As repercussões internas – interna corporis, como diriam os nossos ilustrados juristas – das suspeitas que envolvem o deputado Luiz Afonso Sefer (DEM) como acusado, como suspeito da prática do crime de pedofilia começam a ficar cada vez mais visíveis na Assembléia Legislativa.
E por conta disso é que por pouco, mas muito pouco, o deputado estadual Arnaldo Jordy (PPS) não dançou da relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembléia para investigar a violência e a exploração sexual contra crianças e adolescentes em todo o Estado do Pará.
Até a semana passada, quando a comissão se instalou, não havia olho grande – nem pequeno – sobre a presidência e a relatoria da comissão. E tanto é assim que não houve qualquer polêmica em relação a Jordy como relator. Quanto a Bordalo, levantou-se uma questão regimental: ele não poderia ser presidente porque era o autor do requerimento que deu origem à comissão. Mas era pacífica, tranqüila e certa a indicação de Jordy para membro da comissão.
Até que veio o último final de semana. Como ele, a intensa repercusão do caso envolvendo Sefer, inclusive nacionalmente (aqui e aqui). Depois do final de semana, veio a segunda-feira, dia em que Sefer foi à tribuna e se defendeu, mas não disse que responde a inquérito.
Depois do discurso de Sefer, a Assembléia não foi mais a mesma. E a CPI da Pedofilia, muito menos.
Ontem, a Comissão voltou a se reunir. Decidiu-se que Carlos Bordalo não poderia mesmo ser o presidente, por impedimento de ordem regimental. Quem assumiu em seu lugar foi o tucano Bira Barbosa.
Aí, passou-se à indicação do nome do relator, cargo-chave, como se sabe. É o relator quem apresenta o voto com o resumo de todas as conclusões da Comissão.
E o meio-campo embolou. Quando a bola estava para chegar a Jordy, houve bicudas de todo jeito para desviá-la.
PSDB, DEM, G-8 e PMDB uniram-se para indicar, primeiro, o deputado Deley Santos. Ele recusou e declinou da indicação em favor de Jordy, que já havia recebido, na semana passada, a garantia dos membros de vários partidos de que apoiariam seu nome para relatar os trabalhos da CPI.
Com Deley fora, a liderança do PMDB operou ativamente, nos bastidores e fora dele, para indicar Simone Morgado (PMDB). A deputada chegou a ficar surpresa. Mas acabou declinando da indicação.
Após tantas e frustradas tentativas, enfim a bola chegou a Jordy. Não chegou redondinha – como ocorre nesses passes que deixam o atacante na cara gol -, mas de qualquer forma chegou.
Aliás, por falar em atacante e em gol, o deputado Robgol – que dentro das quatro linhas foi um dos maiores artilheiros do Paysandu – foi um dos que mantiveram a palavra e não colocaram obstáculo para que o deputado do PPS fosse escolhido para a relatoria.
Até que Jordy foi mantido como relator.
A muito custo, mas foi.
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