ISMAEL MORAES – advogado socioambiental
O primeiro ministro inglês Winston Churchill, ao
resistir ao nazismo, fez a humanidade acreditar que, mesmo diante das maiores
dificuldades, o bem pode vencer o mal.
Nas suas “Memórias da Segunda Guerra Mundial”,
obras pelas quais recebeu o Nobel de Literatura em 1953, há uma passagem onde
revela o caráter hipócrita de alguns noruegueses: enquanto a Inglaterra
ameaçava a Alemanha caso invadisse a Noruega, uma missão da Marinha britânica
flagrou militares noruegueses dando cobertura, por meio de mentiras, a alemães
que mantinham 300 marinheiros ingleses aprisionados nos porões de uma
embarcação de Hitler. E o governo da Noruega sabia de tudo e colaborava com os
nazistas.
Nestas últimas semanas, os Ministérios Públicos
Federal e Estadual flagraram diversos crimes contra a humanidade perpetrados
pela mineradora noruguesa Hydro, após mais um de uma série de dezenas de
vazamentos/derramamentos de rejeitos químicos em que ela sempre sai impune, sem
pagar qualquer multa ou sem que algum dos seus executivos, brasileiros ou
noruegueses, seja preso.
Foi descoberto um dreno/sangradouro por onde a
Hydro despejava diretamente rejeitos químicos contendo enorme quantidade de
metais pesados (em especial o chumbo, veneno causador de câncer e diabetes) em
rios e igarapés que banham dezenas de comunidades em Barcarena, águas que
também se espalham pelas bacias hidrográficas e chegam às torneiras da
população da Grande Belém. Mesmo diante das evidências que a própria mineradora
foi obrigada a reconhecer, o governador Simão Jatene em pessoa continua a
afirmar inexistir irregularidades na empresa e afirma que a poluição e as
doenças são causadas pelas chuvas.
Foi necessário que o Ministro do Meio Ambiente
determinasse ao IBAMA o embargo das atividades da mineradora, assim como o juiz
de Direito de Barcarena Iran Sampaio.
Agora, a Fiepa e o governo Jatene estão fazendo
coro em tentar convencer a população do Pará a aceitar o produto de uma
matemática macabra dos noruegueses da Hydro: a mineradora ameaça demitir 4 mil
empregados (detalhe, quase todos não são paraenses) se o Ibama e o juiz de
direito de Barcarena Iran Sampaio continuarem a impedir que ela siga despejando
nos rios e igarapés os rejeitos químicos da bacia DRS 2. Começa-se a
perceber que uma parte da imprensa começou a fazer coro, ressaltando a perda
dos empregos, e quase nada dizendo ou dando pouca importância ao envenenamento
humano, ao risco de desastre ambiental e a toda a corrupção governamental
envolvida na questão.
Em 1940, quando tudo parecia perdido diante da
mortífera máquina de guerra nazista, Winston Churchill fez um memorável
discurso que elevou o moral do povo inglês. Disse que os britânicos lutariam em
todo e qualquer lugar, de qualquer forma. E resumiu: “Nós nunca vamos nos
render” (We shall never surrender).
Aos executivos da Hydro, que envenenam nossas
águas com a mesma frieza letal dos nazistas, nós paraenses e brasileiros
devemos mostrar que também nós nunca
vamos nos render!
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