quarta-feira, 3 de março de 2021

Lockdown, lockdown, lockdown. É disso que precisamos. Para que a vida triunfe. E a economia também.

Helder e prefeitos durante o anúncio do decreto: restrições são necessárias, mas insuficentes
para reverter, rápida e eficazmente, o aumento avassalador do contágio de Covid-19 no Pará

Lockdown, lockdown, lockdown.

Dia e noite, noite e dia. Pelo menos por duas semanas.

É disso, sinceramente, que precisamos para superar, ou pelo menos minimizar, este momento horrível - o mais tenebroso, o mais trágico, atroz, cruel e letal já enfrentado durante este primeiro ano de pandemia.

O governador Helder Barbalho e prefeitos da Região Metropolitana de Belém fizeram, reconheça-se por justiça, o mínimo que poderia ser feito quando anunciaram, nesta terça-feira (02), a edição de um decreto, em vigor a partir desta quarta (03), estabelecendo uma série de medidas de endurecimento para frear o contágio avassalador do Covid-19 nos 144 municípios paraenses.

O decreto, sabe-se, prevê durante pelo menos sete dias o bandeiramento vermelho (que significa alto risco de contágio) em todas as regiões do Pará, o toque de recolher entre 22h e 5h e restrições para o funcionamento de estabelecimentos comerciais em vários segmentos da atividade econômica.

Repita-se: o decreto era necessário, mas contém o mínimo para este momento assustador da pandemia. Portanto, é insuficiente para reverter o quadro aterrador, em que mais de 257 mil brasileiros já morreram (dentre eles 8,6 mil paraenses) e 10,6 milhões estão infectados (366,6 mil no Pará).

O que fazer, então?

Dilema - Para responder a essa pergunta, vem aquele dilema: se fechar tudo, pessoas poderão morrer de fome, porque milhares e milhões, para trabalhar, precisam sair de casa e, em muitos casos, enfrentar aglomerações - o caso de feirantes, por exemplo; do contrário, se tudo continuar funcionando, ainda que com restrições, não cairão nem o número de infectados, nem tampouco o número de mortes.

Mas sempre imaginei o seguinte: a economia é sustentada por pessoas, por gente, por seres humanos. São cidadãos e cidadãs, de carne e osso, que vão à feira, ao supermercado, ao restaurante, ao bar, à padaria, ao açougue... São eles e elas que fazem, como se diz, a roda da economia girar.

Se não tem gente para consumir, não tem atividade econômica, não é?

Se pessoas morrem, não podem comprar o pão, nem tomar a breja no bar da esquina, nem comprar a carne para o churra no fim de semana, nem o açaí com peixe frito no Veropa. E não podem consumir porque, repita-se, já morreram.

De outra forma: convém assegurar que as pessoas estejam vivas para que possam consumir qualquer coisa.

Isso não é lógico?

Não é um fato - incontornável, indesmentível, irretorquível?

Preço mínimo - Se é um fato - e, acredito, ninguém haverá dizer que não é -, então fica claro de decretar um lockdown, mesmo em prejuízo - temporário, passageiro, eventual, episódico - da atividade econômica é um preço mínimo que se deve pagar que possamos comemorar várias vitórias: a contenção do aumento do número de casos, a descompressão do sistema hospitalar público e privado, a preservação de vidas humanas e, por último mas não menos importante, o reaquecimento da atividade econômica.

Sabe-se que decretar um lockdown não é uma decisão fácil, e muito menos confortável para nenhum gestor público - nem prefeitos, nem governadores (não falo em presidente da República porque, no caso, não temos presidente da República).

Mas gestores públicos estão, inevitavelmente, cingidos, agrilhoados, sob as amarras de deveres dos quais não podem fugir, principalmente em momentos cruciais, quando estão em jogo a vida de milhares, milhões de pessoas.

Coragem - Por causa disso, por imposição desse ônus advindo das funções que exercem, administradores públicos precisam ter a coragem de adotar, quando necessário, medidas sem dúvida alguma impopulares. Para fazê-lo, convém que analisem os prejuízos de não adotá-las, sopesando-os aos ganhos de adotá-las.

Diante do quadro dramático que hoje se verifica no Pará e no Brasil e diante das experiências de outros países que já decretaram o lockdown (como o Reino Unido, onde a queda de novos contágios e de mortes vem caindo vertiginosamente), não existe, sinceramente, outra alternativa senão recorrer à medida extrema: fechar tudo para reverter, de imediato, as curvas crescentes da pandemia.

Protestos em frente à residência de Ibaneis Rocha, após ser decretado o
lockdown no DF: esse é um ônus que administradores públicos devem
enfrentar, quando se faz necessário adotar medidas impopulares
Por conta do negacionismo, do bolsonarismo e do fanatismo, decretar lockdowns virou praticamente um anátema, uma sentença de morte, uma rendição de maricas a uma gripezinha qualquer. Não à-toa, Bolsonaro, esse presidente faz-de-conta, postou em suas redes sociais imagens de protestos em frente à residência do governador Ibaneis Rocha, tão logo foi decretado o lockdown de duas semanas no Distrito Federal.

Mas negacionistas, bolsonaristas e fanáticos serem contra o lockdown é um sinal - evidente, insofismável, indiscutível - de que o lockdown é necessário e indispensável nesta hora, porque é a única alternativa que nos resta para reduzir a tragédia que se descortina diante de nossos olhos.

O governo do estado e os prefeitos paraenses (pelo menos os de municípios em que o contágio se mostrar mais acelerado e a rede hospitalar estiver em colapso iminente) deveriam, com urgência, debruçar-se sobre questões como as aqui expostas para avaliar a conveniência de decretarem um lockdown de duas semanas.

Lockdown, lockdown, lockdown.

É disso que precisamos, meus caros.

Para que a vida triunfe.

E a economia, consequentemente, também.

3 comentários:

José Rodrigues disse...

Não tem outro caminho, Paulo!
Tipo de decisão mais adequada para este momento. Agora tem que ser macho para adotar essa medida.

Poster disse...

Pois é, meu caro.
"Quedê" coragem, né?
Preservar vidas deveria ser a motivação para inspirar essa coragem.
Mas poucos, parece, estão preocupados em preservar vidas em meio a essa tragédia hororrosa.

Anônimo disse...

Precisamos também de educação de alta qualidade. Estilo Alemanha e Helsinki.

Há políticas que são puro populismo e mau gosto enorme em termos culturais e educacionais.

Há de se defender, sobretudo, nossa educação. Alta-cultura nas escolas. Villa-Lobos. Machado de Assis etc.

Educação! Sempre educação!
Mas as escolas estão paradas. EaD (à distância) não ensina nada a ninguém. É igual ao Partido dos Trabalhadores. o PT. Enganação.

Além disso do Corona, há a nossa enganação emotiva diária. Observe:
Com a “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
E não esquecer. Eis:
Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, hercúlea, mas aparentemente dominados e encantados! apenas pelo nome de um só homem [lula] cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só (lula –, o vigarista apedeuta).

O PT é puro mau gosto enorme. Nivela tudo por baixo. Sobretudo a educação das curuminhas e dos curumins.

“Muito engana-me, que eu compro”.
Em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis.

E o PT®?

Qual o poder constante de sua propaganda ininterrupta?

Eis:
Vive o PT© de clichês publicitários bem elaborados por marqueteiros. Estilo do brilhante e talentoso João o Milionário Santana. Nada espontâneo.