Torcedor do Boca é preso por racismo durante jogo na Neo Química Arena, em São Paulo: as multas, para esses casos, não valem nada. Se valem, é para divertir os racistas. |
Adoro futebol.
Antes mesmo de eu nascer, há mil anos, já adorava.
Mas o futebol, vamos e convenhamos, é um escoadouro de nefastas condutas, dentro e fora de campo - mas principalmente fora (veja aqui alguns dos principais casos).
Dentre as condutas nefastas, o racismo de torcedores está entre as principais e mais deploráveis.
Uma semana sim, outra também, temos casos escabrosos de expressões racistas - sejam gestuais, sejam verbais, sejam as duas de uma vez só -, sobretudo quando envolvem confrontos entre times sul-americanos.
Ontem, tivemos mais um caso.
Torcedor do Independiente foi flagrado imitando um macaco para a torcida do Ceará, na Argentina. O registro foi feito após a vitória do Vovô sobre o Rey de Copas em duelo válido pela última rodada da fase de grupos da Sul-Americana, no estádio Libertadores de América.
Esse foi o segundo caso de ofensa racista em 2022 envolvendo o futebol cearense em competições internacionais. Pela Taça Libertadores, um torcedor do River Plate jogou uma banana na torcida do Fortaleza, também na Argentina. Como punição, o time argentino foi multado pela Conmebol em US$ 30 mil, quase R$ 150 mil, por flagrante de racismo.
Essas multas adiantam?
Não adiantam. E não adiantam absolutamente nada.
Aqui já defendi que essas transgressões só terão fim - ou pelo menos serão reduzidas substanciamente em relação ao que vemos hoje - quando os clubes forem punidos, mas não com multas, e sim com perdas de pontos.
Aí, aposto que torcedores não mais fariam o que fazem nos estádios, porque os próprios clubes se encarregariam de puni-los severamente, banindo-os, por exemplo, de seus jogos.
Do contrário, essas multas funcionam como aquela máxima de chover no molhado. E o pior: racistas ainda fazem piada, dizendo por aí, como muitos dizem, que eles se divertem sendo racistas, enquanto os clubes pagam pelo racismo que os racistas expressam.
Mas os clubes, também convenhamos, têm sido vergonhosamente covardes. Acham que é melhor pagar uma multa do que perder pontos porque seus torcedores se manifestaram de forma racista.
Se os clubes acham que assim como está é melhor, é sinal de que compactuam com essas práticas repugnantes.
Na aparência, podem até não compactuar.
Mas, na essência, são responsáveis pela reprodução sistemática dessas condutas.
Que horror!
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