segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Reserva indígena é devastada

No AMAZÔNIA:

Considerado um dos mais complicados casos de invasão de terras indígenas de todo o Pará, a reserva Tembé já está com quase a metade dos seus 297 mil hectares devastados pela extração ilegal de madeira. Pioneirismo para o madeireiro Mejer Kabacznik, já falecido. Mas o abate sistemático da floresta vem sendo praticado há anos por outros madeireiros, que têm suas serrarias espalhadas pelos municípios que fazem fronteira com a reserva Tembé. E quase sempre com a conivência dos próprios caciques dos silvícolas das tribos espalhadas pela reserva. Como aconteceu entre o dono da serraria Andiroba, do empresário Norberto Hubner, de Paragominas, e meia dúzia de caciques. Foi lá que ocorreu a apreensão, por fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovávei (Ibama) de milhares de metros cúbicos de madeira, retirada, segundo o órgão, das terras dos Tembé.
Quando esse material florestal estava sendo transportado para outra serraria, que pertence a um filho de Norberto, acabou ocorrendo a apreensão de 12 caminhões carregados com toras vindas da serraria Andiroba. Na noite do último dia 23, pelo menos 500 pessoas acabaram invadindo a sede do Ibama de Paragominas, destruíram documentos, equipamentos e veículos do órgão, e levaram os caminhões e a madeiras que tinham sido apreendidos.
Para se ter uma idéia da devastação e do sentimento de impunidade do crime ambiental por parte dos madeireiros que há pelo menos três décadas compactuam e sempre enganam os índios, durante esse período foi construída uma estrada para escoar essa madeira que atravessa a reserva. Trajeto que, com o passar do tempo, foi gradativamente incorporado ao cotidiano da população da região, ao ponto dela se tornar rota autorizada pelo Estado de linhas de ônibus intermunicipais, assim como de escoamento da produção agrícola da região.
Os próprios técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) garantem que a maioria das invasões com o objetivo de retirar madeira da reserva é feita em parceria com os caciques Tembé, que não procuram esconder a ostentação de camionetes e outros bens, mordomias que não chegam ao restante da tribo, que continua, plantando, colhendo, caçando e pescando para sobreviver. O próprio ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante visita feita em Paragominas, disse que 'não se pode tapar o sol com a peneira', e que 'muitos caciques se aliam aos madeireiros ilegais, e depois compram carros e outros bens, deixando o restante da tribo na miséria'.
Minc informou que já está mantendo entendimentos com a direção da Funai, para que sejam criados mecanismos mais eficientes de fiscalização dentro das reservas, para impedir a entrada de madeireiros ilegais. 'Temos que impedir que a ingenuidade dos caciques seja utilizada por essas pessoas sem escrúpulos, uns criminosos que acham que podem peitar a autoridade. Mas essas pessoas não perdem por esperar, vão todos para o xilindró, perder seus bens, plantar árvores, para aprender que neste País tem estado, tem lei'. bradou o ministro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é. O ministro Minc bradou. E bradou uma pseudo-ingenuidade.
Classificar os caciques de ingênuos, cara-pálida?!
Mas quando?!
Já passou há muito o tempo deles, os índios, se contentar com espelinhos e outras miçangas; a realidade é outra.
Muitos tem pick-ups de luxo, celulares top-line e tudo mais, ora, ora.
São coniventes e beneficiários da exploração dos madeireiros.
Mas na hora da polícia entrar em ação, passam a ser ingênuos indígenas explorados e enganados.
Conta outra, Minc.
Abre o olho, Minc.
Índio não aceita mais apito; índio quer grana!
Pode levar a madeira, basta pagar.
O resto é pirotecnia.