Pessoas fuziladas em julgamentos sumários, às
vezes ditados por uma pessoa só.
Opositores presos, quando não executados sem
formação de culpa.
Judiciário primeiramente acuado e depois, praticamente
eliminado.
O Legislativo finalizado.
Milícias paramilitares espalhando o medo, o
terror, os justiçamentos.
Praticamente todas as áreas de entretenimento e
lazer fortemente tributadas, tornando proibitivos os preços dos ingressos de
qualquer diversão e forçando, com isso, a população ficar em casa.
Universidades com suas instalações confiscadas
para se transformarem em campos de concentração.
Espiões em toda parte.
Imprensa completamente subjugada.
Um jornalista, Doremus Jessop, nos limites de
sua impotência para denunciar atrocidades que fatalmente vão força-lo a trilhar
caminhos de resistência que ele provavelmente nunca imaginaria ser capaz de
trilhar.
Essa ditadura, essa tirania sanguinária, fundada
por Buzz Windrip, um político vaidoso, falastrão, xenófobo, racista e demagogo
compõe uma verdadeira fábula sobre os limites a que pode chegar a abulia de uma
sociedade que se recusa a perceber e admitir que os instrumentos da democracia
podem servir, perfeitamente, para que ditadores e tiranos sanguinários cresçam,
apareçam e subvertam a democracia.
É por isso que Não vai acontecer aqui torna-se leitura obrigatória, nestes dias em
que um Donald Trump, por exemplo, oferece fartas demonstrações de seus pendores
autocráticos. E todo mundo, ou pelo menos a maioria dos americanos achava que
isso não aconteceria lá, ou seja, que ele não seria presidente dos Estados
Unidos.
Pois no livro que escreveu em 1935, antes mesmo
que o mundo conhecesse os horrores do nazismo e do fascismo durante a Segunda
Guerra Mundial, Sinclair Lewis, o primeiro escritor norte-americano a ganhar um
Nobel de Literatura, mostra que ninguém acreditava que isto pudesse acontecer
lá: uma figura como Buzz Windrip ganhar as eleições presidenciais e transformar
a democracia numa ditadura.
Não
vai acontecer aqui é imprescindível como advertência para que
ninguém se iluda com as fragilidades inerentes ao regime democrático.
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