segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Faculdades abaixo da média

No AMAZÔNIA:

De cada dez vagas no ensino superior abertas no Pará, três não são preenchidas. No total, instituições públicas e particulares oferecem todos os anos 30 mil vagas, mas apenas 21 mil são ocupadas. Apesar do grande número de vagas ociosas, a quantidade de novas faculdades não pára de crescer na capital paraense. De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Educação, Roberto Barreto, as vagas não são preenchidas por falta de planejamento das instituições de ensino superior. 'Elas criam um monte de vagas, mas não dão boas condições de ensino ao estudante e ainda cobram mensalidades muito caras. A maioria da população não tem condições de pagar uma mensalidade que custa mais que um salário mínimo', explica.
Roberto Barreto diz entender que a oferta de vagas é muito importante, pois dá a oportunidade de mais pessoas terem acesso ao ensino superior. Entretanto, a criação de novas instituições deveria ser mais regulada. 'Essa grande expansão acontece sem muito controle e planejamento. Muitas instituições não são sérias, não existe um padrão de qualidade', conta.
O indicador de qualidade do Ministério da Educação, o Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC), revelou este ano que o ensino superior do Estado deixa muito a desejar. Do total de 500 pontos que as instituições avaliadas poderiam alcançar, apenas a Universidade Federal do Pará (UFPa) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRa) conseguiram alcançar metade da pontuação, elas receberam 252 e 264 pontos, respectivamente. A Universidade da Amazônia (Unama) entrou no ranking das dez piores universidades do país, ocupando a quinta posição, com 175 pontos.
As outras instituições avaliadas foram: Escola Superior Madre Celeste (Esmac) com 198 pontos; Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa) com 216; Faculdade do Pará (FAP) com 187; Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa) com 141; Faculdade Ideal (Faci) com 174; e Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Iesam) com 161.
Opiniões - Uma estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa), que teve o ICG mais baixo entre as instituições particulares do Estado, considera que os professores da instituição são bons. Porém, a estrutura da faculdade não é tão boa assim. De acordo com ela, a ilha de edição de TV é muito ruim e o laboratório de informática sempre está com problemas. 'A mensalidade é praticamente a mesma das outras faculdades, mas a estrutura é bem diferente', diz.
A acadêmica de Administração da Faculdade Ipiranga conta que já pensou em desistir do curso por causa da baixa qualidade das aulas. Ela diz ainda que, apesar de ter uma boa estrutura, o conteúdo das é muito fraco. 'Não me sinto preparada para o mercado de trabalho', explica.

5 comentários:

Anônimo disse...

O problema está no Ministério da Educação e em quem fiscaliza essas faculdades.
E ainda tem gente discutindo se o reitor de uma delas, que teve uma péssima colocação no IGC, deve ou não voltar ao cargo.

Anônimo disse...

Essa matéria nos alerta para um fenômeno que vem acontecendo nos últimos anos em Belém, mas que no resto do país já se tornou prática comum: a banalização do ensino superior particular. Hoje qualquer escola de ensino fundamental ou médio se aventura a criar uma faculdade e oferecer cursos superiores, na maioria das vezes não há uma seriedade dos projetos pedagógicos e o grande objetivo dos proprietários (empresários) é apenas o lucro. Essas faculdades acabam oferecendo cursos com valores de mensalidades baixas e isso gera grandes problemas aos alunos e professores como o não investimento em infra estrutura de ensino e baixos salários aos professores. Fico feliz pois o CESUPA - Centro Universitário do Pará ficou de fora dessa lista negra. Aliás o CESUPA, pelo ranking, foi colocado como melhor Centro Universitário da região norte e melhor instituição particular de Belém.
As pessoas (principalmente as famílias) deveriam pesquisar muito bem antes de matricular os jovens nessas instituições. O "barato" geralmente acaba saindo "caro" a longo prazo.
Assino como anônimo, pois tenho muitos colegas que trabalham nestas instituições e não quero abrir um problema com debates e discussões.

Anônimo disse...

Concordo com o anônimo das 8:05.
O que o MEC faz é uma palhaçada.
Autoriza a criação de faculdades que não deveriam existir.
Autoriza cursos sem nenhuma estrutura física ou funcional.
E depois fiscaliza de uma forma torta e tosca...
As universidades federais sempre recebem boas notas mesmo tendo estrutura precária, professores que faltam muito, greves constantes...
Os cursos particulares são valiados de acordo com a sorte de cada um.
Ou seja, o MEC autoriza os cursos fingindo que são bons.
E quando eles estão funcionando, o MEC finge que eles são piores do que os cursos ministrados nas federais.
Ridículo...

Anônimo disse...

Concordo com os 2 comentários acima.
O MEC realmente tem culpa no processo. A extrema facilitação para abertura de faculdades e cursos e a falta de tato ao lidar com as avaliaçãoes das mesmas facilita a entrada de picaretas na educação superior. Quer ver uma instituição fajuta? Dê uma volta de carro em Belém. O que mais se vê é escolinhas virando faculdades e o pior algumas delas ainda usam ferramentas à distância cobrando preços de mensalidades abaixo de R$ 300,00. Oras... deixemos de papo furado, como é que faz educação superior de qualidade com orçamentos mais baixos que escolinhas infantis? Como é que se contrata e qualifica bons professores pagando uma hora aula baixa? Qual é a qualidade da aula de uma pessoas que precisa ser professor em 3 ou 4 instituições para poder ganhar uma renda razoável ao final do mês?
Essa facilidade de abertura de escolas superiores tem um lado bom: aumenta a popularidade dos governantes populistas, pois tem mais gente das classes C e D no ensino superior. Isso é bom, até excelente para poder oferecer possibilidade de escalada social. Mas pensem no nível de conhecimento e ensino que essas pessoas chegam nas faculdades. Os alunos precisam receber aulsa de "nivelamento" (isso mesmo nivelamento em portugues e matemática) para poder entender o que os professores ensinam no primeiro semestre.
Em algumas escolhinas superiores de Belém ensino superior de hoje equivale ao ensino médio de ontem (quando chega a isso).
Pronto, falei. Isso tava engatado. Pode até ser que não gere nenhuma consequencia, mas falei.

Anônimo disse...

Os doutos professores fazem patéticas declarações.
Parece que os estudantes chegam às universidades e faculdades sem nada saberem e, ao final de sua jornada "superior" continuam nada sabendo.

Precisam, antes de fazerem coro às "balelas" haddadianas (Fernando Haddad = Ministro da Educação) entenderem que as tais medidas que colocam a UFPA e a UFRA em 1º e 2º lugares consideram tão somente (ou quase exclusivamente) a existência de doutores - mesmo que não ministrem aulas como elemento mais importante da avaliação.
Esquecem também que os doutores que servem para a estatística do MEC (na verdade INEP) titulados com recursos da sociedade para serem pesquisadores e formuladores de novos conhecimentos - agora servem apenas para serem "números variáveis" de uma estatistica perversa.
Chega a ser curioso que estatisticamente as Universidades públicas estão em primeiro lugar e, no entanto, não conseguem fazer com seus egressos sejam aprovados nos concursos de conhecimentos largamente praticados nos últimos tempos.
Outra coisa: o indignado que se manifestou aqui no blog deve saber que o CESUPA é o único Centro Universitário (uma das formas de organização das instituições de ensino superior) do Pará. Logo, tem é que tirar o primeiro lugar!
No norte, há apenas mais um Centro Universitário - em Manaus, parece que se chama Newton Lins.

É verdade que o MEC tem a culpa por autorizar tantas escolas, a maioria sem qualquer preparo para a criação (pesquisa)e a difusão (ensino e extensão) do conhecimento, poirém é importante considerarmos o nosso respeito pelo trabalho dos colegas de outras instituições, e os egressos destas, que têm os mesmos direitos de buscar a luz do conhecimento.

Por final: O presidente do CEE deve dar exemplo de compustura e de respeito pelos seus colegas, pois imagino que neste mar de lama que se tornou a política brasileira, ele também deve ser professor e, se for, para ocupar o cargo que ocupa deve ser dos "bons"!!