, que apenas reforça a impressão de que o Palácio dos Despachos está sem saída para oferecer explicações convincentes e amparadas em argumentos irretorquíveis, além de escancarar ainda mais a porteira para que se façam especulações de toda ordem – todas elas negativas, é claro - para a imagem do governo Ana Júlia.
Um comentário:
Este é o PT da atualidade. Não devemos ter espanto destas coisas. Com a compra da maioria da imprensa pelo Governo estas ¨cositas¨não são exploradas e não da em nada. Infelizmente. Eta terra de direitos.
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