sábado, 7 de março de 2009

Bispo critica omissão de Estado em casos de pedofilia

No AMAZÔNIA:

A omissão do Estado é o pior aspecto enfrentado pela população do Marajó em todos os setores, que contribuem para a manutenção da exploração sexual de jovens, crianças e adolescentes e para a miséria nos 16 municípios do arquipélago, de acordo com o depoimento do bispo do Marajó, dom Luiz Azcona, ontem, à CPI da Pedofilia do Senado.
O religioso, que foi a primeira pessoa a denunciar publicamente que existe uma rede de pedofilia integrada por políticos, empresários e outras pessoas nos municípios do arquipélago, ressaltou que desde 2005, quando foram feitas as primeiras denúncias, até agora, nada foi feito para mudar esse quadro. Ele voltou a denunciar uma rota de tráfico de meninas de Melgaço, Portel e Breves para a Espanha, pela rota Belém/Guarulhos/Madri.
Dom Azcona lembrou que em junho de 2006 também houve a denúncia contra os balseiros que navegam pelo rio Tajapuru, entre Melgaço e Breves, onde meninas entre 11 e 12 anos são exploradas sexualmente em troca de dois a três quilos de carne ou de cinco litros de óleo diesel. 'Até agora, as autoridades não fizeram nada. Os membros da Pastoral da Criança que fizeram a denúncia e subsidiaram a reportagem estão sofrendo ameaças de morte', lamenta.
Outro caso é o do ex-vereador de Portel, Roberto Terra, filho do então prefeito do município, que foi condenado por estupro de uma menina de 13 anos, mas não foi preso. 'As vítimas têm que fugir para não morrer, e os bandidos estão soltos. Os municípios continuam miseráveis e com total ausência de políticas públicas. Que Estado é este, que justiça é esta?', bradou.
A pedido do bispo do Marajó, a CPI da Pedofilia do Senado vai requerer a reabertura do inquérito policial sobre as mortes do assessor da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, Amauri Formentinni, e dos cinegrafistas da TV Liberal, Célio Costa e José Carlos Leite, mortos em suposto acidente na rodovia Belém-Brasília. O acidente ocorreu em dezembro de 2007, quando a equipe se dirigia a Ulianópolis para fazer uma matéria sobre exploração sexual infantil na região da Belém-Brasília. A família do assessor afirma que há indícios de que o veículo foi sabotado.

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