A loja Planet Girls, uma das mais elegantes e procuradas da Braz de Aguiar – entre Benjamin e Rui Barbosa - foi visitada por volta das 7h da noite de ontem por distinto casal, acima de qualquer suspeita. Pelo menos na aparência.
Era um casal que estava numa moto.
Os dois entraram na loja e ela, gastadora que nem só, passou a mão nas últimas novidades da grife. Aliás, nas últimas e nas primeiras. Foi separando várias, para não dizer muitas peças de roupa.
Ele, sentado e compenetrado, esperava.
Até que os demais compradores saíram da loja e ficou apenas o casal.
Foi aí que ele mostrou sua identidade às três funcionárias da loja: um revólver.
Era um assalto.
O distinto casal levou o que pôde levar numa moto. Entre outras coisas, levou todas as peças de roupa que ela havia escolhido e toda renda que estava no caixa.
O interessante é que várias lojas da Braz de Aguiar adotam o seguinte princípio: são bem-vindas e bem-vindos apenas os bem-vestidos. Seguranças e vendedores olham e tratam como absoluta, descarada e explícita desconfiança qualquer pessoa que, mesmo tendo condições de comprar numa loja dessas, está com traje simples. Com uma sandália no pé, por exemplo.
Uma leitora aqui do blog, vestida assim meio simplezinha, entrou numa dessas lojas da Braz de Aguiar, perguntou o preço de uma peça que a interessou e ouviu a resposta.
- Senhora, é muito cara.
- Mas quanto é?
- Senhora, é muito cara.
Tradução: “Saia daqui, sua relaxada, que você não tem dinheiro pra comprar.”
E ela tinha. Tinha dinheiro quase para comprar a loja inteira. Só que estava trajada de forma simples.
Pois o assalto à Planet Girls dá ensejo a que se reformulem esses conceitos.
Porque os grandes bandidos não despertam suspeitas.
Essas lojas precisam aprender a lição: aparências dizem muita coisa.
Mas nem sempre dizem tudo.
E nem sempre dizem tudo com exatidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário