quinta-feira, 5 de março de 2009

Kit escolar: oito notas fiscais que dão o que falar. E como!


Desde a primeira postagem feita aqui, sobre essa aquisição de kits escolares pelo governo do Estado, insiste-se em por os fatos de um lado e as versões de outro.
Pois os fatos, que até agora amparavam-se em evidências lógicas, agora podem amparar-se em documentos que começam a surgir.
E os documentos que começam a aparecer não configuram mais indícios, e sim evidências de que os fatos, que já eram fatos, agora são mais fatos ainda.
Muito mais.
E contra fatos, vocês sabem, não adianta brigar.
Pois é.
Observem as duas notas fiscais.
Clique nelas para visualizá-las melhor.
De antemão, o Espaço Aberto pede desculpas porque as imagens não estão muito boas. Mas não é por falta de esforço e empenho dos fotógrafos aqui da redação, não. É que as cópias às quais o poster foi apresentado no início da noite de ontem não estão muito boas, não estão muito nítidas.
Mas dá para ler o essencial.
E vamos ao que é essencial.
A nota fiscal lá do alto é da de nº 110286. Foi emitida pela Gráfica Santa Marta Ltda., com sede em João Pessoa (PB), no dia 2 de janeiro deste ano. A destinatária é a Double M Comunicação Ltda. A mercadoria é uma partida de 35 mil “livros de educação básica volume 3”. Preço total: R$ 74.900,00. Preço por unidade: R$ 2,14. Cliente: Secretaria de Estado de Educação.
São fatos. Estão registrados na nota fiscal.
Depois, cliquem na imagem acima para ver melhor.
A nota fiscal acima é da de nº 110984. Foi emitida pela Gráfica Santa Marta Ltda., com sede em João Pessoa (PB), no dia 20 de janeiro deste ano. A destinatária é a Double M Comunicação Ltda. A mercadoria é uma partida de 40 mil “blocos personalizados do professor”. Preço total: R$ 440.528,00. Preço por unidade: R$ 11,01. Cliente: não nominado, mas a nota de empenho que aparece leva o nº2008NE18918. É um empenho do ano passado, portanto.
Mais fatos registrados nessa segunda nota fiscal.
O blog dispõe de cópias de mais quatro notas fiscais: as de números 111584 (bloco personalizado. Valor R$ 22.026,40), 111583 (bloco personalizado do estudante da rede estadual – ano 2009. Valor: 440.528,00), 111525 (livro educação básica 3. Valor R$ 31.500,00) e 111126 (bloco personalizado do aluno 2009. Valor: R$ 418.501,60).
O blog, repita-se, tem cópias das seis notas fiscais: das duas que aparecem aí em cima e das outras quatro mencionadas. Em comum, todas têm o seguinte: foram emitidas este ano, pela Gráfica Santa Marta para a Double M e referem-se a produtos ligados à área educacional.
O blog dispõe de mais dois números de notas fiscais. Dispõe dos números, mas não dispõe de cópias das notas, que estão circulando por aí.
Os números das notas fiscais cujas cópias não estão em poder do blog são os seguintes:
Nota fiscal 111688 – Valor: R$ 440.528,00
Nota fiscal 111766 – Valor: R$ 273.330,00
O que é, afinal, que essas notas fiscais têm a ver com os kits escolares adquiridos pelo governo Ana Júlia Carepa?
Têm tudo e nada, ao mesmo tempo.
Nada têm a ver porque não se referem a produtos que compõem o kit – mochila, fardamento e agenda.
Mas têm tudo a ver porque mostram cinco fatos:
1. O fato de ser necessário o regular processo licitatório para compras que, conforme vocês mesmos podem somar, ultrapassam o valor de R$ 1.500.000,00.
2. O fato de não se ter conhecimento da instauração de processo licitatório para adquirir os produtos destinados à área da educação.
3. O fato que consiste na presença da Double M como a agência encarregada de selecionar a Gráfica Santa Marta para confeccionar os produtos relacionados à área de educação.
4. O fato de que a Gráfica Santa Marta tem sede em João Pessoa (PB).
5. O fato de que o governo voltado para o social, voltado para a geração de emprego e renda em território paraense, cria emprego e renda em território paraibano, longe dos pagos paraenses.
São fatos.
Poderá ser apresentado o argumento de que a produção de material como “livro de educação básica volume 3” é afeto a uma agência que presta serviços de comunicação para o governo do Estado.
É uma alegação procedente?
Sinceramente, não é.
Livro é material didático. Um livro de educação básica ensina que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, que o Pará fica na Região Norte do Brasil, que o Brasil é um dos países da América do Sul e que a América do Sul está no mundo.
E só.
Basicamente, um livro de educação básica ensina isso.
Então, o que isso, afinal, tem a ver com propaganda institucional?
O que isso tem a ver, afinal, com a promoção do governo Ana Júlia Carepa?
Só quem pode responder é o governo do Estado, através de pareceres bem fundamentados que, acredita-se, devem ter dado amparo, devem ter dado suporte a operações como as referentes a essas notas fiscais mostradas agora e a operações como as que resultaram na aquisição do material – principalmente as agendas – que compõe os kits escolares que vêm sendo entregues.
Mas se os pareceres são tão bem fundamentados, por que não são trazidos a público? Por que seus argumentos não são expostos claramente, para que se estabeleça o confronto com outros argumentos?
Por que não se mostram argumentos para responder a tantas perguntas que estão a descoberto, que estão sem reposta?
Por que deixar tantas dúvidas flanando por aí, soltas, dispersas, em meio a silêncios autoacusatórios?
Por que, afinal, por a mordaça em bocas que, podendo expressar-se, podendo explicar suficientemente essas questões todas, são obrigadas a manter-se amordaçadas por conveniências que ninguém sabe quais são?
O dinheiro dessas compras todas não é público?
Por que, então, o medo de expor tudo isso em praça pública, com a transparência que se exige de quem não tem nada a esconder?
Por quê?

10 comentários:

Anônimo disse...

impecheament, logo

Anônimo disse...

A casa começou a cair. Parabéns pela reportagem. Isso é só o começo, porque vem muito mais coisas por aí. Basta que o Ministério Público Federal queira, porque do estadual não dá pra esperar muta coisa. Vá em frente que você está desvendando um dos grandes mistérios desse governo Anajulista.

Anônimo disse...

Ai, ai, ai , ai, ai...
O bicho começou a pegar e vai pegar feio. Essas notas fiscais são mais do que claras, mostra de maneira inquestionável como as coisas vêm acontecendo nesse governo, é a forma petista de governar, é o Pará Terra de Direitos, é o uso indevido do dinheiro público, é a irregularida campeando pra tudo que é lado, é uso e abuso do dinheiro público, é a certeza da impunidade, é , é , é ....
O PT.

Anônimo disse...

Quer dizer então que a Double M contratou direto a Santa Marta para imprimir bloco personalizado? O que agência de publciidade a ver com isso? Seria bloco personalizado material pra divulgação do governo petista? E o contrato da Double M é coma Seduc ou com a Secretaria de Comunicação?
Com a palavra quem de direito.Ou melhor, o Governo do Pará, Terra de Direitos.

Anônimo disse...

Paulo,
Nâo lhe conheço pessoalmente, mas sou leitora costumaz de seu blog e venho acompanhando diariamente seu empenho em desvendar mais essa diabrura do gestão petista estadual.
Gostaria de lhe parabenizar pelo trabalho sério e transparente de investigar e informar ao cidadão como nosso dinheiro está sendo gasto pelo governo da mudança (e que mudança!).
Você e sua equipe estão de PARABÉNS, muitos PARABÉNS!
Sua leitora diária

làm duoc digamet disse...

Parabéns pela matéria.Ao Lê-la me lembrei do artigo que postei no meu blog - blog do wolgrand - ("transparência é coisa de espelho sem aço")no qual relato, com prova documental, que o coronel Dário, comandante da PM não autorizou que este signatário tivesse acesso às contas da PM. Há indícios de fraudes. Numa administração democrática isso aconteceria? Por que o governo não permite acesso às informações de interesse público? Lebram dos dados estatísticos da violência no Pará, "escondidos" pela SEGUP? É uma vergonha esse governo, legitimado por um MP Estadual pífio, chinfrin e vagabundo.
Que Deus nos socorra!

Major PM Walber Wolgrand
Presidente da ADDMIPA

Anônimo disse...

Leiam o Edital de Licitação das Agências de Propaganda. É muito claro o pojeto do trabalho que o governo contratou das agências.
Esse episódio dos kites é mais dos atrapalhados desse governo na área da comuniação ( E DE RESTO EM TODAS AS OUTRAS ÁREAS).
A Doublem M, que não se sabe como caiu do céu no colo da Ana Júlia (sabe lá de qual sacada LEAL MOREIRA), na campanha, sem nenhuma experiência com comunicação política e muito menos governamental, estava desde a primeira hora ávida por faturar. E fez aquela revista maluca dos primeiros 100 dias do malfadado governo; ruim pra caramba, eivada de erros, a revista foi feita sem que a agência tivesse contrato com o governo, pois ainda estava em vigor o contrato do governo anterior. E a OMG levou a culpa, ao vivo, da própria governadora, em programa da TV RBA. Tudo acertado antes porque a OMG pensava ser aprovada na futura licitação. Não foi! E a revista foi triturada devidamente.
Agências são loucas para faturar e para ganhar a confiança dos executivos do governo, fazem loucuras e atropelam os contratos e principalmente as lei, as normas do TCE etc. Tudo coisa de amador. Como tudo amador o é nesse governo.
Resta saber quando um Promotor Público vai interferir nessa história e sustar esses kits que, se quiserem, podem ser caracterizados como "campanha prévia da Ana" - que, até o TRE oficlizar a candiatura, ainda vai inventar muita bolsa para os pobres.
No embalo, uma sugestão:
BOLSA FLANELINHA - para resolver o problema de inclus;áo social (na rua) dos analfabetos, desempregados, desdentados e sem-futuro jovens de Belém.
O KIT DA BOLSA FALANELINHA: Balde de gordura vegetal 20 litros descartado por restaurantes e lanchonetes; pedaço de espuma de colchão velho aproveitado do lixo; uma flanela; uma garrafinha de sabão líquido; uma escovinha e um colete vermelho com a inscrição "PROJETO BOLSA FLANELINHA - TERRA DE DIREITOS".

Anônimo disse...

Uma coisa me chamou a atenção, além é claro das diabruras dessa contratação sem licitação: qual a característica do material produzido. Isso é mais do que necessário em qualquer compra, a especificação do que está se comprando. Assim, seria mais do que necessário que a nota especificasse, por exemplo, o formato ou tamanho dos impressos, se é colorido ou não, a qualidade do papel e por aí vai.
Mas baseando-se por essas notas, já se tem uma idéia da dinheirama que foi gasto com essa brincadeira. Isso só o preço da gráfica. É só multiplicar os R$ 11,... por mais de 1 milhão de agendas, que teremos milhões, milhões e milhões.
Com a palavra a Seduc, ou melhor, a secretaria de Comunicação, ou melhor , o Governo do Estado, ou melhor, a Ana Júlia Carepa.

Anônimo disse...

MEU CARO WALBER WOLGRAND COMO VC QUER QUE O MP FAÇA ALGUMA COISA SE A COMADRE DA ANA JÚLIA CHAMADA VERA TAVARES EX-SECRETÁRIA DE SEGURANÇA FOI NOMEADA ASSESSORA DE PLANEJAMENTO DO PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA.
É O FAMOSO UMA MÃO LAVA OUTRA
TERRA DE DIREITOS VIOLADOS

Anônimo disse...

Estamos vendo o governo rasgar a constituição, todas as normas do direito Administrativo e as Leis de Licitações e nenhum integrante dos órgãos de controle se posicionou até o momento sobre este crime e nenhum dos grandes veículos da grande imprensa divulgou uma linha só. Estamos diante de uma grande quadrilha que compra consciências.