sábado, 21 de maio de 2022

Na matemática, zero vezes zero é igual a zero. No bolsonarismo, zero vezes zero é igual a Jair Bolsonaro.

Bolsonaro e Musk: isso é como zero vezes zero. Isso é coisa nenhuma.

Elon Musk, o bilionário que veio ao Brasil para servir, por algumas horas, como personagem de destaque da trupe de malucos do bolsonarismo, pode ser muita coisa; como um trumpista empedernido ou um exibicionista, por exemplo.

Mas Musk, convenhamos, não é burro. Se o fosse e não tivesse outras qualidades, não seria bilionário.

Jair Bolsonaro, que o recepcionou, pode ser muita coisa - um político dos mais ispiertos e fascista da mais alta excelência, por exemplo.

Mas, ao contrário de Musk, Bolsonaro, convenhamos, é falto de inteligência (como ele é presidente da República, não acho digno qualificá-lo com adjetivos mais apropriados. Quanto a isso, Mariliz já o fez por mim).

Então, quando Musk, que não é burro, mas é exibicionista, encontra-se com um Bolsonaro, que é falto de inteligência, temos um zero vezes zero. E zero vezes zero é igual a zero, como vocês sabem (essa, aliás, foi a única lição que eu aprendi bem da matemática, que sempre me foi odiosa).

Por isso, exibicionismo x burrice é igual a coisa nenhuma. Às vezes, disso pode até resultar uma tragédia. Mas, em geral, resulta em coisa nenhuma. Foi o que aconteceu na viagem de Musk ao Brasil.

Mesmo assim, Bolsonaro, que não entende nada de nada e que não conseguiu aprender nem que zero vezes zero é zero, acha que Musk vai salvar a Amazônia e já pode até ser entronizado no panteão dos heróis da liberdade, tanto que ele próprio, o Incorruptível, classificou o empresário de mito da liberdade (hehe).

Se vocês acham que é um exagero dizer que Musk x Bolsonaro é igual zero, reparem em alguns fatos.

Musk, esse herói das liberdades, já se prontificou a firmar uma parceria em que o seu projeto de telecomunicações, o Starlilnk, ajudaria a conectar 19 mil escolas da Amazônia à internet.

Mas, para isso, seria necessário um contrato, porque no serviço público, vocês sabem, até para não se fazer nada, até para não se fazer coisa nenhuma, é preciso ter um contrato.

Mas, ora vejam só, o Ministério das Comunicações já anunciou que não há previsão alguma de firmar um contrato com Musk, o que só poderia ocorrer, lembrem-se outra vez, em decorrência de um processo licitatório.

Então, de que valerá uma parceria entre o Brasil e Musk? Isso é zero vezes zero, que é igual a zero.

Outra coisa: Musk estaria disposto a colocar suas tecnologias para monitorar o desmatamento na Amazônia. Mas especialistas já disseram que essa patranha é apenas isto: uma patranha, uma mentira, uma bolsonarice sem fim. E por quê?

Porque o sistema de Musk só permite produzir imagens. Mas há imagens e imagens. As imagens produzidas para se fazer o monitoramento de áreas degradadas exigem especificidades e análises técnicas que nem de longe são contempladas pela musktecnologia.

Além disso, desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, recebe e processa os dados sobre perda de floresta. As imagens são obtidas via satélite e o nível de precisão é de 95%, segundo o próprio instituto.

Para fazer a observação, já são usados três tipos de sistemas: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes); o Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter); e o TerraClass, que mapeia o uso da terra após o desmatamento, em parceria com a Embrapa.

musktecnologia faz isso? Não faz.

Então, façamos outra vez o questionamento: de que valerá uma parceria entre o Brasil e Musk? Isso é zero vezes zero, que é igual a zero.

Mesmo assim, os bolsonaristas estão comemorando esse resultado esplendoroso que, acham eles, foi a visita de Musk ao Brasil.

É que, para um fanático bolsonarista, zero vezes zero às vezes dá resultado.

E, quando dá, o resultado é um Jair Bolsonaro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns, Bemerguy! Sempre essa escrita precisa e bem humorada!
Ismael Moraes