Sem consenso no PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve rever nesta quarta-feira a idéia inicial de nomear Carlos Minc (PT-RJ) para substituir a ex-ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Em entrevista concedida à TV Globo em Paris, Minc disse que foi orientado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a recusar o convite para assumir o cargo federal.
"Eu disse para Sérgio Cabral que a Marina tinha pedido a carta [de demissão do ministério] e a manifestação que ele me falou é: 'o Lula vai me ligar e você me promete [que se ele te convidar para compor o governo federal] que você não vai para a Brasília'. E eu prometi de pés juntos que não vou para Brasília. É essa a posição", disse Minc, na França.
A assessoria do governo do Rio informou que o presidente Lula ligou para Cabral pedindo a liberação de Minc para assumir o ministério. Minc atualmente é secretário estadual do Meio Ambiente do Rio. No passado, foi do PV e agora é do PT. Mas não é reconhecido por setores do Partido dos Trabalhadores como um representante histórico da legenda.
Paralelamente, o presidente faz outras sondagens. Por pressão da ala histórica do PT e dos que atuam na área ambiental, o nome mais cotado é de Jorge Viana, ex-governador do Acre. O senador Tião Viana (PT-AC), irmão de Jorge, disse ontem à noite que ele havia conversado com o presidente da República.
Tião Viana visitou ontem Marina Silva, que depois de pedir demissão do ministério passou a maior parte do dia em seu apartamento na Asa Sul de Brasília. À noite, ela recebeu alguns amigos, entre eles, o senador do Acre.
De acordo com interlocutores, Lula pode definir ainda hoje o nome que substituirá Marina Silva no ministério. Para um grupo de petistas, é fundamental que a escolha seja Jorge Viana por ele ser apontado como um integrante de um Estado que compõe a região denominada Amazônia Legal (que reúne nove Estados).
A forma como Marina Silva pediu demissão irritou Lula. Segundo auxiliares do presidente, o que mais o incomodou foi o alarde da ex-ministra. Ela comunicou ao presidente sua decisão e logo depois a notícia já era divulgada como definitiva, sem espaço para negociações.
Marina entregou seu pedido de demissão em uma carta, na qual reclama da resistência que enfrentou no governo e da falta de sustentação política. "Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade", disse.
"Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para agenda ambiental."
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