quinta-feira, 5 de março de 2009

CPI da pedofilia chega a Belém

No AMAZÔNIA:

'Podia ser seu filho'. O chamado à sociedade sobre os casos de pedofilia e outras formas de abuso contra crianças adolescentes, presente em faixas e cartazes, foi o grito que ecoou na noite de ontem, no Aeroporto Internacional de Belém, como recepção aos senadores Magno Malta (PR-ES), José Nery (PSOL-PA) e Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), que integram a CPI da Pedofilia no Senado Federal. A resposta de Malta, presidente da comissão, às dezenas de pessoas que desde cedo montaram vigília no saguão foi igualmente forte. 'Não reconheço autoridade. Não reconheço poder econômico. Conheço apenas as crianças que sofrem abuso e suas famílias', bradou Malta, fazendo clara referência às denuncias de que personalidades locais estariam envolvidas nesse tipo de crime.
Representantes de movimentos sociais, conselhos tutelares e governos se reuniram no saguão do aeroporto para recepcionar a CPI. Faixas, camisetas, palavras de ordem e até um grupo de carimbó foram usados para, ao mesmo tempo, denunciar, chamar atenção e pedir comprometimento das CPIs no Senado e na Assembléia Legislativa do Pará, e da sociedade, no enfrentamento à pedofilia.
A presidente da Comissão de Justiça e Paz (CJP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Henriqueta Cavalcante, entregou aos senadores uma carta na qual reafirma o pedido de comprometimento dos senadores e a utilização da experiência e competência para 'passar a limpo uma triste página de nossa história de violação da dignidade de nossas crianças no Estado do Pará'.
Segundo a Henriqueta, a vinda da CPI traz visibilidade a uma situação que merece a parceria de toda a comunidade, da família, das escolas, mas que, antes de tudo, necessita da atenção das autoridades e de políticas públicas, para o fortalecimento de ações de combate e rede de assistência. 'O Estado não está preparado para enfrentar esses casos', denunciou.
Mary Cohen, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA, que também assina a carta, lembrou que é preciso endurecer a legislação para que a impunidade não continue a ser um estímulo à prática da violência. Ela destacou que a sociedade tem cumprido seu papel nas denúncias. E que a união dos movimentos sociais e a mobilização têm gerado retorno, com o aumento significativo de casos que chegam ao conhecimento público, mas ainda há muito ser feito. 'A polícia precisa estar mais envolvida e mais bem equipada para que as denúncias cheguem concisas ao Judiciário', explicou.
O trabalho de conscientização também foi a missão dos movimentos na noite de ontem, no aeroporto. Henriqueta enfatizou que a cultura do silêncio precisa ser superada, pois quem se omite também comete a violência. Ela explicou que as denúncias podem ser feitas, no anonimato, para o Disque-Denúncia, no número 100.

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