sábado, 14 de maio de 2022

Assalto, cabo da Aeronáutica morto e reféns em ônibus. Tudo isso na Grande Belém, em meio a duas operações com centenas de policiais.

Policial fiscaliza ônibus durante a Operação Impacto. Em outros pontos da cidade, um
choque de realidade, um choque de impacto: assaltos e homicídios (foto da Agência Pará)

A trombeteada - sempre, todo dia, o dia todo - redução nos níveis de criminalidade na Região Metropolitana de Belém e, por extensão, em todo o Pará foi submetida nesta sexta-feira (13) a um duro, para não dizer duríssimo, choque de realidade. Uma realidade de impacto, diga-se logo.

Apesar de duas operações - alardeadas com todos os efes e erres pela Agência Pará - mandarem para as ruas centenas de policiais, deslocando-se em centenas de veículos, os bandidos, ao que parece, passaram a mão no celular, leram onde, quando e como seriam as operações e, estimulados por suas próprias audácias, acabaram tocando o terror. Sem medo e sem pena de ninguém, como se espera de desalmados.

Numa das ocorrências, talvez a mais trágica, ninguém menos que um cabo da Aeronáutica foi morto por dois assaltantes, justamente no momento em que as duas operações estavam nas ruas. E cerca de 20 de passageiros de um coletivo foram feitos reféns de facínoras.

Operação Impacto - Na manhã de sexta-feira, no início da tarde, a Agência Pará, em matéria sob o título Segup deflagra operação integrada para prevenção e represssão crimes, informou que a Operação Impacto, prevista para aquele dia, envolveria quatro frentes e pontos estratégicos no Parque Porto Futuro e Arena Guilherme Paraense "Mangueirinho" em Belém; Ginásio de Esportes Almir Gabriel "Abacatão", em Ananindeua.

"A iniciativa da Segup envolve todos os órgãos do Sistema de Segurança Pública do Estado (Sieds), que juntos com as guardas e órgãos municipais de trânsito, atuam, dentro das suas atribuições, gerando forte impacto positivo à população, que tem maior visibilidade e segurança com as forças policiais nas ruas", diz a matéria, que destacou, inclusive, a foto acima, de uma policial fiscalizando um ônibus.

A mencionada Operação Impacto ocorreu simultaneamente a uma outra, denominada Super Overlord, também anunciada em matéria na Agência Pará (veja aqui). A abertura do texto diz assim: "A nova fase da 'Operação Super Overlord - Maio 2022', deflagrada pela Polícia Militar nesta sexta-feira (13), bateu novo recorde de veículos empregados de forma simultânea, nos horários compreendidos entre as 17h e 01h. Ao todo, foram utilizados 1.383 viaturas - sendo 962 carros e 421 motos -, visando intensificar as ações ostensivas e preventivas, diminuir os índices de criminalidade e garantir mais segurança para os moradores da Região Metropolitana e interior do Estado."

Pois mesmo com as duas operações, que se estenderam até o final da noite de sexta-feira, como se pode ver, dois bandidos pegaram um ônibus por volta das 21h. Quando o coletivo trafegava pela avenida Pedro Álvares Cabral, a dupla anunciou um assalto. Um cabo da Aeronáutica reagiu e foi morto com um tiro na cabeça. Detalhe: o homicídio ocorreu bem em frente à Seccional da Sacramenta.


Os dois bandidos saíram do ônibus, roubaram uma moto e fugiram pela BR-316. Quando chegaram às proximidades da Unama, invadiram outro coletivo e, vendo-se cercados pela polícia, fizeram todos os passageiros reféns (vejam no vídeo acima). Depois de duas horas de negociações, eles se renderam e foram levados presos.

Isso tudo, repita-se, ocorreu em meio a duas operações policiais (Impacto e Super Overlord) feitas simultaneamente, de acordo com as informações oficiais - aliás, oficialíssimas. E tal ocorrência, pela sua magnitude, ela sim, é que causou impacto e teve maior repercussão. Mas terão sido registradas outras ocorrências do gênero?

Sabe-se lá.

Pelo sim, pelo não, talvez fosse melhor - por ser mais estratégico, quem sabe - a polícia não anunciar essas operações, ainda que seja recomendável, é claro, fazê-las toda as vezes em que se fizer necessário.

E estranha-se, sinceramente, que tenham sido necessárias duas operações de uma vez só. Porque, pelo que ouvimos e lemos, a criminalidade na Região Metropolitana de Belém e no Pará está sempre em queda. Por todo o Pará.

Mas esses choques de realidade, contrapostos ao choque dos números que indicariam a queda no índice de crimes, sempre causam impacto.

Apesar, infelizmente, do impacto das operações.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tá difícil meu filho. Muito triste.